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Corrida pelos votos


A derrota do governo na votação da comissão especial do impeachment era dada como “favas contadas”. Porém, o placar final era um importante catalisador para a próxima etapa do processo, no plenário da Câmara, e a vitória por 38 votos pelo afastamento da presidente Dilma Rousseff, contra 27 votos, pode ser um indicativo do que deve acontecer na votação geral entre os 513 deputados. São necessários 342 votos para avançar ao Senado.

O governo deve voltar suas forças para a votação final no plenário da Casa, que deve ocorrer, surpreendentemente, no domingo. Após o resultado de ontem, em uma relação um pouco inferior a 60% para a oposição e um pouco acima de 40% entre governistas, basta haver uma repetição proporcional dos votos para garantir os 172 necessários e arquivar o processo.

Portanto, o governo ainda não dá a disputa como perdida. Mas a pressão sob Dilma continua e pode ser ampliada, tornando difícil costurar um resultado favorável em pouco tempo. Assim, os investidores devem acompanhar de perto a história impeachment esta semana, que pode ser um ponto de virada na redefinição do cenário político no Brasil. Porém, a elevada incerteza em torno da votação tende a manter os ativos voláteis.

A análise na Câmara deve começar na sexta-feira desta semana, prolongando-se por três dias e sendo conduzida pelo presidente, Eduardo Cunha. Hoje, deve acontecer a leitura do relatório, em sessão ordinária da Casa. Depois, a peça será publicada no jornal oficial e, 48 horas após a publicação, o parecer entra na ordem do dia.

Contudo, novos lances e surpresas não estão descartados, podendo surgir pela via do Judiciário. Se, de um lado, o governo pode questionar o texto da comissão especial no Superior Tribunal Federal (STF), retardando o cronograma da votação; de outro, o juiz federal Sérgio Moro pode promover novas fases da Operação Lava Jato. O núcleo duro da presidente Dilma estaria entre os prováveis alvos, mas Cunha também pode estar na mira.

Hoje, a presidente promove um novo encontro pela democracia, às 11 horas, no Palácio do Planalto. Já a agenda econômica do dia começou cedo, com a divulgação da primeira prévia de abril do IPC-Fipe, que subiu 0,94%, ante alta de 0,97% ao final de março. Depois, às 9h, o IBGE informa as vendas no varejo em fevereiro.

Apesar do ambiente doméstico negativo para o consumo, a estimativa é de que o comércio varejista tenha interrompido dois meses consecutivos de queda, no conceito restrito, e subindo 0,10% ante janeiro. Já na comparação com um ano antes, a atividade deve ter recuado pelo décimo primeiro mês seguido (desde abril de 2015), em -6,00%, no maior declínio para o mês desde o início da série histórica revisada, em 2001.

No exterior, o calendário econômico está fraco. Enquanto na Europa foram conhecidos dados de inflação e atividade em alguns países, nos Estados Unidos saem os preços de importação (9h30) e o orçamento do Tesouro (15h), ambos referentes ao mês de março.

À espera desses números, os índices futuros das bolsas de Nova York exibem ligeiras perdas, de olho nos preços do petróleo, que ensaia uma realização de lucros após subir mais de 8% nos últimos dois dias. A commodity testa forças na marca de US$ 40 o barril, antes do relatório dos estoques norte-americanos do óleo e seus derivados.

Além disso, a largada ruim da temporada de balanços nos Estados Unidos, com a Alcoa reportando queda de 92% no lucro líquido e reduzindo a demanda global por alumínio, também pesa em Wall Street. As ações da fabricante caíram nas negociações do after hours. Para a safra toda, analistas estimam uma redução de 10% no lucro das empresas listadas no S&P 500, uma previsão mais pessimista que a estabilidade nos ganhos esperada antes.

As principais bolsas europeias também recuam, em meio ao início da safra de resultados corporativos e à desconfiança dos investidores com a economia da região. O destaque fica com a queda de mais de 3% da dona da marca Louis Vuitton (LVMH), após anunciadas vendas piores que o esperado nos três primeiros meses deste ano. Tesco, Sodexo e Casino publicam suas demonstrações contábeis nesta semana.

Na Ásia, a Bolsa de Tóquio recuperou-se e subiu 1,13%, na esteira da perda de tração do iene ante o dólar, interrompendo o mais longo rali da moeda japonesa desde 2012. Xangai, porém, recuou 0,34%, após o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, afirmar que a economia real da China enfrenta "múltiplas dificuldades" e que são necessárias reformas estruturais do lado da demanda para garantir o crescimento em um intervalo razoável.

Nos mercados emergentes, destaque para o dólar australiano, que avança ao redor de 1% ante o xará dos EUA, na melhor performance entre os pares, após indicadores mostrarem a melhora da confiança das empresas e para o emprego no país. Ontem, o real brasileiro fechou no menor nível em quase oito meses, cotado abaixo de R$ 3,50.

Outro destaque na América Latina, o sol peruano saltou mais de 2,5% ante o dólar, atingindo o maior nível desde novembro de 2015. A Bolsa do Peru saltou 8,4% e fechou no maior nível desde novembro de 2008.

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