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Mercado faz resoluções de ano-novo


Trump assina pacote fiscal e Europa fecha acordo comercial pós-Brexit, dissipando últimas incertezas de 2020, mas pandemia ainda deve preocupar em 2021; imunização no Brasil sequer começou e velha política volta à cena


Chega ao fim nesta semana um ano sem precedentes, marcado pela maior crise sanitária global em algumas gerações. E a esperança do mercado financeiro é de que, no apagar das luzes de 2020, todas as incertezas em relação à pandemia também fiquem para trás. Os investidores torcem para que 2021 seja decisivo para a vacinação em massa contra a covid-19, que já teve início em mais de 40 países, dando ritmo à recuperação econômica mundial. Mas isso parecem ser resoluções de ano-novo.

Afinal, assim como ninguém imaginava que um vírus que seria identificado na China logo no começo do ano se espalharia pelo mundo, fechando cidades e paralisando atividades cotidianas das empresas e das pessoas, vai que acontece alguma coisa bombástica na virada para 2021. Por isso, às vésperas do fim de 2020, a exposição ao risco deve ser menor, com a liquidez fraca transparecendo essa postura.

O presidente Donald Trump, por exemplo, continua criando problemas a menos de um mês para deixar a Casa Branca. O republicano não reeleito manteve o suspense até ontem à noite, quando, enfim, resolveu sancionar o pacote fiscal de US$ 900 bilhões. Wall Street já está calejada com essa estratégia morde-assopra, mas não esconde o alívio com a notícia e os índices futuros das bolsas em Nova York sustentam leves ganhos nesta manhã.

Com isso, milhões de cidadãos dos EUA irão continuar recebendo socorro financeiro, que expirou no último sábado, e não haverá uma paralisação do governo em Washington a partir de amanhã, o que poderia prejudicar o início do mandato de Joe Biden, em 20 de janeiro. Na Europa, houve um acordo comercial entre britânicos e europeus do bloco comum para depois do Brexit, marcado para dia 31, o que também anima o pregão por lá.

Na Ásia, Tóquio subiu (+0,7%), na esteira da assinatura de Trump e do acordo do pós-Brexit, dissipando as últimas incertezas do ano que se finda. Porém, as restrições de viagens na Europa por causa da mutação do coronavírus no Reino Unido e a detecção na Coreia do Sul da nova variante da cepa no país mostram que a pandemia continua preocupante. A Bolsa de Seul fechou de lado, assim como Xangai. Hong Kong caiu.

Velha política

Já no Brasil, a cena política segue em primeiro plano, com os bastidores em torno da “vacina brasileira (chinesa)” e das eleições no Congresso, em fevereiro, podendo influenciar a disputa presidencial em 2022. O presidente Jair Bolsonaro segue confiante e negocia 500 cargos federais em troca de votos no deputado Arthur Lira para a presidência da Câmara - tida como assunto prioritário no Palácio do Planalto.

O governo já desembolsou pouco mais de R$ 6 bilhões em emendas parlamentares e líderes de partidos e deputados negociam diretamente com Lira a liberação de recursos. Ele enfrentará Baleia Rossi, escolhido para ser o candidato do bloco comandado pelo atual presidente da Casa, Rodrigo Maia, e que conta com o apoio de partidos da esquerda. Em jogo, está a pauta conservadora, como o “excludente de ilicitude” e a “escola sem partido”.

Não deve ser prioridade a vacinação da população, apesar dos clamores da equipe econômica. Bolsonaro afirmou que “não dá bola” ao fato de o Brasil estar atrás nessa corrida, alegando não ter pressa na imunização contra a covid-19. O problema é que essa demora pode custar caro, com a retomada da atividade (e do consumo e do emprego) tornando o país menos atraente até mesmo em relação aos pares da América Latina.

Se isso acontecer, deve haver reflexos nos ativos brasileiros, que vêm surfando na onda do otimismo externo e no voraz apetite dos investidores estrangeiros pelo risco em países emergentes. Ao final da semana passada, o Ibovespa encerrou a semana pré-Natal apagando as perdas acumuladas no ano, enquanto o dólar foi na contramão e subiu no acumulado de apenas três dias, rondando a faixa de R$ 5,20.

Com poucos destaques na agenda econômica nesta reta final de 2020, é difícil prever qual será o roteiro para os mercados globais nos próximos 365 dias. Aliás, retomando a discussão que marcou o início deste ano - e que não era sobre uma doença ainda desconhecida que já infectava pessoas em Wuhan - 2021 dá início a uma nova década, que certamente irá refletir por algum tempo os impactos do coronavírus no mundo.

Confira a seguir os principais destaques desta semana, dia a dia:

*Horários de Brasília

Segunda-feira: A semana começa com as tradicionais publicações nacionais do dia, a saber, o boletim Focus (8h25), do Banco Central, e dados parciais da balança comercial em dezembro (15h). No exterior, o calendário está esvaziado.

Terça-feira: A agenda econômica doméstica chama a atenção, trazendo o resultado de dezembro do IGP-M e os dados sobre o desemprego no Brasil até o mês passado. Também serão conhecidos a confiança no setor de serviços e o resultado das contas públicas. Lá fora, tem apenas números do setor imobiliário norte-americano.

Quarta-feira: É o último pregão do ano na Bolsa brasileira e na maioria das praças financeiras na Europa e na Ásia. Entre os indicadores econômicos, saem dados de atividade nos EUA e na China, além de números sobre os estoques norte-americanos de petróleo e sobre o fluxo cambial no Brasil.

Quinta-feira: A Bolsa brasileira permanece fechada nesta véspera de ano-novo. Também não haverá pregão na maioria das praças financeiras na Europa e na Ásia. Já o pregão em Nova York funciona normalmente, com a agenda econômica norte-americana trazendo também os pedidos semanais de auxílio desemprego feitos nos EUA.

*Aviso: Até a próxima segunda-feira, dia 04/01/2021, A Bula do Mercado será publicada semanalmente. Em 11/01/2021, os textos voltam a ser diários.


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