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Dia D

O mercado financeiro mantém a atenção na cerimônia de assinatura em Washington do acordo comercial entre Estados Unidos e China hoje (13h30). A expectativa por detalhes reduz o ímpeto dos negócios no exterior. Já no Brasil, os investidores aguardam mais um indicador de atividade, desta vez sobre as vendas no varejo durante o mês da Black Friday (9h). 


Lá fora, o sinal negativo prevaleceu entre as bolsas asiáticas e contamina o início da sessão europeia, com os índices futuros das bolsas de Nova York também no vermelho. Ainda assim, as perdas são moderadas. O petróleo também recua, enquanto o dólar mede forças em relação às moedas rivais e o rendimento do título norte-americano está de lado.


Os investidores estão se dando conta que, após quase dois anos de disputa tarifária, pode faltar consistência à fase um do acordo sino-americano, demandando mais um longo caminho para que as hostilidades comerciais entre as duas maiores economias do mundo diminuam. Apesar do progresso, questões ligadas à tecnologia, que têm sido fonte de tensão entre os dois países, devem ficar de fora.


Detalhes tão pequenos


A expectativa é de que sejam divulgados detalhes do acerto preliminar de comércio entre EUA e China, que contém 86 páginas. Por ora, fala-se que a fase um prevê a manutenção das sobretaxas norte-americanas em US$ 360 bilhões em produtos chineses ao menos até as eleições presidenciais, em novembro. O alívio nas tarifas só viria na fase dois do acordo, lançando dúvidas em torno do conteúdo da próxima etapa.


Até então, o esperado era que a fase um do acordo trouxesse, do lado dos EUA, a redução de 15% para 7,5% da sobretaxa norte-americana sobre US$ 120 bilhões em produtos chineses, enquanto a taxação de 25% em outros US$ 250 bilhões de mercadorias permaneceria intacta. Ainda assim, não haveria a imposição de novas tarifas.


Em contrapartida, Pequim se comprometeria em elevar as compras de bens e serviços dos EUA, consumindo ao menos US$ 200 bilhões de produtos Made in America nos próximos dois anos. Desse total, entre US$ 30 bilhões e US$ 40 bilhões referem-se a itens agrícolas. Com isso, o déficit norte-americano com a China deve diminuir.


Ao mesmo tempo, o mercado consumidor chinês deve continuar crescendo em ritmo acelerado. A China também promete fortalecer a proteção legal a questões relacionadas à propriedade intelectual, facilitar e expandir o acesso de empresas do setor financeiro dos EUA ao país e evitar a depreciação da moeda local para ganhar vantagens competitivas. 


De um modo geral, os termos do acordo serão um grande teste tanto para a China quanto para os EUA. E a capacidade e a vontade recíproca de cumprir o que for acertado nessa fase um serão decisivas para evoluir o pacto comercial em direção a outros temas, mais delicados. Do contrário, a relação entre EUA e China pode piorar significativamente. 


Atividade calibra Selic


Já no Brasil, a expectativa é de crescimento forte das vendas durante o mês da Black Friday, em meio aos megadescontos que marcaram a data no varejo em novembro. A previsão é de aumento de 2% em relação a outubro, na sétima alta mensal consecutiva, e de avanço de 4% em relação a novembro de 2018, no oitavo mês seguido de resultado positivo. Os números efetivos, que serão conhecidos às 9h, devem esquentar a discussão sobre a necessidade de novos cortes na taxa básica de juros.


Após o desempenho fraco do setor de serviços evidenciar que a recuperação da economia brasileira vem sendo prejudicada pelas dificuldades encontradas na indústria, não faz sentido dizer que há uma perda de dinamismo da atividade doméstica. O que se vê é que a retomada econômica ainda patina, diante de sinais difusos dos diversos setores produtivos.


Com isso, a visão predominante de que 2020 será o ano em que a recuperação do Brasil finalmente mudará de marcha pode ser otimista demais - a começar pelo próprio governo, que está com uma estimativa de crescimento econômico neste ano maior que a do mercado financeiro e do Banco Central. E se a expansão não se ganhar tração, quedas adicionais da Selic podem impactar o dólar, que segue acima de R$ 4,10, e a inflação ao consumidor, que já vive um momento de choques de preços. 


Ainda no calendário doméstico, o Banco Central anuncia, às 14h30, os números preliminares deste mês sobre a entrada e saída de dólares do país (fluxo cambial), que devem continuar mostrando retirada de capital estrangeiro pela conta financeira. Só na renda variável, saíram quase R$ 5 bilhões em recursos externos até o dia 10. 


Agenda cheia no exterior


Já no exterior, a agenda econômica norte-americana traz o índice de preços ao produtor (PPI) em dezembro e o desempenho da indústria na região de Nova York neste mês, ambos às 10h30, além dos estoques semanais de petróleo bruto e derivados nos EUA (12h30). À tarde, às 16h, será publicado o Livro Bege.


Na safra de balanços norte-americana, saem os resultados trimestrais do Bank of America e do Goldman Sachs, antes da abertura. Logo cedo, na Europa, saem diversos índices de preços no Reino Unido, além da balança comercial e da produção industrial na zona do euro, ambos referentes ao mês de novembro.

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