O mercado e o grande recomeço
- Olívia Bulla
- há 4 minutos
- 2 min de leitura
Mercado tem dificuldade em reiniciar a máquina e mantém confiança nos EUA

O mercado financeiro absorveu bem o rebaixamento da nota de crédito dos Estados Unidos. As bolsas de Nova York encerraram o pregão ontem em ligeira alta, o índice DXY que mede a força do dólar ficou acima da marca de 100 pontos e o juro projetado do título norte-americano de 10 anos fechou abaixo de 4,5%.
No Brasil, o Ibovespa rompeu pela primeira vez os 140 mil pontos durante o pregão, antes de devolver parte dos ganhos. Ainda assim, fechou em nova marca histórica. Já o dólar teve leve baixa para a faixa de R$ 5,65. Nesta terça-feira (20), a agenda econômica é fraca, abrindo espaço para os acontecimentos da véspera.
Fato é que o rebaixamento do rating dos EUA pela Moody’s era apenas uma questão de tempo. Em novembro de 2023, a agência de classificação de risco rebaixou a perspectiva da nota de estável para negativa, dando sinais de que logo reduziria a nota de crédito soberano.
Demorou demais até. Ainda mais se considerar que a Moody’s é a última das três grandes agências a retirar o selo triplo A dos EUA. A S&P foi a primeira, em 2011. Mais de dez anos depois, em agosto de 2023, foi a vez da Fitch rebaixar a nota do país em um degrau.
Portanto, o rebaixamento da Moody’s ao final da semana passada não diz nada que os mercados já não sabiam. Talvez, por isso, mais preocupante é o movimento recente nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA e no dólar.
“O dólar TEM QUE derreter. Isso é a porta de saída que os institucionais precisam para sair”, escreveu o economista André Perfeito na noite de sexta-feira, logo após o anúncio da Moody’s. Em outras palavras, nenhum dos dois ativos garante a proteção de outrora e a diversificação é a estratégia ideal.
Porém, é nítida a dificuldade que o mercado tem em reiniciar a máquina. Está clara a confiança dos investidores no tamanho, resiliência e dinamismo da economia dos EUA, principalmente no papel do dólar como moeda de reserva global. Daí por que nada mudou.
“Tudo como dantes no Quartel de Abrantes”, diriam nossos colonizadores. Uma expressão tão atual para retratar com a mesma crítica irônica a passividade dos mercados. O mercado é soberano, defendem alguns. Ou seria apenas um fim em si mesmo?
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