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Atividade mostra por que BCs não têm pressa


Dados de atividade fecham a semana de negócios nos mercados financeiros. A melhora do índice dos gerentes de compras (PMI) da indústria na Alemanha em julho para o maior nível desde o início de 2014 se contrasta com a queda do indicador composto, que engloba também o setor de serviços, no Reino Unido para o menor patamar desde abril de 2009, já refletindo como o "Brexit" tem afetado a economia da região.

Contudo, as principais bolsas europeias apagaram o sinal negativo que prevalecia desde cedo e passaram a subir, embaladas pelos ganhos exibidos pelos índices futuros das bolsas de Nova York, que aguardam o indicador sobre a produção manufatureira nos Estados Unidos neste mês (10h45) e também o balanço da General Eletric (GE). Porém, as principais commodities recuam, em meio ao fortalecimento do dólar ante as demais moedas rivais.

O destaque fica para a queda de cerca de 1% da libra esterlina, que apaga a valorização na semana e encosta na marca de US$ 1,30, após o PMI composto britânico cair a 47,7 neste mês, ficando abaixo da linha divisória entre expansão e contração da atividade. Já o euro se segura na faixa de US$ 1,10, após a alta do PMI industrial alemão a 56,8 em julho, de 55,7 em junho. O agregado do indicador que também abrange o setor de serviços na Alemanha foi a 55,3, de 54,4 no período, alcançando o maior nível do ano.

Ainda que frágeis, os sinais de recuperação das economias nos dois lados do Atlântico Norte vão de encontro com as apostas dos investidores por estímulos monetários adicionais por parte dos principais bancos centrais globais. Enquanto crescem as apostas de que o Federal Reserve irá elevar os juros norte-americanos ainda neste ano - provavelmente em dezembro, os BCs da zona do euro (BCE) e do Japão (BoJ) mostram que não têm pressa em lançar uma nova rodada de liquidez.

Afinal, a eficácia da política de juros zero na retomada da atividade mostra que tem efeitos limitados, pois o grande problema do crescimento econômico global é a falta de demanda. Essa percepção arrisca a expectativa de elevado fluxo capital externo em direção aos países emergentes, que têm surfado na onda de liquidez.

Porém, por mais que os bancos centrais não se mostrem dispostos, o ambiente internacional já trabalha com um alto nível de liquidez, o que favorece a migração de recursos para ativos mais arriscados. O Brasil está entre os mais atraentes ao capital externo, uma vez que ao afastar a chance de corte na taxa Selic no curto prazo, o BC doméstico (Copom) manteve a atratividade no rendimento dos juros básicos brasileiros - o maior do mundo, em termos reais.

A fim de testar esse apetite estrangeiro por ativos nacionais, o Tesouro lançou ontem o título com prazo de vencimento de 30 anos, em 2047, e captou US$ 1,5 bilhão no mercado externo. O retorno do papel é de 5,875% e ficou acima do bônus de mesmo vencimento emitido em julho de 2014, quando foram captados US$ 3,5 bilhões.

Porém, a demanda do novo título foi quatro vezes superior ao valor vendido, chegando a US$ 6 bilhões. Para o Tesouro, esse montante mostra o "apelo" estrangeiro pelo país, mesmo após a perda do selo de grau de investimento. Além disso, essa primeira operação realizada pelo governo interino de Michel Temer serviu para testar o humor externo em relação ao Brasil.

Até por isso, o movimento de realização de lucros ensaiado pela Bovespa, na quarta-feira, e pelo dólar, ontem, mostra fôlego curto. A moeda norte-americana vem girando perto das mínimas em um ano, ao passo que a Bolsa vem sendo negociada nas máximas desde maio de 2015.

Hoje, pode haver uma nova tentativa em embolsar os ganhos recentes com ações brasileiras e com o real, diante da maior cautela no exterior. A conferir.

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