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O dia D...


Salvo algum fato novo, totalmente inesperado, o afastamento da presidente Dilma Rousseff do cargo deve ser concretizado hoje. A sessão no Senado começa cedo, às 9h, mas a votação por meio de painel eletrônico do plenário deve ter início apenas às 19h, após a conclusão de debates, que conta com quase 70 senadores inscritos para discursar, o que pode adiar o anúncio da decisão para o fim da noite e início da madrugada - algo de praxe no Congresso.

Apesar de deixar a reação para amanhã, nada deve mudar o rumo do mercado doméstico, que deve operar em elevada expectativa ao longo do dia, mas pode ser contaminado pelo sinal negativo que prevalece no exterior. Basta uma maioria simples do total de 81 senadores para que o pedido de impeachment seja aceito, afastando Dilma do cargo por até 180 dias enquanto o processo é julgado. No placar da imprensa, a oposição tem 50 votos, de 41 necessários.

Antes da votação, pode ser anunciada o posicionamento do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki sobre a ação do governo contra o impeachment. Ele foi designado relator do pedido para anular o processo contra Dilma, mas não há prazo para Teori proferir sua decisão - que pode levar mais seis meses.

Assim, o presidente do Senado, Renan Calheiros, deve anunciar, junto com a decisão, os atos permitidos durante o período em que o vice, Michel Temer, passará a exercer a função de autoridade máxima da República. Ontem, os dois estiveram reunidos para tratar dos trâmites para a equipe ministerial montada em um eventual governo interino, a fim de não deixar margem para recursos na Justiça.

Temer tem acelerado as negociações para a formação dos ministérios e cargos públicos, bem como as medidas econômicas, mas não fez qualquer declaração sobre o assunto. Depois de mais de 15 meses de turbulência política, que agravou a pior recessão econômica do país em anos, os agentes econômicos acreditam que a saída de Dilma pode tornar o clima para os negócios no Brasil um pouco mais previsível - pelo menos temporariamente. A questão é até que ponto Temer pode manter viva as expectativas dos investidores?

Com isso, a agenda econômica deve ficar em segundo plano, com os investidores ignorando o desempenho do comércio varejista em março e no primeiro trimestre deste ano. A expectativa é de que as vendas no varejo tenham recuado 0,60% em base mensal, após terem interrompido no mês anterior dois meses seguidos de queda. Já na comparação anual, o setor deve ter acumulado um ano seguido de retração, com queda de 4,5%.

Os números oficiais serão divulgados às 9h pelo IBGE. Depois, às 12h30, saem os dados semanais do fluxo cambial. Logo cedo, a Fipe informou que os preços ao consumidor (IPC) na cidade de São Paulo subiu 0,38% na primeira leitura de maio, ante alta de 0,46% ao final de abril. Na safra de balanços, destaque para o resultado financeiro de Gol e JBS, após o fechamento do mercado.

No exterior, os mercados aguardam os dados semanais sobre os estoques de petróleo bruto e derivados nos Estados Unidos (11h30). À espera dos números, a commodity recua e é negociada na faixa de US$ 44, o que deprime os índices futuros das bolsas de Nova York e também as principais bolsas europeias. Porém, as ações de produtoras de recursos básicos avançam, em meio ao avanço dos metais - inclusive o ouro - por causa da fraqueza do dólar.

O índice Europe Stoxx 600 cai pela primeira vez em três dias, ao passo que o MSCI da Ásia-Pacífico ficou de lado. A Bolsa de Sydney subiu ao maior nível em nove meses, seguindo os leves ganhos em Xangai (+0,16%) e a despeito da queda de Hong Kong (-0,93%) para o patamar mais baixo em dois meses.

Nas moedas, o iene avança, reavendo parte das perdas de 2% acumuladas nos últimos dois dias, enquanto o dólar neozelandês ("kiwi") recupera-se do nível mais baixo desde março, após o Banco Central local (RBNZ) esfriar as especulações de corte de juros no país. Entre as demais moedas emergentes, o dólar tem desempenho misto.

No geral, a moeda dos EUA é enfraquecida pelas apostas de que não haverá aperto nos juros norte-americanos pelo Federal Reserve no próximo mês. O juro da T-note de 10 anos é negociado no menor nível em um mês, na faixa de 1,75%, após a precificação por uma alta na taxa dos Fed Funds em junho cair a 4%, de 17% na semana passada.

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