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Mercado mantém tom positivo


A vitória de Theresa May no Parlamento britânico retira um dos focos de preocupação recente do mercado financeiro e abre espaço para os investidores estenderem para hoje a retomada do apetite por ativos de risco observada ontem, após notícias que reduziram a tensão entre Estados Unidos e China. A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa Selic em 6,5% pela sexta vez seguida, sinalizando juros baixos por um período prolongado, também deve ajudar a dar ritmo aos negócios locais.

No exterior, a primeira-ministra britânica sobreviveu ao voto de desconfiança sobre a liderança dela, vencendo com 200 votos a favor e 117 contra, o que dá uma sobrevida ao governo May de mais um ano e também fortalece as negociações do Reino Unido com a União Europeia (UE) em relação ao Brexit. Theresa precisava de 159 votos para continuar no cargo.

Em reação, a libra esterlina ganha terreno e é cotada acima da faixa de US$ 1,25, com a vitória de May fortalecendo o movimento de recuperação dos ativos visto ontem, em meio às perspectivas de melhora nas relações comerciais sino-americanas. Os índices futuros das bolsas de Nova York também seguem no campo positivo nesta manhã, indicando mais um dia de alta, apesar de certa desaceleração em Wall Street ontem no período da tarde.

As bolsas asiáticas também tiveram um dia de ganhos, com altas ao redor de 1% em Xangai, Hong Kong e Tóquio, ao passo que as principais bolsas europeias caminham para uma abertura no azul. Nos demais mercados, o dólar recua em relação às demais moedas, em meio à estabilização no rendimento dos bônus norte-americanos. O petróleo também avança.

Além da notícia favorável vinda do Reino Unido, também ajuda a manter o otimismo no mercado financeiro os sinais de redução das tensões comerciais entre EUA e China, após a executiva chinesa da Huawei ter sido libertada, com o presidente Donald Trump sugerindo que poderia usar sua influência no cargo para acalmar a situação. Por sua vez, Pequim também sugere que irá facilitar o acesso ao seu mercado consumidor, anunciando a primeira compra considerável de soja dos EUA desde o início das tarifações entre os dois países.

Ainda assim, essa retomada dos ativos de risco pode ser vista com desconfiança, uma vez que o mercado financeiro vinha sinalizando cada vez mais um movimento firme de correção, em meio aos sinais de desaceleração econômica global em 2019 e ao fim dos estímulos monetários por parte dos principais bancos centrais. Com isso, qualquer melhora dos ativos de risco pode ser pontual, tímida e sem viés de manutenção por muito tempo.

Aliás, nesta quinta-feira o Banco Central Europeu (BCE) deve dar fim à era de estímulos na zona do euro, com o seu programa de recompra de títulos encerrando-se neste mês. A decisão de política monetária, às 10h45, é o destaque do dia, sendo que a previsão é de que a taxa de juros na região da moeda única seja mantida em zero.

Com isso, merece atenção a entrevista coletiva do presidente do BCE, Mario Draghi, às 11h30, para detalhar como será a atuação da política monetária a partir do ano que vem. Também estarão no radar as percepções de Draghi em relação ao crescimento econômico europeu, as tensões comerciais, a crise fiscal na Itália, entre outros riscos.

Ainda no exterior, destaque para os indicadores do dia nos EUA sobre os pedidos semanais de auxílio-desemprego e sobre os preços de importação e exportação em novembro, ambos às 11h30.

No Brasil, o BC brasileiro mostrou-se tranquilo em relação à permanência dos juros básicos em 6,50% mais uma vez neste mês, sinalizando que a Selic deve permanecer neste patamar por mais algum tempo. As alterações promovidas pelo Copom no comunicado que acompanhou a decisão reforçaram o tom suave (“dovish”) na condução da política monetária, em meio ao cenário benigno da inflação e à ociosidade da atividade doméstica.

O calendário econômico do dia traz como destaque o desempenho do varejo brasileiro em outubro. A previsão é de que as vendas do comércio tenham ficado praticamente estável, com +0,1%, após terem caído no mês anterior. Já na comparação anual, o setor deve crescer pela terceira vez seguida, em +1,5%. Os dados oficiais serão conhecidos às 9h.

No front político, o caso Coaf ainda inspira certa cautela, com o presidente eleito, Jair Bolsonaro, admitindo que “se algo estiver errado, que se pague a conta”. Ele tratou de deixar claro que não está sendo investigado no caso da movimentação financeira suspeita de R$ 1,2 milhão, envolvendo o assessor de um dos seus filhos e prometeu que em seu governo usará o próprio Coaf para combater crimes de corrupção. Para a oposição, o candidato vitorioso nas urnas em outubro não tem mais autoridade para falar de corrupção...

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