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Mercados na expectativa


A última semana de abril começa com a comissão especial do Senado dando início aos trabalhos, que podem culminar na saída temporária da presidente Dilma Rousseff do cargo, a partir de maio. Esse sentimento tende a animar os mercados domésticos, ao mesmo tempo em que mantém elevada a expectativa pelo desfecho da crise política. No exterior, as bolsas e commodities recuam, à espera de decisões dos bancos centrais.

Após a definição dos integrantes pelos blocos partidários, na sexta-feira passada, a eleição dos titulares acontece hoje (16h) e deve validar os indicados, instalando a comissão. A votação para relator e presidente deve acontecer amanhã.

O governo deve contar apenas com cinco votos favoráveis, do total de 21 integrantes. Se aprovado na comissão, o processo de impeachment de Dilma terá início caso seja aprovado por 41 dos 81 senadores em plenário. A partir daí, ela é afastada temporariamente do cargo, podendo ser destituída da Presidência em 180 dias.

De volta ao Brasil - vinda de Nova York, onde entoou a cantilena do golpe - Dilma realiza pela manhã uma reunião de coordenação política, com a presença de ministros e aliados no Senado para afinar a estratégia em defesa do impeachment. Somente após a votação do processo no Senado, prevista para 12 de maio, é que o governo deve acionar o Supremo Tribunal Federal (STF), alegando não haver crime de responsabilidade.

Enquanto isso, a Câmara vive um "recesso branco", após os intensos trabalhos para analisar o impeachment. Nenhum projeto será votado até que seja anunciada a decisão na outra Casa. Isso porque, conforme palavras do presidente, Eduardo Cunha, o governo Dilma deixou de existir para os deputados. O que tem caminhado por lá são os recursos que podem levar o processo de cassação contra o mandato dele à estaca zero.

Defendido por um dos seus principais aliados, o vice-presidente, Michel Temer, segue firme com as articulações políticas. Ele esteve reunido com o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, que teria imposto condições para assumir o Ministério da Fazenda - entre elas, a palavra final nos nomes de toda a equipe econômica.

Citado em mais uma delação premiada e inscrita no "listão" da Odebrecht, Temer foi apontado pela imprensa estrangeira como "impopular e traidor". Tanto que o representante das indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, afirmou que, embora Temer não seja a favor de aumento de impostos, o vice não assumiu o compromisso de retirar da pauta a cobrança da CPMF em um eventual governo de transição.

Já a polêmica em torno dos limites à internet fixa pode sofrer um revés, onerando o consumidor. Depois de o governo obrigar as operadoras a manter a oferta de planos com consumo de dados ilimitados, o tema pode ser um dos primeiros à entrar na pauta da regulamentação da Câmara - juntamente com a terceirização da mão de obra. Por ora, a Anatel decidiu proibir, por tempo indeterminado, os limites à conexão da banda larga.

Na agenda econômica, os destaques ficam com as decisões de política monetária no Brasil (amanhã) e nos Estados Unidos (quarta-feira). Para ambas, não são esperadas mudanças nas taxas de juros, mas os investidores estão ansiosos por pistas em relação aos próximos passos. Assim, mudanças no placar ou no comunicado estão previstas.

Já para a reunião do Banco Central do Japão (BoJ), são esperadas novidades. A aposta é de que a autoridade monetária irá lançar uma nova rodada de estímulos no encontro da quinta-feira. No aguardo do anúncio do BoJ e do Federal Reserve, os mercados asiáticos caíram, diante da divergência da política monetária (frouxa) no Japão e dura ("hawkish") nos EUA.

A Bolsa de Tóquio caiu 0,76%, mesma magnitude vista em Hong Kong. Xangai, por sua vez, recuou 0,42%, relegando os indicadores recentes sobre o setor imobiliário que apontam que os estímulos adotados por Pequim têm surtido efeito. No Pacífico, as bolsas da Austrália e da Nova Zelândia permaneceram fechadas, devido a um feriado.

Na Europa, as ações de empresas produtoras e exportadores de commodities lideram as perdas, com destaque para as mineradoras. Os metais básicos também estão em baixa, mas o preço do barril de petróleo segue acima de US$ 40. Entre as moedas, o yuan chinês caiu pelo quarto dia seguido e o won sul-coreano tem a maior queda em dois dias desde fevereiro.

A expectativa de que o Fed irá sinalizar que pretende elevar a taxa de juros norte-americana ainda neste ano inibe a busca por ativos mais arriscados, ao mesmo tempo em que os investidores buscam refúgio no ouro, no dólar e nas Treasuries. Assim, os mercados se posicionam de modo mais cauteloso, caso surja alguma surpresa "hawkish".

De volta ao Brasil, chama a atenção números sobre a situação fiscal do governo, a partir de quinta-feira. No exterior, também está no foco os dados preliminares do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA e da zona do euro, também mais no fim da semana. A safra de balanços também segue a pleno vapor, com destaque para os resultados de bancos na China. Hoje, não há indicador relevante, embora o calendário esteja cheio.

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