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Mercados digerem BCs


O mês de abril chega ao fim com os investidores em dúvida quanto aos próximos passos dos bancos centrais nos Estados Unidos e no Brasil. Depois do Copom dentro do previsto e do Fed sem novidades, ontem, a ausência de pistas em relação ao que pode acontecer nas próximas reuniões dá certo grau de liberdade às autoridades monetárias de ambos os países e, ao mesmo tempo, embute uma maior propensão ao embolso dos ganhos recentes entre os ativos de risco.

Os índices futuros das bolsas de Nova York, por exemplo, recuam nesta manhã, indicando uma continuidade das perdas da véspera na sessão regular. Já o juro das Treasuries avança, com a T-note de 10 anos indo um pouco além do nível de 2%, na máximas em seis semanas (desde 16 de março) e no quarto dia seguido de queda nos preços dos bônus - a mais longa sequência em 11 semanas (no período até 11 de fevereiro).

O movimento em Wall Street ainda ecoa a possibilidade que o Fed deixou em aberto de elevar o juro básico norte-americano na segunda metade deste ano. Isso porque o BC dos EUA disse que a recente desaceleração da maior economia do mundo foi devido a “fatores transitórios”, tornando ainda possível um aumento nos Fed Funds em setembro.

Uma vez que o Fed manteve a dependência por dados para tomar a decisão sobre os juros, as atenções se voltam hoje para os números de março sobre a renda pessoal e os gastos com consumo, às 9h30. No mesmo horário, saem também os pedidos semanais de auxílio-desemprego feitos no país e, às 10h45, é a vez do índice dos gerentes de compras (PMI) de Chicago em abril.

As expectativas apontam para uma queda nas solicitações do benefício pelo trabalhador e expansão da atividade no polo norte-americano pela primeira vez em dois meses. É válido lembrar que os EUA não comemoram o Dia do Trabalho amanhã, o que manterá os mercados por lá funcionando normalmente, enquanto os negócios em vários outros países do mundo estarão fechados, o que tende a redobrar a cautela.

No Brasil, a data não contará com o tradicional discurso do presidente da República em cadeia nacional de rádio e TV. Ciente da situação delicada do emprego no país, com a taxa nas principais regiões metropolitanas alcançando em março o maior nível desde maio de 2011, a presidente Dilma Rousseff optou por se manifestar apenas pelas redes sociais.

Hoje, ela reúne-se com centrais sindicais, às 10 horas, no único compromisso do dia. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, têm apenas atividades internas.

Ontem à noite, Tombini participou, juntamente com os demais integrantes do colegiado, da decisão unânime de subir o juro básico brasileiro em mais 0,50 ponto porcentual. Foi o quarto aumento seguido nesta magnitude e a quinta elevação consecutiva da Selic, que agora retoma o maior nível desde dezembro de 2008, em meio ao colapso do Lehman Brothers.

Com isso, o Brasil segue como maior pagador de juros reais do mundo, com uma taxa de 4,76%. Para analistas, o ciclo de alta dos juros está perto do fim, uma vez que o cenário de desaceleração da economia doméstica torna mais difícil novas elevações no juro, mesmo que com a inflação ainda em alta.

O calendário doméstico reserva para o dia as leituras finais de abril das sondagens dos setores da indústria e de serviços, às 8 horas. No mesmo horário, é esperada a divulgação da nota de política fiscal, pelo Banco Central, e a expectativa para o resultado primário consolidado é de superávit de R$ 3 bilhões, na mediana. À tarde, a Fiesp informa o nível de atividade industrial no mês passado.

A safra de balanços também ganha peso hoje, com as ações da Vale devendo repercutir o prejuízo líquido de R$ 9,5 bilhões da mineradora no primeiro trimestre deste ano, ante lucro de R$ 5,9 bilhões em igual período do ano passado. O impacto do câmbio foi o principal motivo de tal desempenho. Ontem, os papéis da companhia tiveram forte queda, contribuindo para o fechamento negativo da Bovespa.

Já na Europa, as principais bolsas da região exibem perdas, caminhando para o primeiro mês de desvalorização do ano, com os investidores ponderando o fortalecimento do euro e as preocupações com o enfraquecimento da economia global. A moeda única avança pelo sexto dia consecutivo ante o dólar, na mais longa série desde 2013, já cotada na casa de US$ 1,12.

Entre os indicadores da zona do euro, os preços ao consumidor pararam de cair em abril e ficaram estáveis, depois de recuarem 0,1% em março, em base anual. O índice de preços no varejo (CPI, na sigla em inglês) vinha caindo em cada mês desde dezembro, na comparação ante igual período do ano anterior, e a interrupção desse movimento afasta, em parte, o temor de uma espiral desinflacionária na região.

Além disso, a taxa de desemprego na zona do euro ficou estável em março, a 11,3%. A previsão era de queda a 11,2%. À noite, sai o resultado de abril da indústria na China e, amanhã, a agenda econômica está carregada nos EUA.

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