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Mercado em ritmo lento na Black Friday


Data marcada por grandes promoções no varejo se contrasta com ritmo devagar dos mercados globais, que seguem com dificuldades de liquidez na esteira do feriado dos EUA


As bolsas de Nova York voltam a abrir hoje, na Black Friday que se segue ao feriado de Ação de Graças, mas funcionam a meio mastro, fechando o pregão mais cedo (15h), o que tende a manter a liquidez do dia reduzida, enquanto os consumidores vão as compras no comércio. Ontem, o Ibovespa registrou um dos giro financeiros mais baixos de 2020, reforçando a tese de que é o fluxo estrangeiro que tem sustentado o voo recente da Bolsa brasileira, desviando os ativos locais das incertezas econômicas.

Com isso, os ajustes de fim de mês foram adiados para a próxima segunda-feira. Os investidores terão o fim de semana para avaliar o rali acelerado dos mercados globais em novembro, apesar da pandemia persistente na Europa e nos Estados Unidos, bem como da aceleração de casos de coronavírus no Brasil e da paralisação dos trabalhos em Brasília.

A possibilidade de uma vacina eficaz contra a covid-19 nos próximos meses e a maior clareza política após as eleições nos Estados Unidos animaram os mercados. Mas a missão de vacinar a população mundial é repleta de problemas logísticos, enquanto os números do vírus no mundo aumentam e a recuperação econômica titubeia.

Ainda assim, o otimismo deve manter o ímpeto dos negócios em dezembro, diante da perspectiva de estímulos monetários adicionais por parte do Federal Reserve e do Banco Central Europeu e de mais um pacote fiscal trilionário a ser lançado pela Casa Branca sob nova direção. E o mercado doméstico deve continuar vivendo do bom humor externo.

Smart Money

Porém, fica a preocupação dos investidores com o ajuste fiscal, que está longe de ser equacionado, ao mesmo tempo em que os fundamentos econômicos vão se deteriorando. O respeito à regra do “teto dos gastos” dificulta a extensão do auxílio emergencial em 2021 o que, por sua vez, deve interromper a melhora da atividade - e também a alta da inflação.

Nesse dilema, desentendimentos dentro da equipe econômica e entre o Palácio do Planalto e o Congresso travam as negociações, mantendo as dúvidas quanto ao andamento da agenda de reformas e a sustentabilidade das contas públicas. Em meio a tantos riscos, é preciso estar atento ao movimento dos ativos locais.

Afinal, como se diz no mercado, quando a Bolsa sobe, junto com o dólar e os juros futuros - ou caem em bloco - “alguém está mentindo”. Ou seja, o dinheiro que está vindo de fora e sustentando o rali por aqui pode não ser muito confiável e se tratar do chamado smart money que, do mesmo jeito que vem, vai. Fique esperto quando o fluxo reverter.

Por ora, o movimento dos mercados internacionais segue de forma lateral, ainda enfrentando dificuldades de liquidez nesta Black Friday, quando os consumidores vão às compras e os investidores seguem de fora das operações. Os índices futuros das bolsas de Nova York oscilam na linha d’água, mas sustentam um ligeiro viés positivo.

As principais praças também ensaiam ganhos. Na Ásia, destaque para a alta de mais de 1% da Bolsa de Xangai, embalada pelo aumento no lucro das empresas industriais na China em outubro no maior ritmo em quase nove anos, em mais um sinal de que a recuperação da atividade no país está ganhando ritmo. O petróleo cai e o dólar também.

IGP-M e Pnad em destaque

A agenda econômica desta sexta-feira traz dados atualizados do mercado de trabalho no Brasil (Pnad) até outubro (9h), o IGP-M de novembro (8h) e sobre as operações de crédito no país no mês passado (9h30). No exterior, será conhecido o sentimento do consumidor na zona do euro, logo cedo (7h).

A expectativa é de que a taxa de desocupação no Brasil registre novo recorde, aproximando-se de 15% ao final do terceiro trimestre deste ano, depois de encerrar o período anterior em 13,3%. A abertura dos dados deve mostrar um mínimo histórico da população ocupada e um total recorde de pessoas na informalidade e/ou sem ocupação.

Já o IGP-M deve manter o ritmo de alta e subir 3,23% em novembro, após avançar 3,19% em outubro. Com leituras mensais ainda “salgadas”, a taxa acumulada em 12 meses deve acelerar a 24,5%. O indicador é conhecido por reajustar os valores dos contratos de aluguéis.


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