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Mercado aposta nos bancos centrais contra coronavírus


O mercado financeiro está tendo dificuldades para ler a “história do vírus” e os investidores estão se mostrando um pouco confusos ao confiar na capacidade dos bancos centrais para conter o impacto do surto na economia real e nos ativos de risco. Mesmo com o número de pessoas infectadas na China desacelerando, é cedo para avaliar o efeito da doença.


Por ora, o mercado financeiro assume que a doença irá se dissipar em breve e que o choque significativo na economia chinesa será concentrado apenas neste trimestre. É inevitável que a cadeia de suprimentos seja interrompida, impactando a atividade global de forma desigual. Mas a expectativa é de que os efeitos não se prolonguem, com o surto de coronavírus na China sendo controlado em breve.


Nesse contexto, os investidores mantêm a confiança de que os principais BCs irão apoiar os mercados globais, injetando maciças quantidades de recursos para reduzir os efeitos da crise viral nos ativos de risco e para estimular a economia real, em caso de perda de tração. Daí que, então, volta o vício por novos cortes nas taxas de juros pelo mundo.


Apesar de a retomada do afrouxamento monetário ainda não estar nos planos do Federal Reserve, diante da confiança na força da economia dos Estados Unidos, o mercado doméstico já enxerga essa possibilidade por parte do Comitê de Política Monetária (Copom). Ontem, a curva a termo retirou prêmios e embutiu chance de queda da Selic já neste semestre, o que ajudou o Ibovespa e pesou no dólar.


Aliás, a moeda norte-americana renovou o maior valor nominal em relação ao real pelo terceiro dia seguido, indo além de R$ 4,30 e renovando a máxima histórica em R$ 4,34, durante o pregão.


Nesta manhã, o sinal positivo que prevalece nos ativos de risco no exterior pode dar continuidade ao movimento nos negócios locais. As principais bolsas asiáticas encerraram a sessão em alta, embaladas pelos ganhos da véspera em Wall Street, onde o S&P 500 e o Nasdaq 100 fecharam na máxima histórica pelo segundo dia seguido.


Os índices futuros das bolsas de Nova York exibem ganhos nesta manhã, animando a abertura do pregão europeu. Nos demais mercados as moedas correlacionadas às commodities avançam em relação ao dólar, com destaque para os xarás australiano (aussie) e neozelandês (kiwi), enquanto o petróleo avança e se estabiliza na faixa de US$ 50 por barril. Já o título de 10 anos dos EUA (T-note) está acima de 1,60%.


A história do vírus


Nos dados oficiais mais recentes, o número de casos confirmados de coronavírus na China subiu em pouco mais de 2 mil, caindo pelo pelo segundo dia seguido, e somam quase 44,7 mil. Existem outros 16 mil casos suspeitos, sendo que mais de 8 mil pessoas estão em estado grave. Ao todo, 1.115 pessoas já morreram por causa da doença - com as mortes concentradas na província de Hubei - enquanto 4,8 mil estão curadas.


Fora dessa região, onde está localizada a cidade de Wuhan, tida como o epicentro da doença, os novos casos de infecção caíram por sete dias consecutivos. Mas as autoridades chinesas ainda são cautelosas em dizer que a epidemia está sob controle. A dúvida é quando as empresas voltarem a funcionar a pleno vapor e as pessoas voltarem ao trabalho.


O governo chinês ordenou que as atividades laborais e escolares sejam retomadas apenas na próxima segunda-feira (dia 17), mas a maioria só volta mesmo na segunda-feira seguinte (dia 24) - portanto, um mês após a pausa pelo feriado de Ano Novo Lunar. Várias cidades na China ainda estão sob rígido controle, com as pessoas enclausuradas em suas casas, saindo poucas vezes apenas para comprar itens básicos.


Ainda assim, aos poucos, as atividades econômicas em grandes centros urbanos estão sendo retomadas gradualmente em todo o país. O metrô em cidades como Pequim, Xangai e Hong Kong já não está mais vazio. Daí o receio em afirmar que a propagação do vírus foi contida, pois o maior problema é que ainda não se sabe porque a doença é tão contagiosa.


A previsão mais otimista, feito pelo epidemiologista chinês Zhong Nanshan, que ficou famoso no combate ao SARS, em 2003, é de que o surto de coronavírus deve atingir o pico ainda neste mês e acabar em abril. Afinal, nessa época, o frio já passou e o clima começa a esquentar, com a chegada da primavera (no Hemisfério Norte). E o chamado Covid-19 não sobrevive em temperaturas mais altas.


Varejo em destaque


De volta ao mundo econômico, a agenda de indicadores e eventos desta quarta-feira traz como destaque o desempenho do varejo brasileiro em dezembro. A previsão é de crescimento das vendas durante o mês do Natal, nas duas bases de comparação, esticando a sequência de alta do setor. No acumulado de 2019, o comércio varejista também deve registrar aumento.


Os números efetivos serão divulgados às 9h. Depois, às 14h30, é a vez dos dados do Banco Central sobre a entrada e saída de dólares do país até o início deste mês, que podem lançar luz sobre a escalada da moeda norte-americana rumo a topos históricos. As sucessivas retiradas de recursos externos do Brasil pela via financeira têm sido apontadas como o principal fator a pressionar o câmbio para além de R$ 4,30.


Já no exterior, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, volta a depor, desta vez, em audiência no Senado dos Estados Unidos (12h), mas não deve trazer novidades. Entre os indicadores norte-americanos, saem os estoques semanais de petróleo bruto e derivados no país (12h30) e o orçamento do Tesouro em janeiro (16h). Logo cedo, na zona do euro, será conhecidos o desempenho da indústria em dezembro.


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