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Dia de agenda cheia


A semana que começou com o mercado financeiro apostando em um rali de fim de ano, após o “cessar-fogo” na guerra comercial entre Estados Unidos e China somar-se ao tom suave (“dovish”) na fala dos dirigentes do Federal Reserve, chega ao fim com os investidores percebendo que, de lá para cá, muitos gatilhos engataram uma piora dos ativos de risco.

Hoje, a agenda carregada de indicadores econômicos, no Brasil e no exterior, tende a elevar o vaivém dos negócios. Mas também merece atenção o evento do cartel de países produtores de petróleo (Opep), que continua em Viena, após um impasse sobre o corte na produção da commodity, o que não acontecia há cinco anos. Talvez não haja um consenso hoje.

Entre os indicadores, a sexta-feira começa com índices de preços no Brasil, que devem registrar deflação em novembro. O IGP-DI deve cair 0,6% no mês passado, apagando totalmente a alta verificada em outubro e reduzindo a taxa acumulada em 12 meses para abaixo de dois dígitos.

Os números oficiais serão conhecidos às 8h. Na sequência (9h), sai a inflação oficial ao consumidor brasileiro. O IPCA deve registrar a menor taxa do ano, de -0,13%, no resultado mais baixo para o mês em duas décadas. Com isso, o índice acumulado deve afastar-se da meta perseguida pelo Banco Central, de 4,5%, ficando ao redor de 4,2%.

No mesmo horário, serão conhecidos dados sobre o custo na construção civil e sobre o desempenho regional da indústria. Depois (11h30), o foco se ajusta para os EUA, que anunciam o número de postos de trabalho criados no país em novembro, a taxa de desemprego no período e os rendimentos médios por hora, no chamado payroll.

A previsão é de geração de 195 mil vagas de emprego, com a taxa de desemprego seguindo no menor nível desde 1969, em 3,7%, e o ganho médio por hora mantendo o ritmo de crescimento de 0,3% ao mês (cerca de 3% na comparação anual, no ritmo mais acelerado desde 2009). Os números podem ser os últimos a calibrar as apostas para a decisão do Fed neste mês, quando deve elevar a taxa de juros pela quarta vez no ano.

Mais que isso, o payroll pode ajudar a desenhar o cenário dos juros para 2019, em meio às apostas de que o fim do ciclo de alta está próximo. Por ora, o plano de voo do Fed prevê até três apertos no ano que vem. Mas esse total pode ser reduzido a duas ou crescer para quatro, a depender dos sinais de acúmulo de pressão inflacionária vindos, principalmente, do aumento dos salários.

Ontem, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que o mercado de trabalho nos EUA permanece forte, olhando-se por vários aspectos, com destaque para a geração de vagas e para o aumento gradual dos salários. Foi a última declaração pública do comandante da autoridade monetária antes da decisão de juros neste mês, no próximo dia 19.

Também no calendário norte-americano de hoje saem os estoques no atacado em outubro e a versão preliminar do índice de confiança do consumidor em dezembro, ambos às 13h. No fim do dia (18h), é a vez dos dados sobre o crédito ao consumidor em outubro. Logo cedo, sai a leitura final do Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro no terceiro trimestre deste ano.

Na virada de hoje para amanhã, merecem atenção os dados da China sobre a balança comercial e a inflação ao produtor (PPI) e ao consumidor (CPI) em novembro. Os investidores também acompanham a resposta de Pequim ao pedido dos EUA ao Canadá para prender uma executiva chinesa da Huawei, filha do fundador da empresa de tecnologia.

Meng Wanzhou deve ser extraditada para os EUA nesta sexta-feira. A notícia reacendeu os temores com a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, que já vinha sendo questionado pela fragilidade da trégua de 90 dias na adoção de novas tarifas. Essas preocupações somaram-se à inversão da curva de juros norte-americana - que não ocorria desde 2007 e é entendida com um sinal que uma desaceleração econômica global se avizinha.

Em meio a esses temores e à espera dos indicadores econômicos do dia, os índices futuros das bolsas de Nova York têm leves perdas, após uma sessão positiva na Ásia, onde Tóquio subiu (+0,8%), mas Hong Kong e Xangai ficaram de lado. As ações do setor de tecnologia se recuperaram, mas os investidores continuam monitorando o atrito entre EUA e China.

As principais bolsas europeias também caminham para uma abertura em alta, recuperando-se das fortes perdas da véspera, quando registraram o pior desempenho desde junho de 2016. O euro e a libra perdem terreno para o dólar, com a moeda norte-americana medindo forças em relação aos rivais, à medida que o rendimento (yield) do título de 10 anos (T-note) se estabiliza ao redor de 2,9%. Já o petróleo recua, antes da decisão da Opep.

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