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Mercado recompõe fôlego e interrompe rali


A dicotomia entre o formato da recuperação econômica após o surto de coronavírus no mundo e o desempenho do mercado financeiro, que já volta aos níveis pré-pandemia, reduz o apetite por risco dos investidores, que começam a questionar se o histórico rali dos ativos não foi longe demais. Afinal, por mais que haja alguma retomada da atividade, paira uma luz amarela sobre a velocidade e a magnitude da economia global após a crise da Covid-19.


Por isso, as principais bolsas europeias iniciaram o dia no vermelho e os índices futuros das bolsas de Nova York amanheceram em queda firme, com o mercado financeiro engatando uma realização de lucros. Na Ásia, porém, prevaleceu o sinal positivo, sob influência dos ganhos em Wall Street na véspera, quando o S&P 500 zerou as perdas acumuladas em 2020 e o Nasdaq atingiu nova máxima histórica. Já o dólar se fortalece em relação às moedas rivais pela primeira vez em nove sessões, o que pesa no petróleo.


O fator é que após as ações globais e as moedas emergentes voltarem aos níveis pré-pandemia, cresce o receio de que a recuperação dos ativos de risco tenha superado em muito o ritmo e o tamanho da retomada econômica após o coronavírus. Afinal, apesar de haver alguma normalização da atividade e do consumo, a falência de empresas e a perda de renda da população devem reduzir a grandeza da economia global.


Aqui no Brasil, o contexto político e sanitário enseja uma dose adicional de cautela, em meio aos esforços do governo Bolsonaro de combater os números de casos e mortes, ao invés da doença. As manifestações do domingo deixaram claro a perda de apoio da população e a gravidade da disseminação do coronavírus causa mal-estar não apenas na sociedade brasileira como também deteriora a imagem do país no exterior.


Esses riscos, internos e externos, põem em dúvida a sustentação do Ibovespa próximo a níveis dos 100 mil pontos, cravando sete altas consecutivas, na maior sequência em mais de dois anos, bem como o recuo do dólar já para a faixa de R$ 4,85, aprofundando a queda livre após a moeda norte-americana registrar a maior desvalorização semanal desde 2008. Com isso, surgem oportunidades para a busca por proteção (hedge).


Cautela pré-Fed


Nesta véspera de eventos relevantes, como a decisão de juros do Federal Reserve e a divulgação do índice oficial de preços ao consumidor brasileiro (IPCA), o mercado financeiro interrompe o rali histórico. Mas enquanto o IPCA deve apresentar deflação em maio, pavimentando o caminho para uma nova queda da Selic neste mês, a reunião do Fed não deve trazer novidades, mantendo os estímulos que inundaram a liquidez.


A expectativa é de que o Fed sustente a retórica de que não será um dado isolado - no caso, o surpreendente e positivo relatório de emprego nos Estados Unidos (payroll) - que irá justificar uma revisão dos trilhões de dólares jorrados, o que tende a dar conforto ao mercado financeiro no curto prazo. A dúvida é em relação ao longo prazo, já que se sabe que a cadeia global de suprimentos [e o mercado consumidor] foram afetados.


Já nesta terça-feira agenda econômica começa cedo, com a divulgação da terceira e última leitura do Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro no primeiro trimestre deste ano, e termina tarde, com índices de preços ao consumidor (CPI) e ao produtor (PPI) chinês. Ao longo do dia, nos EUA, saem os estoques no atacado e o relatório Jolts com dados sobre as contratações e demissões, ambos às 11h e referentes ao mês de abril.


No Brasil, o calendário do dia traz uma série de divulgações, mas o destaque fica com a nova estimativa para a safra agrícola deste ano (9h). Pela manhã, também serão conhecidos indicadores antecedentes e coincidentes sobre o mercado de trabalho no Brasil, dados regionais sobre a atividade industrial e os preços ao consumidor (IPC), além da primeira prévia deste mês do IGP-M.


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