Receita de bolo embatumado
- Olívia Bulla
- há 3 minutos
- 2 min de leitura
Mercado só quer saber de corte nos juros pelo Fed e fim da alta da Selic pelo Copom

O mercado financeiro deve dar pouca atenção à agenda carregada de indicadores econômicos nos Estados Unidos e no Brasil nesta quinta-feira (15). O foco de interesse dos investidores continua sendo as chances de o Federal Reserve cortar os juros - e de o Comitê de Política Monetária (Copom) parar de subir a taxa Selic.
Com isso, o evento mais importante do dia, talvez, seja o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell (9h40). Será o primeiro pronunciamento dele desde a trégua tarifária entre EUA e China. A ver, então, se ele irá comentar o acordo. No entanto, dificilmente Powell mudará o discurso desde a última reunião, quando adotou a postura de “esperar para ver”.
Ou seja, a pausa de 90 dias para as negociações comerciais sino-americanas apenas prolonga o período de observação do Fed em relação ao impacto das tarifas na inflação e na atividade dos EUA. Portanto, até que o cenário fique claro, não haverá pressa por parte do Fed para mexer nos juros.
Daí por que, passada a euforia dos mercados na segunda-feira, quando comemoraram o aperto de mãos entre as delegações de Pequim e de Washington em Genebra, os ativos de risco voltaram a oscilar na linha d’água, sem forças para avançar mais. O Ibovespa, por exemplo, fechou em queda ontem, um dia após o recorde, que não foi recorde.
Nesta manhã, os futuros dos índices de ações das bolsas de Nova York estão no vermelho, após uma sessão de perdas na Ásia e de uma abertura negativa na Europa. O petróleo também cai forte, a despeito do recuo firme do dólar. Já o juro projetado pelo título norte-americano de 10 anos (T-note) está acima da marca de 4,50%.
O que falta é um fator consistente para consolidar um rali dos mercados. Aos olhos dos investidores, esse gatilho seria disparado por cortes de juros pelos bancos centrais. É o mercado repetindo a receita de bolo, sem conseguir se reinventar.
Mas o fato é que, apesar da redução tarifária sino-americana para produtos importados por 90 dias, o comércio global deve servir como um sinal de que a competição geopolítica entre os EUA e a China não vai desaparecer tão logo. Ainda que o acordo provisório se torne duradouro.
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