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Stablecoins: criptomoeda na mira de EUA e China

  • Foto do escritor: Olívia Bulla
    Olívia Bulla
  • 25 de ago.
  • 3 min de leitura

Atualizado: há 7 dias

Trump quer papel crucial do dólar nas finanças digitais para manter status de moeda global 
Trump quer papel crucial do dólar nas finanças digitais para manter status de moeda global 

Trump tropeçou em um buraco, mas dentro havia petróleo. No século 21, essa metáfora seria atualizada para algo como: “Magnata do setor imobiliário que ocupa a Casa Branca pela segunda vez em menos de dez anos viu que o poço dos ativos digitais não tem fim”.


Qualquer alusão à famigerada frase da personagem principal de “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carroll, não é mera coincidência. Afinal, sempre tem algo clássico no mundo moderno. 


Mas o fato é que o presidente dos Estados Unidos parece ter encontrado no mundo das finanças digitais a solução para fazer a América Grande de Novo. O recente GENIUS Act - Orientando e Estabelecendo Inovação Nacional para Stablecoins dos EUA - visa, entre outras coisas, garantir o status do dólar de moeda de reserva global por meio de stablecoins.


Grosso modo, stablecoin é uma criptomoeda com lastro em moedas oficiais - algo bem diferente da moeda digital descentralizada idealizada por Satoshi Nakamoto depois da crise de 2008. No Brasil, a BRL1, atrelada ao real, foi lançada em outubro passado. Já o Tether (USDT), moeda digital atrelada ao dólar, é a maior e mais conhecida stablecoin do mundo.


Ao usar uma stablecoin lastreada 100% em dólares como garantia nas transações financeiras digitais, Trump quer reforçar o status de reserva cambial global do dólar americano. Mais que isso, quer derrotar alternativas ao sistema global de pagamentos internacionais, o SWIFT, criado nos anos 70.


Isso porque a recente Lei GENIUS exige o uso exclusivamente de ativos americanos, como títulos do Tesouro Nacional, nessas operações. Além disso, a tecnologia por detrás das criptomoedas com lastro em moedas oficiais serve para facilitar empresas e pessoas físicas que precisam fazer pagamentos e remessas internacionais. Ou seja, é o uso da linguagem de programação para comprar e vender no exterior.


“O que era inicialmente visto como uma maneira mais fácil de lidar com o risco das criptomoedas no blockchain agora é visto como uma variável potencialmente crucial na gestão da dívida dos Estados Unidos, no status da moeda de reserva do dólar americano e nos sistemas globais de pagamento e negociação”, afirmam os estrategistas do Rabobank Christian Lawrence e Michael Every, em relatório. 


Trump contra-ataca


Vale lembrar que a Lei GENIUS foi anunciada em um momento em que a moeda estadunidense está no centro do debate sobre a perda de domínio mundial do dólar. Além disso, no mercado financeiro, o dólar tende a perder valor porque “não faz sentido Trump taxar todo mundo em 15% se o dólar subir 15%”, comenta o economista André Perfeito. 


Portanto, é no mundo das finanças digitais que Trump quer reforçar o status de reserva cambial global do dólar americano e conseguir do Federal Reserve cortes na taxa de juros. Daí porque as stablecoins deixaram de ser um produto cripto e se tornaram prioridades para governos, analistas geopolíticos, economistas e participantes do mercado.


Reportagem recente da Reuters chamou a atenção na semana passada, ao informar que o governo chinês estaria considerando também usar stablecoins com lastro no yuan para aumentar a adoção da moeda chinesa (reminbi) em um contexto mais amplo.


Segundo a diretora da Administração Geral das Alfândegas chinesas, Sun Meijun, a China se tornou um dos três principais parceiros comerciais de 157 países e regiões. Essa relação comercial tende a fomentar acordos sem passar pelo dólar, além de incentivar o uso do CIPS, o Sistema de Pagamentos Interbancários Transfronteiriços chinês.


Países vizinhos como Coreia do Sul e Japão já entraram na onda. Na China, o Conselho de Estado está discutindo o tema, colocando Xangai e Hong Kong como centros do processo. 


Com a arquitetura econômica e financeira global se desintegrando e a instabilidade geopolítica e sistêmica no mundo aumentando, o duelo entre as duas maiores potências mundiais entra na fase digital, após a etapa tecnológica de 2018. Ou alguém ainda acha que a guerra travada por Trump tem fins exclusivamente comerciais?


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