Habemus acordo
- Olívia Bulla
- 12 de mai.
- 2 min de leitura
Mercado comemora redução das tarifas e pausa de 90 dias entre EUA e China

O mercado financeiro comemora o acordo comercial entre Estados Unidos e China, após a primeira rodada de conversas durante o fim de semana. Os índices futuros das bolsas de Nova York têm alta acelerada, de mais de 2%, embalados pelo salto nas ações chinesas e no yuan, que atingiu o maior valor em seis meses. O petróleo também avança.
Esse comportamento dos mercados no exterior deve ajudar o Ibovespa a buscar nova marca nominal histórica, após terminar a sexta-feira à beira do recorde. O dólar também pode ficar mais próximo da faixa de R$ 5,60, com a euforia aumentando o apetite por maior prêmio de risco.
O movimento dos ativos de risco reflete a surpresa dos investidores com o anúncio feito pelos dois lados no domingo (11) em Genebra. Diante do embargo comercial de facto em vigor e da retórica desafiadora, não era possível prever que a negociação entre as delegações de Scott Bessent e de He Lifeng terminasse com um acordo à mesa.
Em linhas gerais, as duas partes concordaram com uma pausa de 90 dias nas medidas e na redução das tarifas recíprocas em 115%. Com isso, as tarifas impostas pelos EUA à maioria dos produtos chineses passaram de 145% para 30%, enquanto as da China sobre produtos norte-americanos caíram de 125% para 10%. A redução foi maior que o esperado.
A taxa adicional de frete dos produtos importados também deve ser alterada. Os detalhes do acordo devem se tornar públicos ainda nesta segunda-feira (12). Mesmo assim, trata-se do primeiro passo nas negociações comerciais entre EUA e China nesta versão 2.0 da guerra comercial, reduzindo a tensão geopolítica e melhorando as perspectivas.
Além disso, o estabelecimento de um mecanismo de consulta indica que novas rodadas de conversas devem acontecer, tornando inútil qualquer constrangimento de a Casa Branca dizer que “está conversando” e Pequim negar. Seja como for, é estranho ouvir elogios de um lado ao outro pelo resultado final alcançado do encontro de dois dias em Genebra.
Mais que isso, parece contraditório o “sim” dado pela China para resolver o problema do enorme déficit comercial dos EUA com o país. Ao que tudo indica, o governo chinês está disposto em comprar grandes quantidades de produtos Made in America e dar algo concreto para Donald Trump se gabar.
Trata-se de uma relação de ganha-ganha. E quando as duas potências mundiais estão satisfeitas, o cessar-fogo pode ser prolongado - e não provisório. No entanto, a semana está só começando. Além de indicadores econômicos e balanços corporativos, a começar pela Petrobras hoje à noite, é bom estar de olho na estratégia “morde-assopra” de Trump.
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