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Quadro eleitoral segue indefinido


A pesquisa Ibope divulgada ontem à noite relativizou o quadro eleitoral apontado pelo Instituto MDA, mas não trouxe nenhuma novidade em relação à corrida presidencial, que segue indefinida. A única certeza é que o ex-presidente Lula é o principal concorrente na disputa, enquanto o candidato do mercado, o tucano Geraldo Alckmin, segue sem decolar.

Ainda que inelegível, o líder petista é o candidato capaz de levar Fernando Haddad ao segundo turno e derrotar o deputado Jair Bolsonaro, colocando o PT de volta ao poder. Tal cenário se configura nos maiores receios do mercado financeiro doméstico: o potencial de Lula em transferir votos para Haddad combinada com a não subida de Alckmin.

Segundo o Ibope, no cenário sem o líder petista, o candidato pelo PSL segue na liderança, com seu teto de 20%, seguido por Marina Silva (12%), que está empatada tecnicamente com Ciro Gomes (9%) que, por sua vez, também está em empate pela margem de erro com Alckmin (7%) que empata com Haddad (4%). No cenário com Lula, ele lidera com 37%.

O medo dos investidores decorre da preocupação com as contas públicas do país e o entendimento de que os candidatos mais à esquerda são menos comprometidos com o equilíbrio fiscal. O problema é que nem mesmo o presidenciável que está na ponta se mostra favorável ao teto de gastos ou às reformas estruturais nas manifestações em debates.

O mercado deve, então, redobrar a cautela com o cenário eleitoral, em meio à disputa totalmente em aberto e às dúvidas quanto ao plano de governo do presidente eleito para arcar com os compromissos do país a partir de 2019. Com isso, os negócios locais reagem hoje aos números do Ibope, já à espera do levantamento do Datafolha, amanhã.

Mais que isso, os investidores estão no aguardo do início da propaganda eleitoral na TV, no dia 31. Também há a expectativa pela impugnação da candidatura de Lula, o que pode acontecer até setembro. Na agenda econômica do dia, o calendário está esvaziado no Brasil e no exterior, trazendo apenas dados prévios da confiança da indústria neste mês (8h).

Lá fora, os investidores seguem otimistas de que Estados Unidos e China irão chegar a uma solução que evite a piora do conflito comercial, capaz de afetar o crescimento econômico global. Representantes do segundo escalão do governo dos dois países se reúnem amanhã e podem costurar um acordo para interromper a espiral de retaliações.

O mercado também dá o benefício da dúvida a uma quarta alta na taxa de juros norte-americana neste ano, após relatos de que o presidente dos EUA, Donald Trump, estaria insatisfeito com o ritmo constante de aperto no custo do empréstimo no país. Com isso, cresce a expectativa pelo discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell.

Na sexta-feira, os investidores estarão em busca de pistas sobre os pensamentos de Powell em relação à guerra comercial e ao potencial contágio da crise cambial na Turquia para outros mercados emergentes. Mais que isso, o foco estará nos planos de política monetária no curto prazo e se haverá alguma resposta do presidente do Fed aos comentários de Trump.

Nesta manhã, o dólar perde força em relação às moedas rivais, após Trump dizer que esperava “mais ajuda” do Fed e que não está “empolgado” com Powell. Os índices futuros das bolsas de Nova York têm oscilações estreitas, porém com um ligeiro viés positivo, mas com fôlego encurtado para estender a sequência de três dias seguidos de valorização.    

As principais bolsas europeias também abriram de lado, mas ensaiam ganhos, impulsionadas pela sessão de alta na Ásia. Nas commodities, o petróleo e os metais básicos tiram proveito da fraqueza do dólar e são cotados nos maiores níveis em uma semana. O ouro também avança, assim como o rendimento (yield) dos bônus norte-americanos.

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