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Dia de PIB no Brasil e tensão em Brasília começa com China


A China voltou a dar sinais de desaceleração da indústria em novembro, que caiu ao menor nível em três anos, ao mesmo tempo em que o setor de serviços no país ficou mais robusto, conforme as leituras oficiais dos índices dos gerentes de compras (PMI) desses setores. Mas o dado chinês é apenas um aperitivo do que reserva esta terça-feira para os mercados financeiros, em meio ao clima tenso em Brasília e em dia de divulgação do PIB do Brasil.

O PMI da indústria chinesa escorregou a 49,6 em novembro, no nível mais baixo desde agosto de 2012, ante leitura de 49,8 em setembro e em outubro e contrariando uma nova previsão de estabilidade. Já o PMI não-manufatureiro, que se refere ao setor de serviços, subiu a 53,6 no mês passado, de 53,1 no mês anterior. O dado mostra que a segunda maior economia do mundo segue enfrentando riscos para alcançar a meta de crescimento do ano.

Ainda assim, o dia é de recuperação dos ativos mais arriscados no exterior, diante da percepção de que o dólar, principalmente, já precificou boa parte do primeiro aperto dos juros nos Estados Unidos desde 2006 agora em dezembro. A moeda norte-americana perde terreno ante as 10 principais moedas rivais de países desenvolvidos, enquanto as divisas de países emergentes se fortalecem, diante da perspectiva de um ritmo gradual pelo Fed.

Esse movimento tende a beneficiar o real brasileiro, que ontem viu o dólar voltar a testar a marca de R$ 3,90, mas investidores locais seguem lidando com o clima de apreensão nos negócios, dada as incertezas no ambiente político, o aperto nas contas do governo e os desdobramentos da Operação Lava Jato que envolvem o BTG Pactual. Ciente disso, o Banco Central reforçou os leilões de linha no câmbio hoje.

Tais fatores elevam a expectativa pela votação da pauta fiscal no Congresso nesta semana. Segundo o vice-presidente da República, Michel Temer, o governo vai mobilizar a base aliada para tentar votar o projeto que altera a meta fiscal de 2015 ainda hoje. A presidente Dilma Rousseff, por sua vez, comanda pessoalmente uma reunião com os líderes, às 11 horas, para apelar pela aprovação do projeto, considerado “prioridade zero”. Antes, ela se reúne com o ministro-chefe da Casa Civil, Jacques Wagner.

Na Câmara, porém, a intenção do presidente da Casa, Eduardo Cunha, é decidir se defere ou não os principais pedidos pelo impeachment contra o mandato de Dilma assim que esclarecer as denúncias envolvendo o deputado e a aprovação de uma emenda a uma medida provisória (MP) que beneficiou o BTG. Para Cunha, o vazamento de que ele teria recebido R$ 45 milhões do então banco de André Esteves foi motivado pelo anúncio prévio de que ele daria ontem o parecer sobre o afastamento da presidente.

A expectativa é de que Cunha anuncie sua decisão sobre os pedidos contra Dilma após a reunião do Conselho de Ética, em que será votada o parecer sobre a quebra de decoro do parlamentar. A ideia é pressionar deputados da base aliada, principalmente do PT, a votarem para salvar o peemedebista e livrá-lo do processo que pode levar à cassação.

Na Bovespa, os dados chineses, por si só, já são suficientes para agitar o pregão, um dia após a Bolsa brasileira fechar no menor nível desde 30 de setembro, acumulando perdas de 1,6% em novembro, depois de ter chegado a subir mais de 5% no mês passado. Mas o sinal positivo prevalece entre as bolsas internacionais, com ganhos acelerados nos índices futuros das bolsas de Nova York e também nas principais bolsas europeias, antes das reuniões de política monetária nos Estados Unidos e na zona do euro neste novo mês.

Na Ásia, o sinal positivo também prevaleceu, sendo que Xangai registrou os menores ganhos, de ligeiro 0,3%, com os dados de atividade ofuscando a decisão do Fundo Monetário Internacional (FMI) de incluir o yuan chinês em uma cesta referencial de moedas global - na companhia apenas do euro, do dólar, do iene e da libra. Hong Kong subiu mais de 1,5%, enquanto Tóquio teve alta um pouco menor, de 1,3%.

Ainda na região Ásia-Pacífico, destaque para as decisões de juros dos bancos centrais da Índia (RBI) e da Austrália (RBA). Ambos mantiveram suas respectivas taxas, em 6,75% e no mínimo histórico de 2%, a fim de monitorar o cenário prospectivo para a inflação. As decisões eram amplamente esperadas.

Mas o destaque desta terça-feira deve ficar mesmo com os dados do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, que deve ter seguido em queda livre na segunda metade de 2015, embora em um ritmo menor. A mediana das expectativas de economistas é de recuo de 1,3% da economia nacional entre julho e setembro deste ano em relação aos três meses imediatamente anteriores.

No segundo trimestre de 2015, o PIB nacional caiu 1,9%, no maior tombo desde o colapso do Lehman Brothers, entre 2008 e 2009. Já no confronto anual, o PIB deve ter 4,3%, no sexto trimestre consecutivo de retração, nessa base de comparação, e no maior recuo da série histórica. Os números efeitos serão divulgados às 9 horas, pelo IBGE.

Antes, às 8 horas, sai o resultado de novembro do IPC-S. Ainda na agenda local, às 15 horas, saem os números de novembro da balança comercial. No exterior, dados de atividade nos Estados Unidos e na zona do euro recheiam o calendário econômico do dia. Além disso, as fabricantes de veículos norte-americanas divulgam suas vendas no mês passado.

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