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Sinal de alerta no mercado


Faltou fôlego ao mercado financeiro ontem para dar sequência ao movimento de alta, o que acabou provocando uma direção mista entre as bolsas e o dólar, tanto aqui quanto no exterior. Os investidores tentam se apoiar ora em notícias sobre uma vacina contra a covid-19 ora em sinais positivos nas negociações entre Estados Unidos e China, mas o fato é que “é a política (...)” que está agitando os ativos de risco, em tempos de pandemia.


E se lá fora é a corrida presidencial pela Casa Branca que deixa os negócios indefinidos; no Brasil, a questão fiscal continua no radar. Por mais que os investidores tentem se desviar do assunto, dando o benefício da dúvida de que a equipe econômica conseguirá construir um texto que atenda às demandas eleitorais sem “furar” o “teto dos gastos”, a polêmica entre o presidente Jair Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes acende o sinal de alerta no mercado doméstico.


Guedes, por sua vez, tem feito questão de explicitar sua insatisfação, expondo a “fritura” que vem sofrendo no governo. O ministro preferiu não comparecer ontem ao evento do “Casa Verde Amarela” - uma versão “recauchutada” do programa habitacional “Minha Casa, Minha Vida” - no Palácio do Planalto. E não foi por falta de convite. A ausência intensificou os ruídos sobre a saída do ministro, em meio ao coro de que “ninguém é insubstituível”.


Ainda mais agora que a aprovação do presidente atingiu o melhor índice desde o início do mandato, com o auxílio emergencial de R$ 600 aos mais vulneráveis aos impactos econômicos da disseminação do coronavírus se sobrepondo à prisão de Fabrício Queiroz e às suspeitas em possível esquema de “rachadinha” envolvendo a família Bolsonaro. Já de olho em 2022, o governo estaria mais disposto em apostar em uma agenda popular.


Mas a aposta do mercado ainda é de o governo lance um plano de investimentos público-privado e estímulos ao emprego, com a promessa de responsabilidade fiscal via corte de despesas, ainda que contemple um “pacote de bondades” com vistas à reeleição. A ver, então, se Guedes consegue apresentar uma explicação detalhada e consistente de como tais programas irão funcionar sem ameaçar a responsabilidade fiscal.


O problema é que não há nem uma nova data para divulgação do chamado Big Bang - que já vem sendo esvaziado. E essa indefinição tende a manter o Ibovespa estagnado em torno dos 100 mil pontos, ao mesmo tempo em que a curva de juros futuros vai incorporando prêmios, diante das incertezas no quadro político-fiscal. Já o dólar fica mais refém também do ambiente internacional.


Sem fôlego


Aliás, no exterior, os mercados mostram fôlego encurtado para seguir em frente, um dia após os índices norte-americanos S&P 500 e Nasdaq 100 cravarem novo recorde de alta, pela terceira e quarta vez consecutiva, respectivamente. Os futuros das bolsas de Nova York amanheceram na linha d’água, com um ligeiro viés negativo, diante da crescente discrepância sobre o ritmo de recuperação da economia dos Estados Unidos.


A economia global ainda está sofrendo para se reerguer, com a retomada mostrando-se desigual entre os diferentes setores e países, após a melhora rápida e acentuada da atividade e do consumo ao final do semestre passado. Por isso, os ativos de risco oscilam ao sabor de dados encorajadores e sombrios, ao mesmo tempo em que tentam se motivar com uma potencial vacina para o coronavírus e a trégua na guerra comercial.


Mas a sessão para o dia parece ser sem brilho. Na Ásia, as bolsas de Tóquio e de Hong Kong fecharam estáveis, enquanto Xangai caiu mais de 1%. O pregão europeu também abriu sem direção única e com oscilações estreitas. Nos demais mercados, o petróleo oscila em baixa, um dia após fechar no maior nível em cinco meses em meio à proximidade da temporada de furacões no Golfo do México, enquanto o dólar tenta ganhar terreno.


Dia de agenda mais fraca


Mais uma sondagem, desta vez, sobre a confiança na construção civil em agosto, será conhecida logo cedo (8h). Também merecem atenção as divulgações do BC sobre o setor externo (9h30) em julho e o fluxo cambial semanal (14h30). Nos EUA, saem os pedidos de bens duráveis (9h30) no mês passado e os estoques semanais de petróleo (11h30).


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