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Mercados em contagem regressiva


Começa hoje, e termina amanhã, a mais aguardada reunião de política monetária do Federal Reserve dos últimos tempos e a expectativa pelo anúncio da decisão sobre os juros norte-americanos já deixa os mercados internacionais em compasso de espera nesta quarta-feira. O movimento deve ser seguido pelos negócios locais, mas a questão política continua em primeiro plano. A China, por sua vez, recuperou-se hoje, aliviando a pressão nos ativos.

O consenso atual dos economistas de Wall Street continua sendo de que o Fed adotará a postura de “esperar para ver”, em meio às preocupações com a desaceleração econômica chinesa e às recentes leituras mais fracas dos índices de confiança de consumidores e empresários nos Estados Unidos. Assim, o mercado futuro de juros segue precificando a chance de aperto neste mês em apenas uma de cada quatro apostas.

Porém, Xangai serviu de alento à tomada de risco hoje, ao subir 4,9%, na primeira sessão positiva da semana e na maior alta em quase três semanas. Os ganhos foram garantidos apenas na hora final do pregão, pouco depois de o índice Xangai Composto cair abaixo dos 3 mil pontos - um padrão que tem sido associado ao apoio do Estado no mercado.

Ainda assim, o sinal positivo se espalhou pela Ásia e entre os mercados emergentes. A Bolsa de Hong Kong ganhou 2,39%, a de Tóquio avançou 0,81% e a de Seul teve alta de 2%, com o won sul-coreano ganhando terreno após a Standard & Poor's (S&P) elevar o rating do país. No Pacífico, a Bolsa de Sydney cresceu 1,6% e a da Nova Zelândia, +0,3%. Entre as commodities, o petróleo estende os ganhos, antes dos estoques norte-americanos.

No Ocidente, as principais bolsas europeias exibem ganhos firmes, em meio à contagem regressiva pela decisão de juros do Fed. Os investidores também vão olhar para o dado de agosto sobre os preços no consumidor (CPI) na zona do euro, em busca de pistas sobre a força da recuperação econômica da região da moeda única. A expectativa é de que o CPI tenha ficado inalterado em relação ao mês anterior.

Hoje, a agenda de indicadores econômicos deve ser relegada, mas o calendário do dia traz divulgações importantes, nos EUA e também no Brasil. Lá fora, o destaque fica para o índice de preços ao consumidor norte-americano (CPI), que deve seguir em território de deflação e cair 0,1% em agosto ante julho. Por sua vez, o núcleo do indicador deve subir iguais 0,1%.

O dado será conhecido às 9h30. Depois, às 11 horas, é a vez do índice de confiança do setor de construção civil em setembro. Às 17 horas, tem ainda o fluxo de capital externo de/para os EUA em julho. À espera desses números e em meio à ansiedade pelo Fed, os índices futuros das bolsas de Nova York estão na linha d'água, mas com um ligeiro viés negativo. A T-note de 10 anos estava em 2,27% nesta manhã.

Internamente, às 9 horas, o IBGE informa os números do comércio varejista em julho e as expectativas são de queda pelo sexto mês consecutivo, no conceito restrito. A mediana das projeções na comparação mensal ficou em -1,0%, o que, se confirmada, representará o maior recuo nessa base desde março deste ano.

Qualquer recuo acima disso encontra chão apenas em dezembro de 2014, quando as vendas no varejo tombaram 2,8% ante novembro. Em base anual, a estimativa é de queda de 3,90%, o que pode configurar no pior mês de julho desde 2003. Ainda na agenda doméstica, às 12h30, o Banco Central informa os dados semanais do fluxo cambial.

Mas é o noticiário político que deve continuar pautando os mercados domésticos. Ontem à noite, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, concedeu uma entrevista exclusiva à TV NBR, na qual pediu que o Congresso Nacional assuma a responsabilidade em relação ao ajuste fiscal. Mais cedo, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, havia declarado, em resposta a Levy, que "se o governo não tem capacidade de buscar o equílibrio fiscal, não culpe o Congresso".

Para Levy, "o governo está ouvindo o Senado, a Câmara, e todos aqueles que, no fim das contas, terão de votar" as novas medidas do pacote fiscal. Segundo o ministro, "o Congresso tem papel fundamental para o Brasil voltar a crescer". Ainda assim, ele tentou minimizar o impacto da crise política na atividade econômica, mas reconheceu que existe "um pouquinho" de incerteza entre os agentes econômicos.

Sobre a necessidade do ajuste, o ministro afirmou que o Brasil "precisa mudar o esquema tático para poder ganhar o jogo" e se inserir na nova realidade econômica global, em uma alusão às reformas estruturais que precisam ser feitas "além do ajuste fiscal". Já em relação à proposta de recriar a CPMF, o ministro insistiu que o tributo é provisório, de fácil recolhimento e sem impacto na inflação.

A agenda de Levy ainda não estava disponível nesta manhã. Já a presidente Dilma Rousseff viaja para o interior de São Paulo, onde participa de cerimônia de entrega de unidades habitacionais. Pela manhã, ela concede entrevista a uma rádio local. O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, recebe os senadores Romero Jucá (10h30) e Jorge Viana (18h30), além do deputado federal Esperidião Amin (11h30). O presidente do BC, Alexandre Tombini, tem atividades de trabalho em São Paulo.

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