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Sem trégua


A última semana de julho começa sem trégua para os mercados financeiros, com o tombo de quase 8,5% da Bolsa de Xangai, hoje, provocando uma nova e forte onda vendedora (sell off) nos ativos globais. Esse nervosismo vindo do exterior deve elevar a tensão nos negócios locais, que reabrem nesta segunda-feira ainda sob os riscos de downgrade.

A preocupação de que o recente rali de três semanas em Xangai é insustentável e teria sido provocado pela intervenção sem precedentes de Pequim atinge os mercados desde a madrugada, com os investidores realimentando os temores de desaceleração econômica global. O mote do dia para o movimento foi a queda de 0,3% do lucro industrial na China em junho, em base anual, em mais um sinal de perda de tração do gigante emergente.

Para cada ação que subiu em Xangai, 75 caíram, resultando na maior perda do índice Xangai Composto em mais de oito anos. Essa performance abalou a confiança do investidor também em Hong Kong (-3,09%) e em Tóquio (-0,95%). Entre os mercados emergentes, o índice MSCI caminhava para fechar no menor nível desde 2013.

Esse sinal negativo saiu da Ásia e se espalhou pela Europa, onde as principais bolsas exibem perdas ao redor de 1%. Porém, a temporada de balanços ganha força nesta semana por lá, com cerca de 190 empresas listadas no Stoxx 600 previstas para divulgar seus resultados trimestrais até o fim da semana.

O euro, por sua vez, ganha terreno ante o dólar, após o índice Ifo de sentimento econômico na Alemanha subir mais que o previsto em julho, a 108. A fraqueza da moeda norte-americana em relação aos rivais não inspira as commodities. O petróleo WTI é negociado abaixo de US$ 48 o barril, em meio ao desequilíbrio entre oferta e demanda.

Já o ouro sai da mínima desde fevereiro de 2010 e avança, antes da reunião do Federal Reserve. À espera de pistas sobre o momento exato da primeira alta dos juros nos Estados Unidos desde 2006, os índices futuros das bolsas de Nova York estão no vermelho. Na agenda do dia, saem as encomendas de bens duráveis (9h30).

O encontro do Fed, aliás, acontece nos mesmos dias em que o Comitê de Política Monetária (Copom) também se reúne. Porém, o Banco Central dos EUA deve se esforçar para não fazer nenhuma manchete nesta semana, deixando essa tarefa para os números do Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano no segundo trimestre deste ano, que saem na quinta-feira.

Já no Brasil, depois da correção de rumo nos preços dos ativos domésticos, na esteira da revisão da meta fiscal neste e nos próximos anos, o mercado financeiro refez as contas e volta a ganhar maior chance uma manutenção do ritmo de aperto da taxa Selic em 0,50 ponto porcentual. O foco, agora, se desloca da atividade para o dólar, que fechou a sexta-feira no maior nível em 12 anos - em um recado de que o próximo grande teto é o de R$ 3,99.

Com isso, merece atenção já nesta segunda-feira, a Pesquisa Focus, do Banco Central, que pode trazer importações revisões nas projeções dos principais indicadores macroeconômicos. Entre os eventos de relevo, acontece a também já tradicional reunião de coordenação política, em Brasília, onde a crise política, os novos desdobramentos da Operação Lava Jato e até o impeachment da presidente Dilma Rousseff podem entrar na pauta.

Também merece atenção a participação do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em um evento em São Paulo, cujo tema é “Democracia participativa e relação com a sociedade civil”. Cunha, aliás, deve ser denunciado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em agosto. Nos bastidores, o Palácio do Planalto começando a pensar em nomes para substituir o posto na Câmara.

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