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Dia cheio


O dia dos mercados domésticos começa olhando pelo retrovisor. Afinal, na noite de quinta-feira, a Petrobras anunciou uma queda de quase 90% no lucro líquido, para cerca de R$ 530 milhões - bem abaixo da previsão mais pessimista, em torno de R$ 4 bilhões. Horas depois, a presidente Dilma Rousseff participou do programa partidário do PT, que foi acompanhado de um novo “panelaço” pelo Brasil.

Em rede nacional de rádio e TV, Dilma e seu partido pediram apoio à população contra a “grave crise política” que atinge o país, em meio à articulação do PMDB em torno do impeachment da presidente. Dilma afirmou que a democracia está em risco e acusou a oposição do PSDB de “tumultuar” a política. Também na TV, veicula uma propaganda em que o partido opositor ao governo convoca uma mobilização para o dia 16.

Em outro front, o governo federal busca apoio da elite empresarial do país, a fim de conter a crise. Dilma chamará Jorge Gerdau, Abílio Diniz e outros líderes do setor para um encontro. Hoje, porém, ela viaja para Roraima, onde participa de cerimônia de entrega de unidades habitacionais do Minha Casa, Minha Vida.

Apesar de o foco dos negócios estar cada vez mais concentrado na política, a agenda doméstica desta sexta-feira chama a atenção para a divulgação da inflação oficial ao consumidor no mês passado, medida pelo IPCA. A expectativa é de que a taxa desacelere em relação ao apurado em junho, quando o indicador registrou a maior alta para o mês desde 1996. Ainda assim, se confirmada a mediana das expectativas, de +0,60%, será a maior taxa em julho desde 2004.

Juntamente com os dados do IPCA, saem os números do INPC e dos custos da construção. Também serão conhecidos os dados regionais da produção industrial nacional. Antes, às 8 horas, a FGV informa o resultado de julho do IGP-DI e as previsões são de leve desaceleração para 0,64%, de +0,68% em junho.

Os dados sobre os preços no varejo brasileiro tendem a dar pistas sobre o Banco Central local. Após o Comitê de Política Monetária (Copom) não descartar totalmente ontem, na ata, que a Selic pode voltar a subir, a dúvida é se a manutenção do juro básico em 14,25% conseguirá convergir a inflação à meta no fim de 2016 – ainda mais agora, com o dólar nas alturas.

Ontem, o segmento BM&F registrou recorde de 395.509 negócios, após o Copom sinalizar fim de alta do juro, mas prometer que seguirá vigilante. Já a moeda norte-americana subiu ontem pelo sexto dia seguido, renovando o maior nível desde março de 2003. Mas o diretor do BC Aldo Mendes salientou que o “preço do dólar está claramente esticado”.

A Bovespa, por sua vez, fará os ajustes necessários na ação da Petrobras. A estatal petrolífera afirmou que o resultado fraco foi afetado, entre outros fatores, por uma baixa contábil de R$ 1,28 bilhão, devido à exclusão de projetos da carteira de investimentos contemplada no plano de negócios e gestão de 2015 a 2019.

A companhia encerrou o primeiro semestre deste ano com uma dívida líquida de R$ 323,9 bilhões. Apesar do valor elevado, a Petrobras utilizou, pela primeira vez, o método mais usado pelo mercado para cálculo da alavancagem e, segundo o modelo que considera o Ebtida ajustado acumulado nos últimos 12 meses, esse nível era de 4,64 vezes ao final do segundo trimestre – em março deste ano, a alavancagem era de 5,01 vezes.

Mas hoje o exterior também deve exercer forte influência sobre o mercado doméstico, pois é dia de divulgação do sempre aguardado relatório oficial sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos. Como geralmente ocorre neste dia, os mercados internacionais estão em compasso de espera pelo chamado payroll.

Os mercados asiáticos fecharam em alta hoje, impulsionados pelos ganhos de 2,25% da Bolsa de Xangai, que subiu pela primeira vez em três dias, mas conseguiu zerar as perdas da semana. Especulações de que Pequim irá adotar mais medidas embalaram também os negócios em Tóquio (+0,29%) e em Hong Kong (+0,71%).

Já as principais bolsas europeias estão no vermelho, assim como os índices futuros das bolsas de Nova York, no aguardo do dado dos EUA. O documento pode fornecer a última pista necessária para calibrar as apostas de que a primeira alta dos juros norte-americanos em mais de nove anos ocorrerá mesmo em setembro.

Os números serão conhecidos às 9h30 e a expectativa é de abertura de 220 mil vagas em julho, de 223 mil no mês anterior, ao passo que a taxa de desemprego deve seguir em 5,3%. O resultado efetivo pode ser um ponto crítico na análise do Federal Reserve, que se mostrou dependente dos indicadores econômicos para determinar o momento exato da elevação dos Fed Funds, bem como o ritmo do aperto.

À tarde, ainda nos EUA, sai o crédito ao consumidor (16h).

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