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Dois tempos


As barreiras mostradas pelo Federal Reserve, na ata da reunião de março, para promover a próxima alta nos juros dos Estados Unidos abrem caminho para os investidores retomarem o apetite por risco hoje, o que enfraquece o dólar e impulsiona bolsas e commodities no exterior. Ao reafirmar que não tem pressa, o Fed praticamente descartou a chance de aperto monetário ainda neste primeiro semestre, animando os mercados lá fora. Já no Brasil, a lentidão no percurso do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff pode pegar mal nos negócios locais, que contam os dias para a crise política acabar logo.

Após o relator do impeachment da presidente Dilma Rousseff mostrar-se favorável ao pedido, a expectativa dos negócios recai na votação do parecer, que deveria acontecer na próxima segunda-feira. Porém, o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, considerou "nulo" e "improcedente" o relatório do deputado Jovair Arantes e não descartou judicializar o processo, recorrendo ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Até então, os investidores se apoiavam em cálculos divulgados na imprensa, que apontam que a oposição já conta com 35 votos para dar continuidade ao processo contra o mandato de Dilma, de um total de 65 integrantes. Apenas 18 são contrários.

Caso o documento seja realmente aprovado pela comissão especial, o processo será analisado no plenário da Câmara dos Deputados, também na semana que vem. Para ser encaminhado ao Senado, o impeachment tem de ser aprovado por 2/3 dos deputados, do total de 513 parlamentares, ou 342 votos.

Na “conta de padeiro” da imprensa, o placar conta com 234 votos a favor e 110 contra. Os 169 restantes - que podem, inclusive, mudar o jogo - dividem-se entre indecisos (56); não opinaram (10) e não se manifestaram (103). Em outro levantamento, os aliados do governo afirmam contar com uma base sólida de cerca de 200 deputados – o suficiente para barrar o processo.

Esses números difusos e a possibilidade de demora no desfecho sobre o impeachment tendem a manter a cautela elevada nos negócios locais, pressionando a Bovespa para baixo e podendo levar a dólar a testar a marca de R$ 3,70. No exterior, porém, a moeda norte-americana recua, sendo negociada no menor nível em 17 meses ante o iene, abrindo espaço para uma melhora nos preços do barril de petróleo pelo terceiro dia seguido.

Entre as moedas de países emergentes, o ringgit malaio avança, após a inesperada queda nos estoques norte-americanos de petróleo. Nas bolsas, o índice MSCI da região avança pela primeira vez em três dias. Na Ásia, o destaque negativo ficou com Xangai, que caiu 1,38%, na segunda queda consecutiva. Nos demais mercados da região, Tóquio (+0,22%) e Hong Kong (+0,29%) subiram, sendo que na Austrália, a Bolsa de Sydney teve alta de 0,4%.

Na agenda econômica, após a ata do Fed ontem, hoje é a vez do documento referente à reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) no mês passado, quando foi adotada uma nova rodada de estímulos à região da moeda única. À espera do documento, as principais bolsas europeias avançam, em busca de pistas sobre medidas adicionais de injeção de liquidez pelo BCE.

Além disso, é esperado um discurso da presidente do Fed, Janet Yellen. A comandante do Fed deve corroborar a percepção deixada pela ata, ontem, que descartou qualquer possibilidade de aperto dos juros dos EUA em abril. O documento do mostrou que, apesar de algumas discussões favoráveis quanto à elevação dos juros neste mês, é preciso ter cautela, seja por questões externas ou domésticas.

Entre os indicadores econômicos norte-americanos, serão conhecidos os pedidos semanais de auxílio-desemprego (9h30) e os dados sobre o crédito ao consumidor em fevereiro (16h). À espera desses eventos, os índices futuros das bolsas de Nova York têm ligeira baixa, mostrando fôlego curto para dar continuidade ao rali da véspera.

Já o calendário doméstico, enfim, ganha força nesta quinta-feira. Às 8h, sai o IGP-DI de março, que deve desacelerar a 0,50% ante alta de 0,79% em fevereiro. Com isso, a taxa acumulada em 12 meses também deve perder força e subir 11,10%. Depois, às 9h, o IBGE informa dados sobre a safra agrícola e números regionais sobre a produção industrial.

Entre os eventos de relevo, o Banco Central divulga o Relatório de Estabilidade Financeira, às 10h, e o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, cumpre agenda em São Paulo. Logo cedo, ele abre um evento do banco Itaú e, ainda pela manhã, reúne-se com os presidentes do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, e do Banco do Brasil, Alexandre Corrêa Abreu.

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