Tudo vai bem nos mercados

Novos indicadores econômicos na China mostram sinais de estabilização da segunda maior economia do mundo, impulsionando o apetite do investidor por ativos de risco e afastando os receios quanto à desaceleração econômica global. O aumento dos preços ao produtor (PPI) chinês pela primeira vez desde 2012 revela um alívio das pressões desinflacionárias e pode ser também um prognóstico positivo para outros grandes compradores de mercadorias, como a Europa e os Estados Unidos.
A grande notícia do dia, por enquanto, é o aumento de 0,1% no PPI chinês em setembro em relação a um ano antes, ante previsão de queda de 0,3%. Foi o primeiro avanço do indicador desde janeiro de 2012, mostrando que os anos de deflação no atacado foram interrompidos diante da recuperação dos preços das commodities e da estabilização da demanda doméstica na China após os estímulos adotados por Pequim.
A expectativa é de que o PPI siga em território expansionista nos próximos meses e o fim da deflação no atacado também indica que os lucros das empresas chinesas continuarão em ascensão. Já o índice de preços ao consumidor (CPI) chinês subiu 1,9% no mês passado, em base anual, mais que a previsão de alta de 1,6%. Os números encorajaram os investidores e se contrastam com os dados da balança comercial chinesa, ontem, que mostraram um recuo das exportações pela primeira vez desde fevereiro e ativaram uma realização de lucros.
Em reação, as bolsas da Coreia do Sul e de Hong Kong lideraram os ganhos na Ásia, ao passo que o mercado acionário tailandês registrou o maior rali desde 2013, em meio às apostas de que a transição de poder na Tailândia será suave, após a morte do rei Bhumibol Adulyade, que ficou 70 anos no poder. O bath tailandês subia mais de 1% ante o dólar.
Os dólares australiano e neozelandês também avançam, ao passo que a libra esterlina segue
enfraquecida em relação à moeda norte-americana, assim como o iene japonês. O petróleo, por sua vez, volta a ser negociado acima de US$ 50 o barril, com ganhos de mais de 1%. Nas bolsas do Ocidente, as principais bolsas europeias têm alta acelerada, com o avanço conduzido pelas ações de mineradoras, seguindo o sinal positivo vindo de Wall Street.
Agora, as atenções se voltam para as vendas no varejo dos Estados Unidos em setembro, às 9h30. No mesmo horário sai o índice de preços ao produtor (PPI) norte-americano no mês passado. Depois, às 11h, é a vez dos estoques das empresas em agosto, além da leitura preliminar deste mês do índice de confiança do consumidor, medido pela Universidade de Michigan. À tarde (14h30), a presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, discursa.
Juntos, esses indicadores e eventos econômicos dos EUA podem calibrar as apostas em relação ao momento exato em que deve ocorrer uma nova alta na taxa de juros norte-americana, após a ata do encontro do Fed em setembro mostrar que o aumento deve ocorrer “relativamente em breve”, mas sem dizer especificamente quando.
E se tudo vai bem no exterior, os mercados brasileiros também devem andar. Com a agenda econômica doméstica novamente esvaziada, os negócios locais devem seguir a tendência externa, embora sigam atentos ao cenário político.
As expectativas favoráveis relacionadas ao avanço do ajuste fiscal têm garantido certa resiliência aos ativos locais, após a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que limita os gastos públicos no primeiro turno da Câmara por larga vantagem de votos. O placar mostra a força política do presidente Michel Temer e o apoio e fidelidade da base aliada, o que tende a fortalecer outros projetos para reequilibrar as contas, como a Reforma da Previdência.