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Estímulos animam mercados no mundo


Depois de a política monetária no Brasil e nos Estados Unidos roubar a cena dos negócios nos últimos dois dias, hoje é a vez do Japão agitar os mercados financeiros, diante da decisão do Banco Central japonês (BoJ) de adotar um juro negativo contra o risco de deflação. Enquanto digerem essa nova rodada de estímulo vinda do outro lado do mundo, os investidores locais reagem às medidas para reativar a economia brasileira, anunciadas ontem pelo governo.

A fim de destravar o crédito para setores como habitação, agricultura, infraestrutura e pequenas e médias empresas, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, anunciou, durante o encontro do "Conselhão", um pacote de estímulo que injetará até R$ 83 bilhões em crédito na economia. As medidas contam com a atuação ativa dos bancos públicos e com o uso de recursos do FGTS, mas foram consideradas positivas por empresários presentes na reunião.

Segundo Barbosa, as medidas visam normalizar a oferta de crédito no país e não resultarão em custo ao governo, pois tratam apenas da simplificação do processo, com redução de riscos e financiamentos com taxas de mercados. Para ele, será o mesmo que "usar melhor os recursos disponíveis".

No entanto, algumas ações necessitam da aprovação do Congresso Nacional. Na próxima terça-feira, quando termina o recesso parlamentar, o ministro da Fazenda participa da primeira reunião do ano do governo com os líderes da base aliada na Câmara, quando irá apresentar os temas discutidos no Conselhão e pedirá um empenho na aprovação de propostas que estão em análise na Casa.

Entre as questões que ainda devem ser debatidas por deputados e senadores estão a reforma da Previdência e a recriação da CPMF. A presidente Dilma Rousseff defendeu esses dois pilares e argumentou que a volta do antigo "imposto do cheque" é a melhor solução disponível para solucionar os problemas de gasto do governo e fazer com que o Brasil volte a crescer de forma sustentável, garantindo a sustentabilidade de programas sociais.

Ela sugeriu a construção de uma "ponte fiscal", que conta ainda com o uso livre de parte da arrecadação pelo Executivo, por meio da prorrogação da DRU, e alterações no projeto que trata da taxação de bens de capital, via a tributação dos juros sobre capital próprio e sobre ganhos de capital. Para Dilma, é preciso aumentar a arrecadação para viabilizar o aumento da produção, a fim de garantir o equilíbrio das contas públicas.

No entanto, a presidente se disse aberta ao diálogo e à apresentação de uma alternativa para as contas públicas tão eficiente quanto à CPMF. Para Dilma, a "excepcionalidade do momento" torna o imposto a "melhor solução". Outras quatro reuniões do Conselhão, que conta com 92 integrantes, devem acontecer neste ano, sendo que a próxima será em abril.

Já no exterior, a novidade do dia fica com a mais recente rodada de estímulo vinda do Japão, que empurra a taxa de juros para abaixo de zero, depois de o custo do empréstimo no patamar mínimo positivo por anos. A decisão contudo é um pouco confusa, já que o BoJ vai impor taxas negativas em uma parcela do saldo da contas corrente que as instituições financeiras mantêm com o BC japonês, que foram divididos em três níveis, mas podem ficar em território ainda mais negativo, se julgar necessário.

A alteração entra em vigor em 16 de fevereiro. Em um primeiro momento, a reação positiva à decisão anunciada pelo presidente do BoJ, Haruhiko Kuroda, durou menos de meia hora. O índice japonês Topix subiu mais de 3%, mas depois passou a cair cerca de 1,5%, pressionado pelas ações de bancos. Ao final, fechou com alta ao redor de 2,8%, na mesma variação registrada pelo Nikkei.

Os ganhos se espalharam pela Ásia, com Hong Kong subindo 2,3% e Xangai avançando 3,1%, e chegaram até os mercados emergentes, com as medidas extras vindas do Japão reduzindo o custo do dinheiro e impulsionando o preço dos ativos de risco. As bolsas dos países da região sobem pelo terceiro dia, apagando o pior desempenho mensal desde agosto.

Já as moedas emergentes são beneficiadas também pelo o rali nos preços do petróleo, que já testa a marca de US$ 34 por barril, o que embala ainda os metais básicos. Essa combinação de ganhos, na Ásia e nas commodities, anima a Europa, que aguarda a prévia dos preços ao consumidor (CPI) em janeiro na zona do euro (8h). Os números devem corroborar os riscos de deflação também na região, instigando uma ação por parte do BC europeu (BCE) já em março.

Os índices futuros das bolsas de Nova York também têm alta firme, à espera dos dados preliminares do Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano referente ao último trimestre de 2015. A previsão é de uma desaceleração intensa da atividade nos EUA, para uma expansão de 0,9% na taxa anualizada, ante alta de 2% no trimestre anterior. O resultado efetivo será conhecido às 11h30, juntamente com o deflator do PIB e o índice de custo da mão de obra.

Os números podem calibrar as apostas em relação à próxima alta nos juros dos EUA, depois que o Federal Reserve deixou a porta aberta para março, mas também alertou para os riscos que a desaceleração na China e o derretimento nos preços do petróleo trazem à maior economia do mundo. Ainda nos EUA, saem o índice dos gerentes de compras de Chicago (12h45) e a leitura final do sentimento do consumidor (13h), ambos em janeiro.

Na safra de balanços, American Airlines, Mastercard e Whirlpool divulgam os resultados financeiros do quarto trimestre de 2015, antes da abertura do mercado.

Antes, às 10h30, internamente, o Banco Central informa o resultado primário do setor público consolidado em dezembro e no acumulado do ano passado, que deve apenas confirmar o rombo anunciado ontem pelo Tesouro Nacional. Logo cedo, às 8h, têm sondagens dos setores da indústria e de serviços neste mês, além da inflação no atacado brasileiro (IPP) no mês passado, às 9h.

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