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Mercado vê final feliz para 2020


Drama antes do Brexit e sobre pacote fiscal nos EUA antecipa final feliz de “novelas”, enquanto Brasil vive série de absurdos na cena política


A última semana completa do ano irá testar o fôlego do mercado financeiro, após Wall Street interromper uma sequência de várias semanas de valorização e o Ibovespa, por pouco, não conseguir zerar as perdas acumuladas no ano, em meio à queda livre do dólar. Os próximos dias irão medir os nervos dos investidores, em meio ao enredo tragicômico das “novelas” na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil.

O impasse nas negociações por um acordo comercial antes do Brexit, no dia 31, parece tão dramático quanto as tratativas entre republicanos e democratas por um novo pacote fiscal para alívio dos impactos econômicos da pandemia. A extensão do prazo entre britânicos e europeus, que terminaria ontem, e a divulgação de um projeto de US$ 900 bilhões em estímulos nos EUA hoje alimentam esperanças no exterior por um final feliz.

Os índices futuros das bolsas de Nova York sobem, reagindo também às primeiras entregas da vacina da Pfizer/BioNTech nos EUA, que inicia hoje a imunização contra a covid-19. As praças europeias pegam carona no sinal positivo vindo de Wall Street, apesar da Alemanha anunciar um lockdown agressivo a partir de quarta-feira, enquanto a libra se fortalece. Na Ásia, a sessão foi sem brilho. O petróleo avança, com otimismo sobre a demanda.

Por aqui, a polêmica em torno do plano nacional de vacinação contra a covid-19 é apenas mais um episódio da série de absurdos que se passa na cena local. Enquanto isso, a pandemia segue avançando e está agora presente em todos os municípios do país. Aliás, um mês após as eleições municipais - ou duas semanas desde o segundo turno do pleito em algumas cidades - os projetos que interessam não avançaram em Brasília.

Pautas estão sendo votadas a toque de caixa entre parlamentares, como é o caso da nova lei de licitações e da MP da Casa Verde Amarela. Mas o Orçamento de 20221, a PEC Emergencial e a reforma tributária ficaram, todos, para o ano que vem, com o foco do Congresso na disputa pelas presidências na Câmara e no Senado. O único episódio previsto é a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2021, na quarta-feira.

Em meio a tudo isso, fica o receio de que os ativos de risco - em especial, as ações - subiram demais, antecipando um roteiro anunciado, mesmo com o coronavírus infectando mais pessoas no Ocidente. O fim da pandemia com a campanha de vacinação só vai se concretizar quando boa parte da população mundial for imunizada. E, ainda assim, permanecem dúvidas quanto à infecção e à transmissão do vírus por quem for vacinado.

BCs em destaque

Bancos Centrais do Brasil e no mundo roubam a cena ao longo desta semana. Por aqui, uma série de publicações estão em destaque. A começar pelo relatório de mercado Focus, hoje, que deve trazer revisões importantes para as estimativas das taxas de inflação (IPCA), câmbio e de juros (Selic), refletindo a queda acelerada do dólar e o tom duro (“hawkish”) do BC no comunicado da última reunião de política monetária deste ano.

Aliás, a ata do encontro será publicada amanhã e os investidores esperam encontrar os motivos que levaram o Copom a retirar do texto o espaço para novos cortes, ainda que residual, e a indicar a possibilidade de retirada da orientação futura (“forward guidance”). Mais que isso, a expectativa é entender quão “breve” se dará a exclusão dessa ferramenta e, principalmente, quanto tempo depois pode ocorrer a primeira alta da Selic.

Esclarecimentos adicionais podem vir do Relatório de Inflação (RI) referente ao quarto trimestre deste ano, que sai na quinta-feira. No documento, merecem atenção as previsões do BC para o IPCA nos diferentes cenários para Selic e dólar, além da estimativa para a economia brasileira (PIB) neste e no próximo ano. Destaque ainda para a entrevista coletiva do presidente do BC, Roberto Campos Neto.

Entre os indicadores econômicos, o BC continua no comando, trazendo o índice de atividade econômica (IBC-Br), hoje, o fluxo cambial (quarta-feira) e a nota do setor externo, na sexta. Já no exterior, o destaque fica com os eventos do Federal Reserve, concentrados na quarta-feira. O BC dos EUA anuncia a decisão de juros, atualiza as projeções econômicas e concede entrevista coletiva do presidente, Jerome Powell.

O destaque deve ficar com o anúncio de uma nova “Operação Twist”, na qual a autoridade monetária compra títulos longos e vende papéis curtos, sem a necessidade de emitir moeda, visando reduzir os juros de longo prazo e baratear o crédito. O Fed adotou essa estratégia entre 2011 e 2012 para tentar reverter o impacto recessivo da crise de 2008. No dia seguinte, tem as decisões dos BCs do Japão (BoJ) e da Inglaterra (BoE).

Ao longo da semana, serão conhecidos o desempenho da indústria e do setor de serviços na China, hoje à noite, nos EUA e na zona do euro.

Confira a seguir os principais destaques desta semana, dia a dia:

*Horários de Brasília

Segunda-feira: A semana começa com as tradicionais publicações do dia, a saber, o boletim Focus (8h25), do Banco Central, e os dados iniciais da balança comercial em dezembro (15h). Pela manhã, tem também o IBC-Br, às 9h, referente a outubro. No exterior, saem dados do mês passado sobre a atividade industrial e no setor de serviços na China, no fim do dia. Logo cedo, será conhecido o desempenho da indústria na zona do euro.

Terça-feira: O Banco Central continua no centro das atenções, com a publicação da ata da reunião de política monetária da semana passada. Também será conhecido o primeiro IGP do mês, o IGP-10. Nos EUA, é a vez dos dados sobre a indústria em novembro

Quarta-feira: O destaque do dia fica com a decisão do Fed, que será acompanhada da divulgação das projeções e de uma entrevista coletiva do presidente Jerome Powell. Entre os indicadores econômicos, saem as vendas no varejo norte-americano e as leituras preliminares deste mês sobre a atividade nos setores industrial e de serviços nos EUA e na zona do euro. Já a agenda doméstica faz uma pausa, mas segue comandada pelo BC, que traz os dados semanais sobre a entrada e saída de dólares do país (fluxo cambial).

Quinta-feira: O Banco Central continua roubando a cena e publica o Relatório de Inflação referente ao quarto trimestre, logo cedo. No fim da manhã, o presidente do BC, Campos Neto, concede entrevista coletiva. No exterior, merecem atenção as reuniões de política monetária dos BCs inglês e japonês.

Sexta-feira: A última semana completa do ano chega ao fim com uma agenda econômica fraca, sem destaques no exterior. Por aqui, sai a prévia da confiança da indústria neste mês e, novamente, o BC publica os dados sobre as contas externas em novembro.

*Aviso: a partir de hoje, A Bula do Mercado passa a ser semanal, publicada apenas às segundas-feiras. Em 11/01/2021, os textos voltam a ser diários.


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