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China assusta e Câmara tem pauta-bomba


Os mercados domésticos acompanham hoje as pautas a serem votadas no Congresso Nacional, com a Câmara dos Deputados colocando em votação mais uma pauta-bomba, sobre a remuneração do FGTS pela poupança, ao passo que o Senado tenta passar a reoneração da folha de pagamentos. É a política ainda ditando o tom dos negócios locais, mas sem descuidar do exterior, onde a China assustou mais uma vez.

A Bolsa de Xangai caiu 6,15% hoje, no maior recuo em três semanas - ou desde daquele tombo de 8,5% em 27 de julho. O movimento foi impulsionado pelo temor dos investidores de que Pequim irá reduzir os esforços para estimular o mercado de ações no país. A Bolsa de Hong Kong caiu 1,43%, enquanto Tóquio cedeu 0,32%.

Os investidores passaram a reduzir as expectativas por novas medidas de estímulo na China após dados robustos sobre o mercado imobiliário, que passou a dar sinais de retomada, e também diante da maior injeção de recursos no sistema financeiro pelo Banco Central chinês (PBoC) em 18 meses, o que inibe as chances de um novo corte no compulsório bancário.

Nos números, o preço de casas novas em julho subiu em 31 cidades chinesas das 70 monitoradas, de 27 no mês anterior. Houve queda de preços em 29 cidades, enquanto em 10 o valor dos imóveis seguiu inalterado. Foi a primeira vez em 16 meses que os preços das casas que subiram ultrapassou aqueles onde caiu. Já o PBoC injetou 120 bilhões de yuans (US$ 18,8 bilhões) no sistema, por meio dos acordos de recompra reversa de sete dias. A taxa de juros da operação no mercado aberto seguiu em 2,5%.

O efeito chinês foi sentido, principalmente, nos mercados emergentes, diante da continuidade do selloff entre as ações e moedas desses países. As moedas da Austrália e do México seguem mais fracas ante o dólar, assim como o rublo russo, ao passo que o baht tailandês tocou o nível mais baixo desde 2009, penalizado ainda pelo atentado em Bangkok. O índice MSCI de mercados emergentes é negociado na mínima em quatro anos.

No Ocidente, o sinal negativo também prevalece. As principais bolsas europeias estão no vermelho nesta manhã, após uma tentativa de melhora ontem, que mostrou ter vida curta. A Bolsa de Frankfurt está entre as mais prejudicadas pelo efeito China, acumulando perdas pelo terceiro dia seguido, com uma queda recorde de 12% no período.

Os índices futuros das bolsas de Nova York também estão no campo negativo, fragilizados ainda pela queda livre nos preços do petróleo. O WTI segue negociado nos níveis mais baixos desde 2009, em meio às apostas de que o estoque norte-americano da commodity alcançará a marca de 90 milhões de barris, superando a média de cinco anos para esta época do ano.

A agenda econômica desta terça-feira está mais cheia, no Brasil e nos Estados Unidos, porém sem grandes indicadores de peso. Lá fora, nesta véspera de divulgação da ata da reunião de julho do Federal Reserve, chamam atenção os dados sobre o setor imobiliário norte-americano no mês passado, às 9h30. A estimativa é de alta de 1,4% na construção de novas moradias, mas recuo de 9,0% nas licenças para novas construções.

Por aqui, destaque para a segunda prévia do mês do IGP-M (8h) e também para a pesquisa mensal de serviços do IBGE em junho (9h). Pela manhã, a Fipe informou que seu IPC manteve o ritmo de alta e subiu 0,83% na segunda leitura do mês, ante taxa de 0,84% na anterior e de previsão de alta de 0,80%.

Mas o grande destaque da agenda do dia é a participação do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, em evento de equities promovido pelo Santander Brasil. O evento é fechado com investidores, mas Levy deve falar com os jornalistas por volta das 14h30.

Além disso, em Brasília, o governo tenta manter a estratégia de reaproximação com o Congresso, neste dia em que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, deve votar o projeto que propõe a remuneração das contas do FGTS pelo rendimento da poupança. Já no Senado, o presidente Renan Calheiros tenta garantir a medida mais importante do ajuste fiscal, sobre o fim das desonerações às empresas, e cuja receita já era dada como perdida pelo Palácio do Planalto, diante da crise com o Legislativo.

Ontem à noite, a presidente Dilma Rousseff reuniu-se com os dez vice-líderes do governo na Casa e pediu para que eles deixem as "querelas partidárias de lado", argumento que a aprovação de projetos que aumentam as despesas federais resultará em outros projetos de aumento de tributos - o que não é desejável. Dilma também sinalizou apoio a medidas de uma "agenda positiva para o Brasil". Para Renan, essa agenda é uma tentativa de afastamento da crise - não uma aproximação política.

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