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Mercado olha para além do horizonte



O mercado financeiro olha para além da escalada da tensão geopolítica entre Estados Unidos e China e mantém o otimismo com relatos de vacina contra Covid-19 e de reabertura das principais economias globais, o que sustenta o apetite por risco no exterior e deve embalar os negócios locais, ainda mais diante de uma agenda sem destaques hoje. Os investidores projetam um cenário mais construtivo à frente, apoiando-se na liquidez abundante e nos pacotes fiscais expressivos lançados por governos e bancos centrais.


As bolsas na Europa e em Nova York indicam um dia de ganhos, mas Xangai e Hong Kong tiveram perdas moderadas, diante das ameaças do governo Trump de impor uma série de sanções à China por causa do projeto de lei de segurança nacional que envolve a ex-colônia britânica. O petróleo também recua, enquanto o dólar avança, com destaque para o yuan chinês (renminbi), que é cotado no menor nível desde setembro de 2019.


O presidente dos EUA, Donald Trump, prometeu dar uma resposta “forte e muito poderosa” à China até o fim desta semana e as especulações são de que Washington irá declarar que Hong Kong perdeu a autonomia. Entre as medidas, estariam o controle sobre transações financeiras e congelamento de ativos de autoridades e empresas chinesas, além de restrições de visto. Também não se descarta o envio de tropas norte-americanas à região.


Talvez, por isso, o presidente chinês, Xi Jinping, teria ordenado às forças armadas do país para fortalecer “de maneira abrangente” o treinamento de tropas e se “preparar para a guerra”, salvaguardando a soberania nacional. As declarações foram feitas em plenária da delegação do Exército de Libertação Popular (PLA), no âmbito das “Duas Sessões”.


Mas o mercado financeiro apenas monitora esses riscos geopolíticos e segue confiante em uma recuperação econômica global bastante rápida, à medida que a atividade é retomada e as pessoas voltam a circular pelas ruas, após o fim dos bloqueios (lockdown) e do isolamento social. Esse otimismo impulsiona os ativos aos níveis mais altos desde o início de março, ignorando também a possibilidade de ressurgimento de casos do vírus.


Enquanto isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que o mundo ainda está “no meio da primeira onda” de contágio do novo coronavírus e cita a trajetória crescente de casos e óbitos de Covid-19 no Brasil, onde a transmissão é intensa e o número de mortes bate recordes, e também na Índia. Portanto, ainda nem é o cenário de uma segunda onda de contágio no mundo - cuja proporção e gravidade ainda são desconhecidos.


O alerta deveria diminuir as esperanças do mercado financeiro em relação a uma rápida recuperação econômica global e a volta à normalidade. Mas sabe-se que a instituição vem perdendo credibilidade, em meio às acusações feitas por Trump. Assim, o aviso da OMS só será levado em conta se (quando) houver uma nova e agressiva fase de contaminação, resultando em um novo revés nos ativos de risco globais.


Agenda sem destaques


Mais uma sondagem da FGV sobre a confiança do empresariado brasileiro, desta vez do setor industrial, será conhecida hoje (8h). Assim como em outros segmentos econômicos (comércio, construção civil e consumidor), já divulgados nesta semana, o levantamento deste mês deve mostrar recuperação, após o tombo em abril.


Ainda por aqui, saem os dados do Banco Central sobre o setor externo em abril (9h30) e sobre a entrada e saída de dólares do país (fluxo cambial) até a semana passada (14h30). Também é esperado o relatório mensal da dívida pública em maio (10h). Já no exterior, destaque apenas para o Livro Bege do Federal Reserve (15h).


Entre os eventos de relevo, o presidente Jair Bolsonaro deve sancionar hoje o projeto de lei de ajuda financeira a Estados e municípios no valor total de R$ 60 bilhões, aprovado pelo Congresso Nacional no início do mês. A expectativa é de que seja vetado o trecho que possibilita o reajuste de salários dos servidores públicos até o fim do ano que vem.


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