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PIB "made in China"


A China abre a semana de negócios nos mercados financeiros com dados fracos sobre a atividade em setembro, o que resultou em uma desaceleração da economia como um todo no terceiro trimestre deste ano. O Produto Interno Bruto (PIB) chinês caiu a 6,9%, acima dos 6,8% esperados, mas no ritmo mais lento desde os três primeiros meses de 2009, o que reacendeu o temor quanto a um pouso forçado da segunda maior economia do mundo.

Em reação, a Bolsa de Xangai apagou os ganhos ao redor de 1% e fechou em ligeira baixa de 0,13%, afastando o índice Xangai Composto da máxima em oito semanas e mostrando uma barreira psicológica para transpor os 3,5 mil pontos. Os investidores mostram convicção de que só irão impulsionar os negócios na região se perceberem significativos estímulos monetário e fiscal no país, o que espalhou o sinal negativo entre os demais mercados asiáticos.

Isso porque os dados do PIB chinês mostraram uma economia que se expandiu ligeiramente acima do previsto, apoiada na tração vista no setor de serviços e na robustez do consumo, que tentam ofuscar a fraqueza da indústria e das exportações. Nessa economia a "duas velocidades", o PIB de serviços cresceu 8,4% no trimestre, enquanto o da indústria desacelerou a 6%.

Os dados de atividade no país em setembro apenas reforçam esse cenário, com a produção industrial crescendo 5,7% ante um ano antes, menos que a previsão de 6%, enquanto as vendas no varejo avançaram 10,9%, acima da previsão de +10,8%. Já os investimentos em ativos fixo subiram 10,3% no acumulado dos nove primeiros meses do ano, no ritmo mais lento desde 2000 e abaixo da previsão de +10,8%.

Contudo, esse crescimento mais lento da indústria e nos investimentos em ativos fixos levou alguns economistas a questionar a confiabilidade dos dados do PIB da China. Assim, os índices futuros das Bolsas de Nova York e as principais bolsas europeias oscilam entre altas e baixas, embora um ligeiro viés positivo tente prevalecer. As principais commodities industrias recuam, com o crescimento chinês reafirmando uma trajetória de baixa, enquanto o dólar testa força ante os principais rivais.

É sob esse ambiente de cautela com o crescimento econômico global que os mercados domésticos retomam os negócios hoje, sendo que os ruídos vindos de Brasília podem reforçar esse sentimento nos ativos locais. Após relatos de que Joaquim Levy teria pedido para sair do Ministério da Fazenda - o que foi negado em seguido pela Pasta, a presidente Dilma Rousseff saiu em defesa dele e garantiu que Levy "fica" no cargo.

Direto de Estocolmo, onde cumpre uma agenda extensa nesta segunda-feira, Dilma disse ainda ser um "absurdo" a notícia de que o assunto teria sido discutido durante a reunião entre ela, Levy e os ministros Jaques Wagner (Casa Civil) e Nelson Barbosa (Planejamento), na sexta-feira passada. Nesse encontro da chamada Junta Orçamentária, foram discutidos apenas os próximos passos para garantir o ajuste fiscal, principalmente em relação à CPMF.

A pauta, aliás, depende dos esforços do Congresso, mas as denúncias que surgiram contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, deixam dúvidas sobre o andamento dessa agenda na Casa. Relatos na imprensa dão conta de que Cunha estaria pensando em alternativas, após documentos comprovarem a existência de contas secretas em nome do parlamentar na Suíça.

Assim, o trunfo de Cunha deixaria de ser o impeachment de Dilma e passaria a ser sua própria capacidade de conduzir uma sucessão dele na Câmara. Na agenda doméstica, o calendário conta com as tradicionais divulgações do dia – Boletim Focus (8h30) e balança comercial semanal (15h).

Mas o destaque fica para quarta-feira, quando o IBGE informa, pela manhã, a prévia da inflação oficial no país, medida pelo IPCA-15, e, à noite, o Comitê de Política Monetária (Copom) anuncia a atualização da taxa Selic, que deve seguir em 14,25% ao ano. Na quinta-feira, sai a taxa de desemprego em regiões metropolitanas do país, medida pelo IBGE.

Os dados da arrecadação federal e sobre o emprego formal (Caged) seguem aguardados para a semana. Na safra de balanços, a temporada brasileira começa a ganhar vigor, com destaque para os resultados trimestrais da Natura (quarta-feira), Vale (quinta-feira) e Fibria (sexta-feira).

Já no exterior, as atenções se voltam para a reunião do Banco Central Europeu (BCE), na quinta-feira. O anúncio da decisão será acompanhado de entrevista do presidente da instituição, Mario Draghi, e a expectativa é de que a autoridade monetária da zona do euro injete estímulos adicionais à economia. No mesmo dia, também será conhecida a prévia do mês da inflação ao consumidor (CPI) na região da moeda única.

Nos Estados Unidos, a rodada de indicadores e eventos econômicos está mais fraca, com a semana recheada por números sobre o mercado imobiliário. Hoje, sai o índice NAHB sobre a confiança das construtoras. É válido lembrar que com o início do horário de verão no Brasil no fim de semana, houve mudanças nos horários de divulgação de dados e de abertura/fechamento de mercados no exterior em relação à Brasília.

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