O Mercado e a Super Quarta
- Olívia Bulla
- há 15 horas
- 2 min de leitura
Mercado acredita em super poderes do Fed para salvá-lo da guerra comercial

O mercado financeiro espera que a Super Quarta tenha super poderes para salvá-lo da verborragia de Donald Trump e encontrar abrigo sob o Federal Reserve. Mas quem cortou os juros e reduziu o compulsório bancário hoje foi o Banco Central da China (PBoC). Também será a delegação chinesa que irá à Suíça para iniciar conversas com Washington.
Ou seja, os mercados ainda acreditam em super-heróis e na magia do Fed de resgatar os ativos de risco sob a égide dos juros baixos. Mas é a China quem está fazendo alguma coisa - e é provável que nada aconteça em relação à taxa dos Estados Unidos ao final da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) à tarde (15h).
O próprio Ministério do Comércio chinês afirmou que o encontro neste fim de semana entre o vice-primeiro-ministro He Lifeng e o secretário do Tesouro Scott Bessent visa mais uma desescalada da tensão geopolítica do que um acordo comercial. Portanto, Pequim não está comprometido com os princípios estabelecidos pelos EUA e irá proteger seus interesses.
De qualquer maneira, os mercados comemoram. A notícia impulsiona os futuros das bolsas de Nova York desde ontem à noite e renova as esperanças dos investidores de que ao menos o discurso de Jerome Powell após o anúncio da decisão (15h30) seja mais suave (“dovish”). Em algum momento, o juro deve sair do intervalo entre 4,25% e 4,5%.
Super Mercado
Mas a quarta-feira é super por outro motivo. O dia é marcado pela reunião do Fed e também do Comitê de Política Monetária (Copom). Logo, é “super” apenas no Brasil por causa dessa coincidência. Já é a terceira vez seguida que ambos os anúncios acontecem na mesma data só neste ano - e haverá outras quatro coexistências até dezembro.
Trata-se de uma mera casualidade. Até porque as expectativas para cada encontro são opostas. Enquanto o mercado anseia por um novo corte nos juros pelo Fed em breve; aqui, a taxa Selic deve subir mais hoje - pode ser meio ponto porcentual ou só 0,25 pp. Seja como for, será o nível mais alto do juro brasileiro desde 2006.
Ainda assim, há dúvida se o Copom irá sinalizar os próximos passos nas reuniões seguintes. Talvez, o BC local esteja aguardando um desfecho na guerra comercial para saber como e quando agir. Daí, então, fica claro o porquê da igualdade de datas com as reuniões do Fed. Não se trata de uma mera coincidência.
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