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Dúvidas com reforma trazem cautela antes do feriado


O feriado nacional amanhã encurta a semana dos mercados domésticos mais uma vez e essa pausa forçada pode redobrar a cautela por aqui, já que os negócios no exterior vão funcionar normalmente na sexta-feira. De qualquer forma, o impacto do ambiente internacional no cenário local tem sido minimizado, em meio à batalha política no Congresso para aprovar as reformas propostas pelo governo.

Os investidores estão mais receosos em relação às possíveis dificuldades do governo na aprovação da reforma da Previdência. Mesmo com a aprovação no pedido de urgência sobre as mudanças nas leis trabalhistas ontem, revertendo a derrota do governo e podendo passar o texto em junho, pegou mal o adiamento para maio da votação do parecer das novas regras para aposentadoria.

O governo cedeu à pressão da oposição e adiou a votação na comissão especial para o início do mês que vem. O objetivo inicial era votar o parecer na semana que vem. Trata-se apenas do mais recente recuo, realçando que os próximos dias serão de intensas negociações, que podem resultar em mais alterações.

Ainda assim, as mudanças já feitas na reforma da Previdência não garantem os votos necessários para aprovar a reforma. Levantamento preliminar da imprensa feito com 305 deputados mostra que apenas 50 estão dispostos em aprovar o texto e 150 afirmaram que vão votar contra. Outros 77 não responderam e 27 estão indecisos.

Ou seja, o número de deputados contrários a reforma ainda é superior ao de favoráveis, destacando os desafios que o governo terá pela frente. Até então, a expectativa era de que a questão fosse resolvida rapidamente. O Palácio do Planalto ainda considera que conseguirá reverter o quadro, mas será preciso se mobilizar mais.

Além disso, as mudanças já inseridas ao texto original devem fazer com que os gastos com aposentadorias e pensões continuem crescendo em ritmo acelerado nas próximas duas décadas. Assim, a flexibilização das regras pode fazer com que a emenda do teto dos gastos públicos perca eficácia em 2026. E, o pior, novas concessões podem surgir.

Aos poucos, então, a ficha do mercado começa a cair. Ainda assim, essa percepção não provoca uma debandada dos ativos de risco por causa do cenário benigno de queda da inflação e dos juros no Brasil. Aliás, hoje, será conhecida a prévia da inflação oficial ao consumidor em abril, que deve intensificar as apostas de um recuo maior da taxa Selic.

A expectativa é de que o indicador ganhe força e registre alta de 0,3% neste mês, dobrando a taxa registrada em março (+0,15%), mas registrando o menor resultado para o mês em dez anos. No acumulado em 12 meses, a taxa deve ficar abaixo do alvo estipulado pelo Banco Central, de 4,5%, no menor nível para o período desde 2010.

Os números efetivos serão divulgados às 9h. No exterior, a proximidade do primeiro turno da acirrada eleição presidencial na França, no domingo, e a aprovação de um pleito antecipado no Reino Unido, em junho, eleva as incertezas no Velho Continente, o que tende a ampliar a postura defensiva dos investidores por aqui.

No segundo semestre, tem ainda o processo eleitoral na Alemanha, para o qual a chanceler Angela Merkel tenta um quarto mandato. Ao mesmo tempo, a tensão geopolítica na península coreana permanece, o que dificulta um tom otimista nos mercados, com os ativos vulneráveis a tantos riscos.

Para o vice-presidente do Federal Reserve, Stanley Fischer, o fortalecimento da economia global deve suportar um aperto monetário gradual nos Estados Unidos. Porém, o receio em relação à capacidade do governo Trump de passar medidas-chave para a acelerar a atividade norte-americana representa um risco aos negócios.

Logo cedo, os mercados internacionais não apresentavam uma direção única, em meio às dúvidas quanto ao brilho da economia pelo mundial diante de tantos focos de tensão. As principais bolsas europeias estão na linha d'água, divididas entre o sinal positivo que prevaleceu na Ásia e o movimento lateral em Wall Street.

O petróleo se recupera da maior queda em mais de um mês, interrompendo três sessões seguidas de baixa, assim como os metais básicos, enquanto o dólar perde terreno. Destaque para o xará neozelandês ("kiwi"), que ganhou tração após a inflação no país atingir o alvo do banco central local (RBNZ) pela primeira vez em mais de cinco anos.

No calendário econômico, saem os pedidos semanais de auxílio-desemprego feitos nos Estados Unidos e o índice regional de atividade na Filadélfia, ambos às 9h30. Às 11h, tem a leitura preliminar de abril da confiança do consumidor na zona do euro e também os indicadores antecedentes norte-americanos.

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