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MP alterada esquenta o clima no Planalto


A temperatura subiu em Brasília. Mesmo depois de intensa negociação, e várias promessas, a Câmara deu ao governo federal ontem, e depois tirou. Os deputados aprovaram, por 227 a 178 votos, o texto principal da Medida Provisória (MP) 664, o segundo pilar do ajuste fiscal da equipe econômica, que trata do endurecimento das regras para a concessão de pensões e auxílio-doença.

Porém, mesmo após intensa negociação, os deputados incluíram uma emenda na MP e aprovaram, por 232 a 210, novas regras na forma de cálculo para a aposentadoria - o que, na prática, altera a aplicação automática do fator criado em 1999, no governo Fernando Henrique Cardoso. O Palácio do Planalto já avisou a ministros e líderes do governo que a presidente Dilma Rousseff pretende vetar a emenda que flexibiliza o fator previdenciário - o que representa uma ampliação do rombo da Previdência.

Nesta quinta-feira, a Câmara irá finalizar a votação dos destaques da MP 664. Depois, o texto vai à apreciação do Senado. Ainda ontem, foi aprovada a MP 663, que aumenta em R$ 50 bilhões o limite de recursos repassados pela União ao BNDES, subindo para R$ 452 bilhões o valor total dos financiamentos subvencionados pelo governo federal. Este texto também deve passar ainda pelos senadores.

Enquanto absorvem o noticiário vindo de Brasília, os investidores também digerem os números do comércio varejista no Brasil. As vendas no varejo brasileiro em março e, de quebra, no acumulado dos três primeiros meses deste ano é destaque da agenda doméstica nesta quinta-feira.

As estimativas para o dado são de queda no conceito restrito, para o qual a mediana é de -0,40% na comparação mensal, acumulando um recuo de 1,20%, na mediana, desde janeiro, o que endossa a percepção de contração do Produto Interno Bruto (PIB) do país nos três primeiros meses de 2015. Em relação ao primeiro trimestre de 2014, as estimativas variam entre alta e baixa, no mesmo conceito.

Para as vendas ampliadas, as estimativas são todas de queda, em qualquer período comparado. O dado será divulgado às 9 horas pelo IBGE. Entre hoje e amanhã, devem ser conhecidos os dados do Caged sobre o emprego formal no Brasil, com as previsões indo desde corte de 5 mil vagas a criação de 95 mil postos de trabalho em abril.

Pouco depois do varejo brasileiro, saem os pedidos semanais de auxílio-desemprego feitos nos Estados Unidos, às 9h30. Por volta do mesmo horário, deve ser conhecido o balanço trimestral do Banco do Brasil, antes da abertura do pregão.

Aliás, está é a última semana de divulgação dos resultados das empresas brasileiras no primeiro trimestre deste ano. Para hoje, ainda são aguardados os demonstrativos contábeis da BM&FBovespa, JBS, entre outros. Amanhã, as atenções se voltam para o balanço da Petrobras.

Entre os eventos de relevo, a presidente Dilma embarca para o Recife, pela manhã, e, à tarde, já em Brasília, recebe executivos de empresas estrangeiras. Também na capital federal, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, participa de reunião do Comitê de Estabilidade Financeira do Banco Central (Comef), ao passo que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, participa de palestra, às 15 horas, em um hotel, na capital paulista.

Exterior. O clima nos mercados internacionais segue pouco favorável ao risco. Apesar de os índices futuros das bolsas de Nova York apontarem para um dia de ganhos - o que, se confirmada, seria a primeira sessão de alta em Wall Street na semana – o sinal negativo prevalece entre as bolsas europeias, com as perdas lideradas pelas mineradoras, e também no petróleo, diante do excesso de oferta da commodity em curso.

Na Ásia, a sinalização foi mista, após os dados fracos de ontem sobre o varejo norte-americano e em meio ao vigor do iene ante o dólar. O euro também segue firme em relação à divisa dos Estados Unidos nesta manhã, na casa de US$ 1,14, e é justamente essa força mostrada pela moeda única europeia que retrai os negócios com ações. O índice Stoxx Europe 600 caminha para a terceira sessão seguida de perdas.

A Grécia também continua sendo um problema na Europa e os investidores seguem à espera dos desdobramentos nas negociações quanto a um resgate financeiro do país mediterrâneo. Atenas concorda com os credores internacionais na maioria das questões, incluindo a inviabilidade de seu sistema de seguridade social.

Contudo, a economia grega caiu novamente em recessão no primeiro trimestre deste ano, conforme mostraram dados divulgados ontem, o que torna mais difícil para o primeiro-ministro Alexis Tsipras atender às condições estabelecidas pelos governos da zona do euro e do Fundo Monetário Internacional (FMI) para pagamentos do socorro financeiro.

Fontes ligadas às discussões afirmam que a Grécia usou reservas no FMI para pagar o empréstimo de 750 milhões de euros que venceu ontem, o que eleva a preocupação do Banco Central Europeu (BCE) quanto à deterioração da relação entre o governo grego e o BC local. É válido lembrar que o BCE vem fornecendo liquidez aos bancos gregos, por meio de um programa assistencial de emergência a fim de combater uma onda de saques.

O índice ASE, da Bolsa de Atenas, subia quase 1%, mais cedo, enquanto o juro do título de 10 anos do país estava em 10,1%. Já o juro da T-note de 10 anos tem ligeiro viés de baixa, a 2,26%, mas segue perto da máxima do ano.

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