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Copom e Fed voltam ao foco



O Comitê de Política Monetária e o Federal Reserve voltam ao foco nesta terça-feira, dia de divulgação da ata da reunião do Copom da semana passada e de pronunciamento do presidente do Fed, Jerome Powell, no Congresso dos Estados Unidos. A comunicação das autoridades monetárias é importante, já que os investidores mantêm o lema “nos bancos centrais confiamos” para evitar qualquer contágio do coronavírus no mercado financeiro.


O problema é que o surto da doença aconteceu na China e os esforços do governo para impedir uma disseminação do novo vírus paralisam a segunda maior economia do mundo há mais de duas semanas. Com o motor do crescimento global parado, várias empresas alertam sobre o impacto em seus negócios, afetando toda uma cadeia de suprimentos e desestabilização a já frágil recuperação econômica mundial neste ano.


Mas o mercado financeiro acredita que uma postura suave (“dovish”) na condução da política monetária global, em especial nos EUA, será capaz de blindar os ativo de risco, com os principais BCs jorrando recursos artificialmente para injetar liquidez nos negócios. Ainda mais diante do consenso de que a história do vírus não apenas deve frear a atividade, como também tem um viés desinflacionário, ao afetar os preços das commodities.


E essa perspectiva abre espaço para os investidores voltarem a apostar em cortes de juros no horizonte à frente, tanto pelo Fed quanto pelo Copom. Mas ainda há muita dificuldade para interpretar o impacto do surto de coronavírus na dinâmica da economia global. O cenário ainda está nebuloso e atrapalha ter uma visão abrangente, pois os fatores que estão em jogo são complexos.


China contra-ataca


Aliás, o total de mortos por coronavírus ultrapassou a marca de 1 mil pessoas, contra pouco mais de 4 mil recuperadas - portanto, há praticamente um óbito a cada quatro infectado, mas o número de casos ainda é alto, totalizando mais de 42,7 mil pessoas, o que deixa a sensação de que a doença ainda está longe de níveis confortáveis.


Diante disso, o governo chinês adotou a prática de “gerenciamento fechado” em Wuhan, sob a qual os residentes do local tido como epicentro da doença serão submetidos a controles ainda mais rígidos, bloqueando edifícios com casos suspeitos ou confirmados e sendo ainda mais rigoroso no número de pessoas que entram e saem da cidade.


Não há detalhes da medida, que já entrou em vigor em Wuhan. Fora da província de Hubei, a epidemia mostra uma tendência de queda. O governo chinês também pediu para que as principais indústrias relacionadas à economia nacional e à subsistência da população voltem às atividades, passada a pausa prolongada pelo feriado de Ano Novo Lunar.


Pequim irá ajudar essas indústrias-chaves a retomar a produção, incentivando-as a operar 24 horas por dia até atingir carga máxima, o que tende a aumentar a demanda no mercado de trabalho. Além da indústria ligada à produção de máscaras descartáveis, a produção de grãos e de mineração de carvão estão entre as atividades incentivadas.


Em pronunciamento na TV, o presidente chinês, Xi Jinping, afirmou que os fundamentos do desenvolvimento econômico de longo prazo da China permanecem inalterados e ressaltou que o impacto do coronavírus na economia é de curta duração. Em reação a essas medidas, as bolsa de Xangai (+0,4%) e de Hong Kong (+1,2%) fecharam em alta.


Os investidores estão confiantes de que mais medidas de estímulo serão adotadas pelo governo chinês, com o Banco Central chinês (PBoC) intensificando o apoio à economia real, de modo a amortecer o impacto do surto da doença. Essa expectativa sustenta um sinal positivo nos índices futuros das bolsas de Nova York, embalando o pregão europeu.


Nos demais mercados, o petróleo se recupera, após cair à mínima em um ano ontem, com o barril do tipo WTI voltando a ser cotado na faixa de US$ 50. Já o dólar mede forças em relação às moedas rivais, enquanto o rendimento dos títulos norte-americanos (Treasuries) avança. Agora, as atenções do dia se voltam aos eventos envolvendo o Copom e o Fed.


BCs em destaque


A ver, então, quais as considerações de Powell e do Comitê comandado por Roberto Campos Neto. A ata do Copom será publicada logo cedo, às 8h, mas não se espera novidades no documento em relação ao tom duro (“hawkish”) do comunicado na semana passada.


Na ocasião, o BC cortou a Selic para 4,25%, mas indicou uma interrupção no ciclo de cortes. A expectativa do mercado doméstico é encontrar pistas sobre o que poderia levar a autoridade monetária a retomar o processo de afrouxamento ou sinais sobre por quanto tempo o juro básico seguirá baixo.


Powell, por sua vez, depõe no Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados dos EUA, a partir das 12h, e deve reforçar os alertas para os riscos do surto do vírus na China. No mesmo horário, sai o relatório JOLTS, com dados sobre as contratações e demissões no mercado de trabalho norte-americano em dezembro.


Entre uma divulgação e outra, no Brasil, serão conhecidos dados regionais sobre a produção industrial em dezembro e sobre a inflação ao consumidor (IPC) no início deste mês, além de uma nova estimativa para a safra agrícola doméstica neste ano e da primeira prévia de fevereiro do IGP-M. Esses números saem das 8h às 9h.


Logo cedo, o Reino Unido anuncia números de dezembro da balança comercial e dos setores industrial e de serviços, além da leitura preliminar do Produto Interno Bruto (PIB) no quarto trimestre de 2019.



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