Cunha pode descolar mercados do exterior
Os mercados internacionais seguem em "banho-maria" nesta terça-feira, primeiro dia da reunião do Federal Reserve. Esse ritmo de compasso de espera pela decisão sobre os juros nos Estados Unidos, amanhã, pode contaminar os negócios locais. Mas a pauta do ajuste fiscal na Câmara, capitaneada pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha, deve animar os mercados domésticos hoje, afastando parte das incertezas no front político.
Em um momento de paz com o governo, Cunha confirmou ontem que colocará em votação nesta semana projetos para recuperar a economia. Já nesta terça-feira deve ser votada a medida provisória que autoriza o reajuste de três taxas cobradas por órgãos federais - Ancine, Ibama e Cade. Amanhã, entra em pauta o projeto de repatriação de recursos e bens no exterior, tendo início também a votação da proposta de securitização da dívida ativa da União e dos Estados.
O anúncio de que a pauta econômica finalmente andará na Câmara, após um período de guerra com o Palácio do Planalto, foi vista pelos governistas como um momento de trégua e uma sinalização de que Cunha atenderá aos principais pleitos do governo, ao menos nesta semana. De quebra, a pauta do impeachment contra o mandato da presidente Dilma Rousseff deve definitivamente ser engavetada.
Hoje, ela recebe o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (11h30), e também o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner. Na agenda econômica, destaque para a nota do Banco Central sobre as operações de crédito em setembro, às 10h30. Neste mesmo horário, a CNT divulga pesquisa feita em parceria com a MDA sobre a avaliação do governo Dilma e a expectativa da população em relação à inflação, emprego etc.
Antes, às 8 horas, a FGV informa o INCC-M no mês passado e a sondagem da construção em outubro. Depois, às 9 horas, o IBGE informa os preços ao produtor (IPP) em setembro. Pela manhã, a Fipe informou que seu IPC passou de 0,89% na leitura anterior, para +0,88% na terceira prévia do mês, praticamente repetindo o ritmo de alta.
Na safra de balanços, destaque para os números trimestrais da Embraer. Entre os eventos de relevo, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, é esperado para o Fórum Brazil Summit, organizado pela revista The Economist, a partir das 14h30. Antes, às 12h30, ele deve participar de um seminário sobre investimento estrangeiro no Brasil, realizado pela Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet).
Já no exterior, o calendário traz as encomendas de bens duráveis nos Estados Unidos em setembro (10h30); os preços de imóveis em cidades norte-americanas em agosto (11h); a leitura preliminar deste mês do índice PMI do setor de serviços do país (11h45) e a confiança o consumidor norte-americano em outubro (12h), medida pelo Conference Board. Na temporada, são aguardados os resultados de Twitter e Apple, após o fechamento.
Por ora, não há grandes movimentos acontecendo entre os ativos internacionais, com os investidores apenas esperando para ver o que vai acontecer na reunião deste mês do Fed. As chances de o Banco Central dos EUA aumentar as taxas de juros do país pela primeira vez desde 2006 neste mês seguem oscilando na faixa de 6%. A divisão nas apostas se dá em relação à adoção de mais estímulos no encontro do BC japonês (BoJ), na sexta-feira.
Assim, a euforia com o sexto corte nos juros chineses desde novembro evaporou, com os investidores focados nos motivos que teriam levado o BC do país (PBoC) em adotar mais esse passo: a fraca demanda interna e externa. Hoje, a Bolsa de Xangai fechou em leve alta de 0,13%, apagando as perdas de quase 3% registradas durante a sessão, amparada nas ações de tecnologia e empresas ligadas à defesa, que avançaram depois de uma patrulha da marinha dos Estados Unidos navegar perto de ilhas reivindicadas por Pequim.
Já a Bolsa de Tóquio caiu 0,90%, em meio ao fortalecimento do iene ante o dólar, diante de especulações de que o BoJ irá abster-se em acrescentar impulso adicional à economia japonesa nesta semana. Entre as moedas de países emergentes, o ringgit malaio se enfraquece, após um alerta da Fitch sobre as metas fiscais do país. Nas commodities, o barril do petróleo WTI é negociado abaixo de US$ 44, no nível mais baixo em dois meses.
No Ocidente, os índices futuros das bolsas de Nova York se arrastam no campo negativo. As principais bolsas europeias também oscilam entre margens estreitas, porém, com maior propensão à queda.