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Mercados em queda livre


A falta de confiança do investidor na economia global, em meio à queda livre nos preços das commodities e à perda de tração da economia chinesa, intensifica a onda vendedora (selloff) nos mercados financeiros nesta quarta-feira, dia da mais aguardada decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central dos últimos tempos. As bolsas da Ásia tombaram ao menor nível em três anos, com os negócios no Japão entrando em mercado de baixa (bear market), enquanto o petróleo amplia os menores níveis em 12 anos.

O pior início de ano na história dos mercados financeiros já varreu mais de US$ 6,5 trilhões em valor de mercado dos ativos, com os investidores colocando no bolso os ganhos dos últimos cinco anos (ou mais), ao mesmo tempo em que intensifica a busca por proteção no dólar e nos juros norte-americanos. A forte demanda por refúgio leva a T-note de 10 anos ao menor nível desde meados de outubro. Tudo está caindo e deve seguir nessa direção até que o fundo do poço seja encontrado.

Os índices futuros das bolsas de Nova York têm perdas aceleradas desde cedo, de pouco menos de 2%, impactados pela queda do barril do WTI para abaixo de US$ 28, rumo ao menor valor desde setembro de 2003 e à espera dos estoques semanais da commodity nos Estados Unidos (13h30), que podem exacerbar a oferta global. Wall Street contamina a abertura do pregão na Europa e segue o sinal negativo vindo da Ásia, onde o índice japonês Topix caiu 3,7%, acumulando desvalorização de 21% desde a máxima alcançada em agosto. O Nikkei 225 também recuou 3,7%.

Na China, o índice Xangai Composto recuou 1,02% e o CSI 300 perdeu 1,51%, enquanto Hong Kong perdeu 3,51%, com os investidores corrigindo os "exageros" da véspera, diante da expectativa, ainda não confirmada, de estímulos adicionais vindos de Pequim, na esteira de dados sobre a atividade no país. Os mercados emergentes são duplamente afetados, seja pelo crescimento mais baixo em 25 anos da China, seja pelo tombo nos preços do petróleo.

O índice MSCI da região registra a quarta queda em cinco dias, com as moedas desses países também perdendo terreno para o dólar. O won sul-coreano e a rupia indiana são destaque de baixa, assim como o peso mexicano, que lidera as perdas entre os pares da América Latina. Ontem, o real brasileiro fechou em queda, com o dólar na faixa de R$ 4,05, em meio às dúvidas sobre a decisão do Copom hoje.

Após o fechamento do mercado local, o Copom divulga a atualização da taxa básica de juros, atualmente em 14,25%, no anúncio mais esperado do BC desde as mais recentes reuniões. O fato de a autoridade monetária ter criado uma “sinuca de bico” em relação a um aumento (ou não) da Selic coloca a credibilidade e a autonomia do colegiado em xeque.

Afinal, mesmo após o “recado” dado pelo presidente do BC, Alexandre Tombini, ontem, em uma nota incomum e em pleno período de silêncio, na esteira da revisão “significativa” do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o desempenho da economia brasileira neste e no próximo ano, economistas mantiveram o “call” de +0,50 ponto porcentual no juro hoje. Na curva a termo de juros futuros, porém, a aposta foi reduzida para uma alta menor, de 0,25pp.

Até então, a “comunicação intensa” do BC, de convergir a inflação à meta em 2017, sinalizava para o fim do “período prolongado” de Selic estável e, subir o juro para 14,75% agora, poderia ser uma forma ‘barata’ de comprar a confiança do mercado. Já um aperto menor, de 0,25pp, causaria ainda mais “ruído” nesse embate, elevando as suspeitas de ‘interferência externa” e gerando incertezas quanto aos próximos encontros do Copom em 2016, principalmente neste primeiro trimestre.

Ou seja, ou o BC dá meio ponto ou não dá nada. O 0,25pp pode ser o pior. Antes do tão aguardado anúncio do Copom, a autoridade monetária informa, às 12h30, os números semanais do fluxo cambial. No exterior, destaque para os indicadores das 11h30 nos Estados Unidos: construção e permissão de novas casas em dezembro, além do índice de preços ao consumidor norte-americano (CPI) no mesmo mês.

O dado sobre a inflação no varejo, é bom lembrar, pode calibrar as apostas em relação aos próximos passos do Federal Reserve. Para o encontro deste mês, que acontece na semana que vem, não é esperada nenhuma alteração na taxa, que passou para o intervalo entre 0,25% e 0,50% em dezembro, dando fim à era do juro zero nos EUA. A expectativa de um novo aperto, de mais 0,25pp, segue dividida entre a reunião de março e de abril.

Na safra de balanços, o banco Goldman Sachs divulga os resultados financeiros do quarto trimestre de 2015, antes da abertura do mercado. Também pela manhã, na Europa, saem dados sobre os preços ao produtor alemão no mês passado e também sobre a taxa de desemprego no Reino Unido em novembro.

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