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Mercado espera força-tarefa no combate ao coronavírus


O repique do mercado financeiro global ontem é seguido por uma falta de direção definida hoje, dando sinais de que a crise do coronavírus ainda não acabou. Sem saber se o pior ainda está por vir, os investidores demandam esforços adicionais e sincronizados para estabilizar o crescimento econômico e os ativos de risco.


Os índices futuros das bolsas de Nova York alternam altas e baixas desde ontem à noite, em meio a dúvidas sobre até que ponto a força-tarefa montada por Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional (FMI) e G7 para combater os impactos econômicos do surto da doença pode ajudar. As principais bolsas europeias também oscilam sem rumo único.


Ministros das Finanças e banqueiros centrais dos países mais industrializados do mundo (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) debatem hoje (9h) eventuais medidas a serem adotadas. O secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, e o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, irão conduzir a teleconferência.


Mas a falta de detalhes sobre cortes conjuntos nas taxas de juros ou estímulos fiscais decepciona os mercados, que esperam ser surpreendidos de modo significativo. A expectativa de uma ação coordenada deixou o mercado financeiro mais confiante ontem, o que garantiu ganhos acelerados em Wall Street e embalou o pregão na Ásia.


Tóquio, porém, acabou devolvendo a alta e fechou em queda. Xangai e Seul subiram, enquanto Hong Kong teve ligeiro avanço. No Pacífico, a Bolsa de Sydney subiu 0,7%, após o BC da Austrália (RBA) cortar a taxa de juros no país para o piso recorde de 0,5%. O dólar australiano também ganhou terreno.


Hoje, é a vez da decisão de política monetária do BC do Canadá. Na Malásia, a taxa referencial de juros também caiu. Com isso, o dólar mede forças em relação às moedas rivais. Nas commodities, o petróleo e o ouro sobem, mas ambos abaixo das marcas recentes, de US$ 50 por barril e US$ 1,6 mil por onça-troy.


Esforço conjunto


O fato é que ainda é cedo para dizer que tais medidas vão surtir efeito, em meio aos esforços dos países para prevenir a disseminação do vírus. Afinal, o número de casos fora da China continua em ascensão, ultrapassando 90 mil no total, e a eficácia dessas medidas depende da extensão dos danos causados pela doença, que ainda são incertos.


Com isso, cortes de juros e injeção de liquidez podem ser inócuos à economia real. Ainda mais com as taxas de juros próximas a zero ou já em território negativo em boa parte do mundo, o que reduz a potência (e o efeito) de eventuais de novas quedas na atividade e nos gastos.


Até porque não se sabe o quanto da demanda foi reprimida, nem como ou quando (se) esse consumo irá se recuperar. No lado da oferta, o choque na cadeia global de suprimentos resulta na escassez de matérias-primas e na falta de produtos. Daí, então, que é difícil prever que a recuperação da atividade será rápida.


Portanto, a esperança do mercado financeiro em relação a esse esforço orquestrado pode ser mera ilusão - especialmente no caso brasileiro. Afinal, qualquer corte adicional na Selic pode firmar o dólar em R$ 4,50 e uma queda livre dos juros básicos, com a taxa terminal ficando entre 3% e 3,5%, abre caminho para uma disparada rumo à marca de R$ 5,00.


Fica, então, a dúvida se o Comitê de Política Monetária (Copom) irá retomar o ciclo de cortes, após ter afirmado ver como “adequada” a interrupção do processo ao final da primeira reunião deste ano, em fevereiro. Já o Federal Reserve deve cortar os juros no encontro deste mês, podendo levar a taxa norte-americana para zero antes do fim do ano.


A ver se tais estímulos vão chegar realmente em quem precisa - com fábricas paradas, lojas fechadas, escolas e universidades em férias, grandes eventos cancelados e famílias reclusas em suas casas - ou se vão servir apenas para estabilizar o mercado financeiro, amortecendo o estrago na economia global.


Super Terça


O calendário econômico do dia está esvaziado, o que desloca o foco para o front político nos EUA, onde saem os resultados da chamada “Super Terça”, referentes às eleições primárias em 14 estados norte-americanos. A maratona de votação deve definir o candidato democrata que irá disputar a corrida presidencial contra Donald Trump, em novembro.


Ainda assim, merecem atenção os número na zona do euro sobre a inflação ao produtor (PPI) em janeiro e a prévia de fevereiro dos preços ao consumidor (CPI), além da taxa de desemprego na região da moeda única, logo cedo. No fim do dia, saem novos dados de atividade na China e no Japão neste mês.



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