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Parece, mas não é

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    Olívia Bulla
  • há 28 minutos
  • 3 min de leitura

Recorde do Ibovespa está longe de ser real, assim como fragilidade do acordo EUA-China


Recorde do Ibovespa está longe de ser real, assim como fragilidade do acordo EUA-China
Recorde do Ibovespa está longe de ser real, assim como fragilidade do acordo EUA-China

O rali do Ibovespa veio com um dia de atraso. Enquanto as bolsas de Nova York saltaram na segunda-feira, comemorando o acordo comercial entre Estados Unidos e China, a bolsa brasileira atingiu apenas ontem novo recorde em pontos. Ainda assim, é bom deixar claro que se trata apenas de uma marca nominal histórica, aos 138.963 pontos.


Einar Rivero, da Elos Ayta Consultoria, explica que a euforia em relação ao Ibovespa perde força quando ajustado pela inflação oficial (IPCA). No caso, o índice está 27,6% abaixo do auge real, de maio de 2008. “Ou seja, apesar da pontuação recorde, o investidor que aplica com foco na preservação do poder de compra ainda não recuperou o que tinha antes da crise global”.


Se a análise for sob a perspectiva de um investidor em dólar, a diferença é ainda mais gritante, destaca Rivero. Isso porque o recorde do Ibovespa em dólar ocorreu também em maio de 2008. Considerando-se o recorde nominal de ontem, o índice de ações brasileiro em dólares está 44,6% abaixo da marca histórica na moeda dos EUA. Em outras palavras, “para o estrangeiro, o Ibovespa encolheu”.


Essa realidade mostra o porquê o Ibovespa não acompanhou a festa em Wall Street no começo da semana, quando o S&P 500 zerou as perdas acumuladas no ano. É o comportamento do dólar e dos juros futuros quem comanda os mercados no Brasil. E se a bolsa brasileira está distante dos patamares de 2008, o que dizer então da taxa Selic e, principalmente, do câmbio?


A ata do Copom ontem mostrou que o juro básico no maior nível desde 2006 já começa a frear a atividade econômica. Isso levou os investidores a deduzir que o ciclo de alta pode estar perto do fim. Ainda mais após a trégua de 90 dias entre EUA e China, que removeu um fator de incerteza no cenário internacional, ao menos no curto prazo. Resta, então, um ajuste nas expectativas de inflação no Brasil, que seguem acima da meta.


Em outras palavras, é o dólar que precisa retroceder. Ontem, a moeda norte-americana fechou em R$ 5,60, no menor valor desde outubro de 2024. Porém, no dia anterior, subiu para perto de R$ 5,70, em um movimento influenciado pela alta dos títulos dos EUA (Treasuries). Para se ter uma ideia, em 2008, quando a crise financeira eclodiu aós a quebra do Lehman Brothers, o dólar valia menos da metade desse valor: R$ 2,50.


Moral da história


Portanto, os investidores continuam fazendo negócios como antes, relegando as mudanças no cenário geopolítico. Tanto que há quem diga que o aumento do juro projetado pelo bônus norte-americano de 10 anos (T-note), que segue próximo a 4,50%, está relacionado à fragilidade do acordo comercial sino-americano. 


Mas, não, não se trata disso. O aperto de mãos entre os representantes das delegações enviadas por Pequim e Washington foi muito além do imaginado. 


Dessa forma, o que o mercado de bônus dos EUA está dizendo é que é a política econômica da Casa Branca que é frágil. Ou seja, o desfecho da reunião em Genebra invalidou toda a lógica do tarifaço de Donald Trump cerca de um mês após o Dia da Libertação. Custou, portanto, a credibilidade do presidente norte-americano. 


Também há quem diga que o Ibovespa está apenas começando a antecipar o cenário eleitoral de 2026, “com Lula em baixa e a direita se articulando para uma chapa competitiva no ano que vem”. Porém, chama atenção o fato de o presidente Lula ter sido recebido na China pelo presidente Xi Jinping logo após o acordo tão comemorado pelos mercados, do qual o líder chinês não participou. Foi o terceiro encontro entre os dois em pouco mais de dois anos. Porém, com Trump nenhum dos dois se reuniu. 


Moral da história: não dá para buscar proteção no dólar, vendo a moeda norte-americana como refúgio para proteger o patrimônio. É cada vez mais claro que é uma questão de tempo a perda do status de reserva mundial de valor. O investidor que continuar fazendo assim vai acabar tendo o mesmo resultado do Ibovespa 17 anos depois da maior crise financeira desde a Grande Depressão de 1929. 



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