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Mercado se anima com notícias de Brasília


O mau humor dos mercados internacionais dá uma trégua hoje, véspera da divulgação dos números oficiais sobre o emprego nos Estados Unidos. Apesar do receio dos investidores no exterior em relação à menor disposição dos bancos centrais em adotar estímulos, os negócios locais estão mais atentos às notícias vindas de Brasília. E a recepção calorosa dos parlamentares às medidas de ajuste fiscal do governo Temer deve animar o pregão de hoje.

Ontem, a aprovação na Câmara por 292 votos contra 101 da proposta do pré-sal, que desobriga a Petrobras de atuar em todos os consórcios da camada, ampliando a participação privada na exploração dos campos, preparara o terreno para a votação, na comissão especial, da proposta (PEC) do teto dos gastos públicos, hoje, a partir das 11h. O texto sofreu mudanças de última hora, de modo a garantir a aprovação pelos deputados.

Pelo novo regime fiscal, que pretende tirar o Brasil do vermelho, os gastos com saúde e educação terão um piso mínimo, calculado com base nas receitas da União. De qualquer forma, os porcentuais serão inferiores ao que estabelece a Constituição Federal de 1988, que obriga o governo federal a despender pelo menos 18% com educação e a mesma quantia do ano anterior mais a variação do Produto Interno Bruto (PIB) na saúde.

A oposição até que se agitou, dizendo que a PEC 241 retira direitos da população, congelando o investimento social em políticas públicas, mas a base aliada já fechou questão para a aprovação da medida, com os 38 deputados da comissão devendo votar com o governo. O placar da votação hoje é importante, pois tende a sinalizar a aceitação do projeto no plenário da Casa, com o primeiro turno previsto para a próxima terça-feira.

Para ser aprovada, a PEC precisa de um quinto dos votos dos 513 parlamentares (308), nos dois turnos. Antes, será apreciada a alteração das normas da repatriação de recursos no exterior, com uma extensão do prazo de vencimento. Depois de dizer que o Palácio do Planalto trata os deputados como "palhaços" na discussão do projeto, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, resolveu adiar a votação da pauta para segunda-feira que vem.

Maia teria se irritado após o governo dizer que não aceitaria mudanças em dois dos principais pontos do projeto sobre a regularização de bens e recursos de brasileiros mantidos ilegalmente fora do país. A tese da "foto" restringe a arrecadação até 31 de dezembro de 2014, como querem os deputados. Já no "filme", a tributação incide sobre todos os valores e bens movimentados pelo contribuinte até agora, como quer a Receita Federal.

Na agenda de indicadores econômicos, saem os dados antecedentes do IBGE e da Anfavea sobre a produção agrícola (9h) e a indústria automotiva (11h20) em setembro. Entre os eventos de relevo, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, cumprem agenda oficial em Washington e em Nova York, onde participam das reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial. Já o presidente Michel Temer reúne-se com o ministro das Relações Exteriores, José Serra.

No exterior, destaque para a ata da reunião de setembro do Banco Central Europeu (BCE), às 8h30. No documento, os investidores vão procurar pistas em relação às discussões da autoridade monetária da zona do euro quanto à retirada de estímulos à economia da região, após as preocupações em relação ao fim do programa de afrouxamento quantitativo (QE).

À espera desses sinais, as principais bolsas europeias ensaiam ganhos, mas têm fôlego reduzido, com os investidores também receosos em relação a um aumento dos juros nos Estados Unidos. O Federal Reserve parece cada vez mais convicto de que a economia norte-americana suporta uma nova alta no custo do empréstimo, diante dos sinais de melhora da atividade, ao mesmo tempo em que se mostra reticente em agir e assustar o mercado financeiro, ávido por uma liquidez abundante de recursos.

Em Nova York, os índices futuros das bolsas estão na linha d'água, sem um viés definido, ao passo que o dólar se mostra cada vez mais forte, valorizando-se em relação aos demais rivais, e o rendimento (yield) dos juros (Treasuries) de 10 anos sobe pelo quinto dia. Na agenda norte-americana, saem apenas os pedidos semanais de auxílio-desemprego feitos no país (9h30), deixando Wall Street já à espera da temporada de balanços, na próxima semana.

O petróleo, por sua vez, se enfraquece, saindo dos maiores níveis desde junho, o que afeta as bolsas e moedas de países emergentes. O ouro cai à mínima em três meses, enquanto o iene registra a maior sequência de queda desde julho de 2014. Ambos os ativos são tidos como refúgio na busca dos investidores por proteção, mas o dólar se mostra como o principal porto seguro, diante do sentimento combalido em relação à política monetária das maiores economias do mundo.

As apostas de aumento da taxa dos Fed Funds (FFR) em dezembro subiram para 62% de chance, de 54% uma semana antes. Ao mesmo tempo, os bancos centrais da zona do euro (BCE) e do Japão (BoJ) dão sinais mais intermitentes de que a era dos estímulos sem precedentes está chegando ao fim. Nesse ambiente, a volatilidade deve ditar o rumo dos negócios, ao sabor de cada divulgação.

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