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Dia de BCs


A quarta-feira de decisões dos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos começa tensa, por causa da decepção dos investidores com o balanço da Apple. A gigante de tecnologia registrou a primeira queda nas vendas em uma década e o resultado financeiro decepcionante pesa no exterior. As bolsas asiáticas caíram e os índices futuros em Nova York estão em baixa, enquanto as principais bolsas europeias oscilam na linha d'água.

Porém, o petróleo segue nos maiores níveis em cinco meses, estendendo o rali acima de US$ 44 o barril, ao passo que o dólar tem desempenho misto ante os rivais e as Treasuries interrompem sete dias seguidos de queda. Nas moedas, o destaque é a queda de mais de 1% do dólar australiano, após o inesperado recuo nos preços ao consumidor estimular apostas por cortes de juros pelo BC local (RBA).

As demais divisas emergentes ganham terreno, na esteira do avanço do petróleo. A commodity tem dado suporte ao apetite por risco, muito embora as três empresas mais valiosas do mundo - Apple, Alphabet e Microsoft - tenham anunciado balanços ruins, minando a expectativa de que os lucros das maiores empresas dos EUA seriam resistentes.

Por sua vez, na China, o lucro da indústria registrou a maior alta desde julho de 2014, em mais uma evidência dos sinais de estabilização do setor no país. O lucro industrial subiu 11,1% em março, em relação a um ano antes, a 561,2 bilhões de yuans (US$ 86,5 bilhões).

Nos dois primeiros meses de 2016, a alta havia sido modesta, de 4,8%, na mesma base de comparação. A aceleração, no período, deve-se ao aumento das vendas, aos preços mais elevados, além de cortes de custos e ganhos de investimentos.

Mas o dia é do Federal Reserve, à tarde, e do Comitê de Política Monetária (Copom), à noite. Nenhum dos dois deve mexer nos juros hoje, mas, em ambos os casos, são esperadas sinalizações sobre os próximos passos.

Ainda assim, o Fed não deve roubar a cena dos seus congêneres no Japão (BoJ) e no Brasil (Copom), chamando para si a atenção em relação à condução da política monetária. Até porque, a estratégia dura (“hawkish”) do Banco Central dos EUA é oposta à flexibilização suave (“dovish”) adotada pelo BoJ e também pelo BC da zona do euro (BCE).

De qualquer forma, a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) termina primeiro, às 15h, e deve trazer pistas sobre a possibilidade de um aperto dos juros norte-americanos em junho. As apostas para um aumento nas taxas dos Feds Funds no próximo encontro do Fed giram em torno de 80%, sendo que qualquer mudança do Fed será acompanhada com atenção, com efeitos massivos no dólar e nas bolsas.

Mas a autoridade monetária dos EUA deve aguardar a decisão, amanhã, do BC japonês, quando deve lançar mão de uma nova rodada de estímulos. Após ter surpreendido, no início do ano, com a adoção de juro negativo no país, a previsão é de que o BoJ irá expandir a compra de títulos públicos e fundos negociados em bolsa, mantendo a taxa em -0,1%.

Por aqui, permanece a expectativa de alteração do voto dos dois membros dissidentes do Copom, até então favoráveis à alta, migrando agora para a manutenção do juro, decisão que deve ser unânime. Essa mudança abriria espaço para um corte na taxa Selic no futuro, ainda em 2016, podendo ser acompanhada também de alguma novidade no comunicado.

O anúncio será feito após o fechamento do mercado doméstico. Antes, às 12h30, o BC informa os números semanais do fluxo cambial. Logo cedo, a Fipe informou que seu IPC desacelerou a 0,60% na terceira leitura do mês, de 0,75% na prévia anterior.

Na safra de balanços, destaques para as empresas do setor de papel e celulose, Fibria e Suzano, antes da abertura do pregão local, além dos números trimestrais do Santander. Após o fechamento, chama atenção o resultado financeiro da Natura.

Entre os indicadores econômicos no exterior, destaque para dados do Japão sobre atividade, inflação e emprego, que devem aquecer as apostas para o anúncio do BoJ, na virada do dia. Nos EUA, saem apenas as vendas pendentes de imóveis em março (11h), antes do Fed.

Pela manhã, na Europa, o Reino Unido informou que o Produto Interno (PIB) cresceu 0,4% nos três primeiros meses deste ano, em relação ao último trimestre de 2015, dentro do esperado. A libra avançou para além da marca de US$ 1,45, em reação ao dado. Na Alemanha, sai o índice de confiança do consumidor, referente ao próximo mês.

Já na política brasileira, com a primeira sessão de trabalho da comissão especial do impeachment no Senado, começa a contar o prazo para a votação do parecer indicando a continuidade do processo contra o mandato da presidente Dilma Rousseff. A comissão deve votar o relatório de Antonio Anastasia no dia 6 de maio.

Independente do resultado no colegiado, esse mesmo texto será submetido ao plenário do Senado, provavelmente no dia 11 de maio, quando precisará de maioria simples entre os 81 senadores da Casa para afastar Dilma do cargo por 180 dias. Com as Olimpíadas em agosto e as eleições em outubro, a decisão final do Congresso pode ocorrer em setembro. Até lá o vice-presidente, Michel Temer, assume temporariamente.

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