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Rali do mercado pode ser fake


O mercado financeiro segue no mesmo mote e amplia o rali dos últimos dias, em meio às expectativas em torno da reabertura econômica em vários países e a possibilidade de que surja uma vacina contra Covid-19. O sinal positivo prevalece entre os ativos de risco nesta manhã, com os investidores ignorando os riscos políticos, que se avolumam.


Os índices futuros das bolsas de Nova York têm ganhos firmes, com o Dow Jones caminhando para cravar uma nova tendência de alta (bull market). O próximo passo seria buscar o topo histórico, alcançado em fevereiro. As bolsas europeias também avançam, pela quarta sessão seguida, otimistas com a retomada das atividades no velho continente.


Já na Ásia, apenas Hong Kong caiu (-0,7%), em meio à escalada da tensão entre Estados Unidos e China, que teve um novo lance hoje após o Congresso Nacional do Povo endossar a criação da lei de segurança nacional em Hong Kong. A decisão ocorreu horas depois de Washington dizer que a ex-colônia britânica não é mais uma região autônoma.


Nos demais mercados, o petróleo cai pouco mais de 1%, com o barril dos tipos Brent e WTI voltando a se aproximar da faixa de US$ 30, ao passo que o dólar mede forças em relação às moedas rivais, perdendo terreno das divisas de países desenvolvidos, mas avançando frente às correlacionadas às commodities. O ouro sobe.


Era das Fake News


Em outra frente, a batalha entre a disseminação de fake news e a liberdade de expressão também ganha novos contornos. O presidente Donald Trump estaria pronto para assinar uma ordem executiva contra as empresas de mídia social, como Twitter e Facebook, limitando as proteções legais concedidas a elas na restrição da publicação de mensagens.


Ele ameaçou “regular” e até “fechar” plataformas e redes sociais, um dia após o Twitter ter rotulado mensagens de Trump por promoverem desinformação. Especialistas jurídicos consultados na imprensa internacional zombaram da capacidade do chefe da Casa Branca de moderar a mídia social.


Aqui, o presidente Jair Bolsonaro também usou o microblog para criticar a operação da Polícia Federal referente ao inquérito das fake news, que teve como alvo aliados e apoiadores, e aproveitou para atacar a Suprema Corte (STF). Para ele, “algo de muito grave” acontece na democracia. O deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, falou em “momento de ruptura”.


Portanto, a pergunta que fica é: o mercado financeiro vive uma nova onda de descolamento (decoupling) da realidade, em meio a tantas crises? Ou os investidores estariam projetando um cenário mais construtivo só por causa da liquidez jorrada pelos bancos centrais e os pacotes fiscais lançados por governos? Afinal, a maior de todas as crises, a de saúde pública, persiste.


O mundo ainda está “no meio da primeira onda” de contágio do coronavírus e o cenário de uma segunda onda de contaminação por Covid-19 ainda tem proporção e gravidade desconhecidas, sendo que a politização da doença acirrou os ânimos entre nações e a população. Mas ao que tudo indica, à medida que se transporta das principais economias para a periferia econômica, o vírus vai perdendo importância...


Com isso, mesmo com o Brasil registrando o maior número de casos e mortes pela doença no mundo, os mercados domésticos pegam carona no rali externo. E foi a redução da posição defensiva (hedge) em dólar - que caiu ontem pela sexta sessão seguida, já abaixo de R$ 5,30 - que abriu espaço para o Ibovespa avançar rumo aos 90 mil pontos.


Dia de agenda cheia


Já a agenda econômica do dia está carregada de divulgações relevantes. Aqui, merece atenção a taxa de desocupação (Pnad) atualizada até o mês passado - portanto, já sob efeito do impacto da pandemia de coronavírus na economia. A previsão é de que a taxa chegue a 13,5% no período entre fevereiro e abril deste ano, voltando aos níveis de 2017.


Esse salto deve refletir uma queda no número de empregados com carteira de trabalho assinada, após os dados de emprego formal (Caged) divulgados ontem mostrarem a eliminação de 1,1 milhão de vagas entre março e abril, combinado com um aumento dos trabalhadores por conta própria e sem carteira assinada, que no mês passado já somavam um contingente recorde, com quase 37 milhões de trabalhadores informais.


Os números oficiais serão conhecidos às 9h. Antes, às 8h, saem o resultado de maio do IGP-M, que deve desacelerar pelo segundo mês seguido, além do índice de confiança no setor de serviços neste mês. Depois, às 10h, o Tesouro Nacional divulga os resultados das contas públicas em abril.


Já no exterior, o destaque fica com a segunda leitura do PIB dos EUA no início deste ano. Na primeira estimativa, foi registrada queda de 4,8% da economia norte-americana entre janeiro e março e a expectativa é de que esse número se mantenha. A revisão será divulgada às 9h30.


No mesmo horário, saem os pedidos semanais de auxílio-desemprego feitos nos EUA, que devem continuar mostrando melhora, apesar de manter o ritmo de 2 milhões de solicitações em uma única semana. Também às 9h30 serão conhecidas as encomendas de bens duráveis nos EUA no mês passado. Depois, é a vez de novos dados do setor imobiliário (11h) e dos estoques semanais de petróleo bruto e derivados (12h).


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