Mercado em modo autodefesa
- Olívia Bulla
- há 1 dia
- 2 min de leitura

O Ibovespa subiu firme desde a volta do feriado prolongado no Brasil, em um movimento alinhado aos ganhos das bolsas de Nova York depois do tombo na segunda-feira (21). Com isso, a bolsa brasileira zerou as perdas desde o tarifaço de Trump e está a menos de 4% de sua máxima histórica em pontos. O dólar também caiu e já está na faixa de R$ 5,70.
Agora, se os investidores acham que todo esse movimento no mercado financeiro ocorreu só porque Donald Trump recuou e não vai demitir Jerome Powell do Federal Reserve ou porque o presidente dos Estados Unidos disse algo legal sobre a China, bem, certamente os mercados acreditam em contos de fadas. Então, não deve ser esse o caso.
Como já dito aqui, os investidores evitaram o trade de que Powell seria demitido, mas ficaram felizes em ver alguém com autoridade dizer o que os mercados queriam ouvir. O Fed precisa voltar a cortar os juros para evitar uma recessão da economia dos EUA. Até porque a pressão sob a inflação, por causa do aumento das tarifas, é inevitável.
Espere por alguma mudança de postura dos dirigentes de política monetária em breve. Talvez o próximo dot plot, como é chamado o gráfico de pontos que contempla as projeções das principais variáveis econômicas de todos os membros do Fed, traga novidades em junho. Quando isso acontecer, provavelmente surgirão vozes dizendo: “por que só agora?”
Mas não, essa indagação não virá da Casa Branca. Fato é que os mercados adoraram a perspectiva de voltarem a poder criticar ferozmente e se opor aos bancos centrais, em especial o Fed, ao invés de autoridades eleitas fazerem isso. A ver, então, se os players vão começar a se antecipar e precificar cortes à altura da verborragia de Trump.
Ao que tudo indica, o movimento não será escancarado. Tanto que os futuros dos índices acionários norte-americanos amanheceram em baixa, após um forte rali de dois dias. O índice DXY e o juro projetado das Treasuries também recuam. Já o ouro tem recuperação firme, depois da queda diária mais acentuada em anos.
Assim, os investidores seguem desconfiados e sabem que a guerra comercial está longe do fim. Fato é que a arquitetura econômico-financeira centrada nos EUA não é mais confiável e pode desabar a qualquer momento, levando boa parte do mundo consigo. É portanto uma estratégia de autodefesa, com os mercados evitando entrar em colapso.
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