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Está faltando dinheiro nos mercados e no governo


O mês de agosto chega ao fim com os mercados financeiros registrando o pior desempenho mensal em anos, sendo que as perdas são capitaneadas pela Bolsa de Xangai - epicentro da recente onda de turbulência global. Mas no Brasil o dia é marcado pelo prazo final da proposta do Orçamento de 2016 e a notícia de que o texto irá prever um déficit primário deve potencializar esse efeito externo nos ativos locais.

Nem mesmo os leilões de linha do Banco Central devem aliviar a pressão no câmbio nesta segunda-feira, uma vez que o projeto de lei que chega hoje ao Congresso Nacional traz, pela primeira vez na história, a previsão de um novo desequilíbrio fiscal, tornando cada vez mais real a ameaça de perda do selo de grau de investimento do Brasil. A estimativa é de um déficit primário da ordem de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano que vem - em uma nova derrota do ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

Durante o fim de semana, em um evento na cidade de Campos do Jordão (SP), Levy afirmou que a economia brasileira já começou a mostrar sinais de recuperação, principalmente pelo lado externo - diante da influência da desvalorização cambial nas exportações e nas importações do país. Porém, ele destacou que muito ainda precisa ser feito, como simplificar os impostos, aumentar a poupança para ter investimento e também encarar a reforma do Estado.

E é exatamente nesse último quesito que o ministro vem encontrando resistência. Para o Palácio do Planalto, a despesa do governo "já está no osso" e a estratégia política seria de convencer o Congresso a tomar medidas duras, com o rombo das contas públicas tendo um "efeito pedagógico" na Casa. O tema deve ser o assunto central da tradicional reunião de coordenação política, que acontece às 9 horas.

O ministro da Fazenda estará presente no encontro e embarca à tarde para São Paulo, onde participa de um evento que reunirá diversas autoridades e lideranças do país, entre eles, o vice-presidente da República Michel Temer e o juiz Sérgio Moro, da Operação Lava Jato. O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, por sua vez, cumpre atividades em Brasília.

Ele esteve reunido com os principais banqueiros centrais do mundo na cidade de Jackson Hole (Wyoming, EUA), de onde não saiu nenhum nova pista sobre qual passo será dado pelo Federal Reserve no mês que começa amanhã. Essa incerteza, somada aos receios com a desaceleração da economia chinesa, mantém certa aversão ao risco entre os investidores nesta manhã.

O índice Xangai Composto caiu 0,82% hoje, acumulando queda de 12% em agosto, após o tombo observado em julho. Nos últimos dois meses, Xangai registrou a maior desvalorização desde o auge da crise em 2008, em meio às preocupações de que as intervenções de Pequim para impulsionar o mercado estão falhando.

Nos mercados emergentes, o índice MSCI caminha para a pior performance mensal em mais de três anos, o que também respinga nas moedas desses países. O rublo russo devolve dois dias de ganhos ante o dólar, ao passo que o rand sul-africano renovou mínima histórica e o dólar australiano é cotado no menor valor em seis anos. O won sul-coreano, por sua vez, caiu ao nível mais baixo em quatro meses.

Os mercados asiáticos continuam na linha de frente da retirada global de recursos, com os fundos vendendo cerca de US$ 10 bilhões em ações na Coreia do Sul, Índia, Taiwan, Tailândia, Indonésia e Filipinas. Já na Europa, o índice Stoxx Europe 600 deve registrar o pior desempenho mensal em quatro anos, em meio às perdas das bolsas europeias nesta manhã - exceto em Londres, que está fechada devido a um feriado.

Por lá, os negócios avaliam o peso das declarações de autoridades do Fed e da falta de confiança na China na recuperação ainda incipiente da zona do euro. Um dos destaques na cidade localizada em um vale do interior norte-americano, o vice-presidente do BC dos Estados Unidos, Stanley Fischer, declarou que há "bons motivos" para acreditar que a inflação no país irá se mover para cima.

Os mercados elevaram na última sexta-feira para 38% as apostas de que a primeira alta nos juros dos EUA desde 2006 ocorrerá em setembro, de 24% dois dias antes. O divisor de águas para os mercados pode ser o sempre aguardado relatório oficial do mercado de trabalho norte-americano, que sai na sexta-feira.

À espera do chamado payroll, os índices futuros em Wall Street iniciam a semana no vermelho, em linha com o recuo nos preços do petróleo. As commodities metálicas também têm queda firme. Na agenda do dia, saem dados de atividade nos EUA, ao passo que no Brasil as atenções se voltam para o Boletim Focus (8h30). À noite, a China informa o desempenho da indústria neste mês.

Ao longo da semana também serão conhecidos dados de atividade ao redor do mundo. A produção industrial brasileira sai na quarta-feira, no mesmo dia em que se reúne o Comitê de Política Monetária (Copom). Aliás, ainda nesta dia, nos EUA, também será divulgado o Livro Bege.

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