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Reforma avança


O governo Temer deu um passo importante ontem e garantiu a aprovação do relatório da reforma da Previdência na comissão especial da Câmara. O placar apertado, com 23 votos a favor e 14 contra, sinaliza que ainda será necessário mostrar força política para conquistar o apoio dos deputados em plenário e a avaliação de que ainda não tem o total suficiente pode adiar a votação no Senado para o segundo semestre.

O Palácio do Planalto deve arrastar as negociações com a base aliada por mais alguns dias, até garantir os 308 votos necessários para avançar com o texto sobre a mudança das regras na aposentadoria no Congresso. Por ora, o governo não tem esse número fechado e deve intensificar o toma-lá-dá-cá nesta semana e na próxima, de modo a deixar o quadro mais sólido - e sem novas emendas.

Ontem, na reta final do pregão local, os mercados domésticos assumiram uma postura mais cautelosa, diante do receio quanto ao cronograma. Relatos de que o governo estaria optando por esperar a apreciação da reforma trabalhista no Senado para colocar a reforma da Previdência em pauta na Câmara, adiando para a votação pelos senadores para o segundo semestre, trouxeram certo desconforto.

E, se depender do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, o debate da reforma trabalhista deve ser mais demorado do que o previsto inicialmente pela cúpula do governo. A base aliada e a oposição fecharam acordo e podem adiar a discussão do tema por até 30 dias, agora que o texto também será apreciado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), presidida pela senador Edison Lobão, fiel a Renan, que ainda recebeu apoio dos senadores Romero Jucá e Eduardo Braga para seguir na liderança do partido.

Indiretamente, também serão prorrogadas as discussões da reforma da Previdência na Câmara, o que deve manter o incômodo entre os investidores. Para diminuir a resistência de deputados, o governo articulou que a discussão da proposta no plenário da Casa se dê somente após o fim da apreciação da proposta trabalhista no Senado.

E a proposta será apreciada por outras duas comissões de senadores, o que deve esticar o prazo por mais 30 dias. A questão é que o segundo semestre no Congresso só começa em agosto e o período já fica muito próximo do ano eleitoral de 2018, quando os parlamentares estarão mais interessados em manterem seus mandatos e podem mostrar resistência em apoiar medidas capazes de minar as chances de serem eleitos.

De qualquer forma, o presidente Michel Temer garantiu, por ora, mais uma vitória. Ainda que "de raspão", a eficácia do corpo a corpo do governo e as estratégias profissionais para garantir o apoio deve manter a confiança dos mercados locais na agenda de reformas, nesta quinta-feira de agenda doméstica esvaziada.

Mas o apetite dos investidores por ativos de risco será testado, ainda mais após o Federal Reserve confirmar o cronograma de outras duas novas altas na taxa de juros norte-americana até o fim do ano. A autoridade monetária deu poucas pistas em relação aos próximos passos, mas não descartou a possibilidade de um novo aperto em junho.

No comunicado que se seguiu à decisão de manter o custo do empréstimo nos Estados Unidos em até 1%, o Fed repetiu a mensagem de que o ritmo de aperto monetário deve continuar gradual e dependente dos indicadores econômicos. Sobre isso, o Banco Central norte-americano destacou que a desaceleração da economia no início deste ano foi "transitória" e que os fundamentos da dinâmica da atividade permanecem saudáveis.

Assim, a possibilidade de um aumento adicional na taxa de juros dos EUA no mês que vem ficou em aberto e vai depender da contribuição dos dados. Com isso, cresce a cautela nos mercados internacionais nesta véspera do relatório oficial sobre o mercado de trabalho norte-americano (payroll).

Considerada como uma prévia dos números do payroll, a pesquisa ADP mostrou ontem que uma geração de vagas inferior a 200 mil por mês ainda é suficiente para manter a taxa de desemprego nos EUA em queda, reforçando as condições de pleno emprego no país. A expectativa é de criação de 185 mil postos no mês passado. Além disso, a presidente do Fed, Janet Yellen, e outros cinco membros do Fed discursam amanhã.

A expectativa por esses eventos redobram a postura defensiva entre os investidores, mas não impede um sinal positivo entre os índices futuros das bolsas de Nova York nem entre as praças europeias nesta manhã, embalados pela safra de balanços. Do outro lado do mundo, os mercados na China e na Austrália caíram novamente, em meio ao tombo dos metais básicos.

Os contratos futuros do minério de ferro registraram a maior queda em três meses na bolsa chinesa de Dalian, penalizando o desempenho do cobre, que registrou a maior queda desde 2015. O níquel, o alumínio e o zinco também têm perdas aceleradas. Já o petróleo cede mais um pouco e é negociado abaixo de US$ 47,50 o barril. O dólar, por sua vez, ganha terreno das moedas correlacionadas às commodities.

Na agenda norte-americana do dia, às 9h30, saem o saldo balança comercial em março; os pedidos semanais de auxílio-desemprego feitos no país e os dados preliminares do custo da mão de obra e da produtividade no primeiro trimestre deste ano. Às 11h, é a vez das encomendas às fábricas em março.

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