Mercados se preparam para semana intensa
A última semana de outubro começa com os mercados financeiros ainda se ajustando ao sexto corte nas taxas de juros da China desde novembro, o que deve levar as bolsas asiáticas à melhor performance mensal desde 2009. O apetite por risco, porém, é inibido pela cautela dos investidores com o que está por vir, com destaque para a decisão do Federal Reserve, na quarta-feira, um dia antes da divulgação do PIB dos EUA.
No Brasil, o risco político segue no radar, mas a ausência de novidades no noticiário durante o fim de semana pode adiar a questão do impeachment para o ano que vem, deixando a pauta econômica em primeiro plano. A expectativa do mercado doméstico segue na definição da nova meta fiscal para 2015, que ainda não foi anunciada. O tema pode entrar na discussão da tradicional reunião de coordenação política, às 9 horas.
Na agenda do dia, também saem as tradicionais publicações de segunda-feira, a saber: o Relatório Focus (8h30) e os dados semanais da balança comercial (15h). Às 8 horas, saem o IPC-S semanal e a sondagem do consumidor em setembro e, às 14h30, é a vez da sondagem da construção no mesmo mês. Na safra de balanço, hoje tem Klabin logo cedo e CTEEP após o fechamento do pregão local.
Mas o destaque do calendário doméstico na semana fica com ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na semana passada, que sai na quinta-feira. No documento, os investidores seguirão atentos ao balanço de riscos do Banco Central, agora que o plano de voo para convergir a inflação à meta ao final de 2016 foi abandonado.
Também são esperados os dados fiscais no mês passado, com o BC publicando os números do setor primário consolidado na sexta-feira. Amanhã é a vez da nota de política monetária. Ainda em destaque, os balanços de Embraer (3ªf), Bradesco e siderúrgicas (5ªf) e Ambev (6ªf).
Já no exterior, os mercados internacionais estão em compasso de espera pela reunião de política monetária do Fed. A grande questão em torno do encontro é se o BC dos EUA ainda irá sugerir que haverá algum movimento nos juros norte-americanos em dezembro. Mas os analistas não esperam por nenhuma pista e apostam que uma leitura mais fraca no PIB do país no trimestre passado irá manter o Fed em pausa neste mês.
A precificação nos Fed Funds de aperto nesta semana gira em torno de 6%. Nesta manhã, a T-note de 10 anos e os índices futuros das bolsas de Nova York oscilam entre margens estreitas, porém, com um ligeiro viés negativo. A agenda norte-americana chegue recheada de indicadores do setor imobiliário, com o anúncio hoje, às 12 horas, das vendas de imóveis novos em setembro.
Dados de atividade e sobre a confiança do consumidor nos EUA são esperados ao longo da semana. Na Europa, que saiu do horário de verão no último fim de semana - distanciando-se um pouco mais do horário de Brasília - serão conhecidos dados sobre inflação e emprego até sexta-feira, além do PIB do Reino Unido, amanhã.
À espera desses números, as principais bolsas europeias também têm oscilação estreita, sem um rumo definido. Na Ásia, por sua vez, as atenções se voltam para a reunião de política monetária do Banco Central do Japão (BoJ), na sexta-feira, da qual é esperada uma rodada renovada de estímulos monetários.
Já o anúncio de corte nas principais taxas de juros da China, na semana passada, levou a Bolsa de Xangai ao maior nível em dois meses hoje, ao subir 0,51%, ao passo que o rendimento do bônus chinês de 10 anos caiu ao menor nível desde 2009. Os líderes de Pequim reúnem-se a partir de hoje para mapear os planos para a segunda maior economia do mundo nos próximos cinco anos, que será marcado por uma era de crescimento abaixo de 7% desde a abertura do país nos anos 70, por Deng Xiaoping.
Os demais mercados asiáticos pegaram carona em Xangai e subiram, com +0,65% em Tóquio e +0,40% em Seul. A exceção ficou com Hong Kong, que cedeu 0,25%. Na Austrália, a Bolsa de Sydney fechou com alta moderada, de +0,3%. Entre as moedas, o dólar segue perdendo terreno nesta manhã, o que traz algum alívio às commodities, que ensaiam ganhos.