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Mercado perde confiança


A aceleração de casos de coronavírus em partes do mundo combinada com a escalada da tensão geopolítica entre Estados Unidos e China pesam no mercado financeiro nesta quarta-feira. Por mais que o mal entendido sobre o acordo comercial sino-americano tenha sido desfeito, os ruídos ainda não foram totalmente superados e as incertezas em relação à retomada econômica reduzem o apetite dos investidores por ativos de risco.


Os índices futuros das bolsas de Nova York amanheceram no vermelho, o que prejudica a abertura do pregão europeu, onde as principais praças caem mais de 1%. Na Ásia, a sessão foi mista, com leves ganhos em Xangai (+0,3%) e leves baixas em Hong Kong (-0,5%), enquanto Tóquio ficou de lado (-0,1%). O humor da véspera em Wall Street não ofuscou o temor em relação a uma segunda onda de contágio de Covid-19.


Nos demais mercados, o petróleo cai e o dólar se recupera. A ver, então, como esse desempenho no exterior irão influenciar os negócios locais, que vêm acompanhando o ambiente externo e também reagem à perspectiva de que o ciclo de cortes no juro básico está próximo do fim. O dólar ontem caiu pela terceira sessão seguida em relação ao real, voltando à faixa de R$ 5,15, ao passo que o Ibovespa perdeu ímpeto, mas fechou em alta.


Enquanto alimentam esperança com a possibilidade de uma vacina contra o coronavírus até janeiro, os investidores monitoram o aumento de casos da doenças desde a Califórnia até a Alemanha, passando também pelo Brasil, onde o número de óbitos vem registrando recorde diário, em prol da economia. A principal incerteza é se será necessário reverter as medidas de reabertura nesses locais, ou ao menos reduzir o ritmo de flexibilização da quarentena, o que pode turvar a perspectiva de recuperação da atividade global.


Alfanumérico


Por ora, os indicadores econômicos sinalizam que a primeira fase da recuperação nos EUA e na Europa é sob a forma de “V”, com os dados mais recentes mostrando uma melhora rápida e acentuada, após o tombo da atividade entre março e abril. Ficam, então, descartadas as possibilidades de retomada mais lenta e errática, com formatos em “U”, “L” ou “W”, bem como afasta-se o risco de uma depressão prolongada.


No entanto, é preciso fazer um pouco conta. Começando-se com 100 e caindo 20%, chega-se a 80 que, quando cresce 20% para reverter a queda, retorna a 96 - e não a 100. Isso é, portanto, 4% abaixo do ponto inicial. Ou seja, não se pode ainda afirmar que se trata de uma recuperação acelerada e sustentada ou mesmo em formato em “V”, pois não parece ser algo linear e homogêneo, seja entre setores da economia ou regiões do mundo.


Ainda é preciso avançar mais para voltar ao “normal”, que já nem será mais tão normal assim em um cenário pós-pandemia. Além disso, é preciso também levar em conta que a economia global já estava em trajetória de desaceleração, em meio às idas e vindas entre EUA e China, e indicadores como desemprego e renda levarão anos para voltar aonde estavam - se é que os danos não serão permanentes.


Ainda assim, o excesso de liquidez global injetado pelos principais bancos centrais e os estímulos fiscais lançados pelos governos de países desenvolvidos sustentam a falsa sensação no mercado financeiro de que a recessão econômica será relativamente curta. O problema vai ser quando esses recursos começarem a minguar e a recuperação econômica esperada pelo mercado financeiro não vier.


Agenda perde força


O calendário doméstico perde força hoje e traz o índice de confiança do consumidor neste mês (8h), além dos dados do BC sobre o setor externo em maio (9h30) e o fluxo cambial até a semana passada (14h30). No exterior, a agenda econômica também está mais fraca, contando apenas com os dados semanais sobre os estoques de petróleo bruto e derivados nos EUA (11h30).


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