Mercado tem IPCA hoje e Fed amanhã
- Olívia Bulla
- 11 de jun. de 2024
- 4 min de leitura
Inflação ao consumidor no Brasil e juros nos EUA põem à prova expectativas do mercado

🧪 Dose diária:
🚨 O mercado começa a tirar hoje a prova dos noves - ou do pudim. A ver se o resultado do IPCA em maio condiz com a previsão de inflação e juros maiores nos próximos anos.
🍮 Ou os números do IPCA começam a mostrar estagnação no processo de desinflação ou será preciso ancorar as expectativas. Mas a agenda do dia apenas antecede o destaque da semana, amanhã.
🤞 A depender da previsão do Fed para o total de cortes ainda em 2024, os investidores devem ajustar suas expectativas - inclusive para a inflação e a Selic no Brasil.
Para mais informações, leia a Bula do Mercado desta terça-feira (11):
O Ibovespa não alcançou o fundo do poço. Ainda. A esperança é de que o fim da queda da bolsa brasileira esteja próximo. A depender do sinal negativo vindo de Nova York e do tombo do minério de ferro, não será hoje. Ontem, o índice acionário ficou de lado ontem, mas seguiu em território negativo. No ano, as perdas são de 10%.
Já o dólar renovou o maior nível em um ano e meio, indo além de R$ 5,35. Enquanto isso, os títulos públicos cravaram taxas históricas. O papel atrelado à inflação com vencimento em cinco anos, o IPCA 2029, ofereceu 6,32% de retorno real pela primeira vez, sendo o mais atrativo na modalidade. Nos prefixados, o Tesouro Selic 2031 pagou o recorde de 12,19%.
A prova dos noves - ou do pudim - será tirada hoje, dia de divulgação do IPCA. Afinal, qualquer sobremesa pode ser bonita ou feia, mas só se sabe provando se está saborosa. A ver então se o resultado oficial (9h) do índice de preços ao consumidor brasileiro em maio condiz com a previsão trazida no Boletim Focus de taxas de inflação e de juros maiores nos próximos anos. Aliás, semana após semana o mercado financeiro está cada vez mais pessimista.
IPCA: presente e futuro
Por isso, o IPCA de maio é tão aguardado. A previsão é de aceleração na leitura mensal, passando de +0,38% para +0,42%, com a taxa acumulada em 12 meses indo a 3,9%, de 3,7% no período anterior. Os alimentos devem ter ficado mais “salgados”, refletindo o impacto da tragédia do Sul nos preços, enquanto a inflação de serviços segue elevada.
Seja como for, o que desagrada o mercado doméstico não é a inflação corrente, mas as expectativas inflacionárias. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a afirmar ontem que o processo de desinflação no Brasil em direção à meta segue em curso. Porém, há um desalinhamento das previsões quando se olha para frente.
Ou seja, ou os números da inflação começam a mostrar uma estagnação no processo de queda - e até mesmo um repique - ou será preciso haver uma “reancoragem” das expectativas. Do jeito que está, a conta não fecha. Como já dito, o IPCA e o IPCA+ estão fora da ordem.
IPCA abre caminho para Fed
Mas a agenda desta terça-feira (11) serve apenas de aquecimento para o destaque da semana, amanhã. A depender da previsão do Federal Reserve para o total de cortes na taxa de juros dos Estados Unidos ainda em 2024, os investidores devem ajustar suas expectativas - inclusive para a inflação e a Selic no Brasil.
Vale lembrar que no começo do ano, quando os mais otimistas previam até sete cortes por parte do Fed (com o primeiro em março), o mercado aqui defendia um dígito para o juro básico e falava em dólar abaixo de R$ 5. Assim, não é a aversão ao risco Brasil que piorou, é a inação do Fed até agora que provoca ajustes contínuos, afetando mais os emergentes.
Apesar do que se ventila por aí, o pânico fiscal é exagerado. Em algum momento, essas expectativas mais pessimistas vão bater de frente com a realidade de juros mais baixos nos EUA - e não serão poucos os que irão dizer que era melhor o BC ter cortado mais a Selic. Aliás, serão os mesmos que hoje dizem não haver mais espaço para novos cortes.
⏰️ Confira o desempenho dos mercados globais por volta das 6h45:
EUA/Futuros: Dow Jones -0,31%; S&P 500 -0,24% e Nasdaq -0,27%;
NY: Ibovespa em dólar (EWZ) +0,02% no pré-mercado; nos ADRs, Vale -0,96% e Petrobras +0,41%;
Europa: índice Stoxx 600 -0,36%; Frankfurt -0,33%; Paris -0,28% e Londres -0,47%;
Ásia/Fechamento: Tóquio +0,25%; Hong Kong -1,04% e Xangai -0,76%;
Câmbio: DXY +0,11%, aos 105.26 pontos; euro -0,15%, a US$ 1,0751; libra -0,02%, a US$ 1,2729; dólar +0,18% ante o iene, a 157,22 ienes;
Treasuries: rendimento da T-note de dez anos em 4,431%, de 4,466% na sessão anterior; o rendimento da T-bill de 2 anos estava em 4,853%, de 4,889% na mesma comparação;
Commodities: ouro -0,29%, a US$ 2.320,90 a onça na Comex; petróleo WTI -0,15%, a US$ 77,61 o barril; Brent -0,06%, a US$ 81,58 barril; o contrato futuro do minério de ferro mais líquido (setembro/24) fechou em -2,73% em Dalian (China), a 818 yuans a tonelada métrica (US$ 114,25) após ajustes.
Commentaires