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Mercado joga o jogo do Copom


O Ibovespa e o real conseguiram escapar quase ilesos da “sangria” nos mercados internacionais ontem, quando as bolsas em Nova York e na Europa amargaram perdas de até 3%, com a segunda onda da covid-19 passando com força pelo Atlântico Norte. A Bolsa brasileira defendeu a faixa dos 100 mil pontos e o dólar orbitou em R$ 5,60, com os investidores em suspenso antes da decisão de juros do Banco Central (Copom), amanhã.


Por mais que ainda seja consenso no mercado financeiro de que a Selic seguirá estável em 2% nesta semana, o encontro seguinte, em dezembro, ficou em aberto, em meio aos sinais de pressão inflacionária e aos riscos fiscais. Por isso, mais que a decisão em si, é grande a expectativa pelo comunicado que acompanhará o anúncio do Copom - e que deve trazer mudanças na linguagem.


O BC pode até manter o instrumento de projeção futura (forward guidance), que seguraria o juro até 2022, mas deve mostrar prudência em relação ao balanço de riscos, que está piorando. Por isso, o Copom deve, ao menos, retirar a indicação de que a taxa básica de juros deve voltar a cair, mesmo que a doses menores e em um ritmo mais espaçado. Isso reforça a expectativa de que o próximo passo na condução da Selic será para cima.


E a curva implícita de juros futuros já indica que esse processo de aperto monetário deve começar antes do esperado - e com maior intensidade, calibrando as apostas para 2021. Tudo isso porque no contexto de fragilidade das contas públicas, o governo resolveu postergar as discussões sobre o “teto dos gastos” e o Orçamento para depois das eleições, mantendo a incerteza no ar. E o choque (temporário?) da inflação agrava esse quadro.


Ou seja, ou o governo começa a pagar as promessas, de avançar com a agenda de reformas e promover mudanças estruturais para resolver o problema da solvência fiscal, ou a conta vai chegar até o BC. E isso tende a influenciar o comportamento dos ativos locais e do fluxo de recursos. Aliás, os investidores estrangeiros já parecem atraídos por um ciclo de alta dos juros básicos por aqui, em meio à era de juro zero ou negativo no exterior.


Exterior se recompõe


Enquanto aguarda a decisão do Copom, o mercado doméstico mantêm o radar no exterior, onde os índices futuros das bolsas de Nova York se recuperam, um dia após Wall Street registrar as maiores perdas desde setembro. A decisão de Washington de finalmente abandonar as negociações sobre estímulos fiscais até as eleições tira uma incerteza da cena.


O Senado dos Estados Unidos fechou a Casa, após confirmar a indicação da juíza indicada pelo presidente Donald Trump, Amy Coney Barrett’s, para assumir a Suprema Corte e só retoma às atividades após o resultado do pleito da semana que vem. A decisão dos senadores era esperada e o tema pode voltar às manchetes em breve, testando a paciência dos investidores.


Na Europa, as principais bolsas também abriram ensaiando ganhos, com os investidores ainda avaliando os impactos econômicos de uma nova onda de coronavírus. Vários países estão adotando regras mais rígidas, em uma tentativa de controlar a propagação da doença, ao mesmo tempo em que os líderes enfrentam uma oposição crescente às novas restrições.


Já as bolsas asiáticas conseguiram reduzir boa parte das perdas registradas durante a sessão, sendo que a Bolsa de Xangai encerrou levemente no positivo, enquanto Tóquio oscilou em baixa. Nos demais mercados, o dólar mede forças em relação às moedas rivais, enquanto o juro projetado pelo título norte-americano de 10 anos (T-note) segue ao redor de 0,8%. O petróleo avança, mas também permanece abaixo de US$ 40 o barril.


Dia de agenda mais fraca


A agenda econômica segue com ritmo mais fraco e traz, no Brasil, dados sobre os custos e a confiança do setor da construção civil em outubro, às 8h. Na temporada de balanços, destaque para os resultados de Santander e Cielo. Já nos EUA, saem os pedidos de bens duráveis em setembro (9h30), dados do setor imobiliário em julho (10h) e o índice de confiança do consumidor norte-americano em outubro (11h).





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