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Mercado segue em clima de tensão


*Para ouvir um resumo dessas notícias, acesse o podcast.

2020 começa para valer nesta segunda-feira, dando início à primeira semana completa de negócios no mercado financeiro neste novo ano. Os investidores tentam manter o otimismo visto na virada do ano, mas eventos inesperados, como a escalada da tensão geopolítica no Oriente Médio, testam este bom humor, turvando o cenário positivo para os ativos de risco.


E o fim de semana foi de tensão na região, na esteira do ataque aéreo dos Estados Unidos em Bagdá que matou o general iraniano, Qassem Soleimani, principal liderança militar do país. O funeral dele, que foi acompanhado por uma multidão, deve durar quatro dias, enquanto o Irã e o presidente norte-americano, Donald Trump, trocaram ameaças.


Trump subiu o tom e disse ter na mira mais 52 alvos, falando em um “ataque desproporcional”. Já o país persa rompeu o acordo nuclear e afirmou que não haverá limites para o enriquecimento de urânio. Além disso, o Parlamento iraquiano pediu a retirada de tropas estrangeiras, mas Trump falou que os EUA só deixam o país se receberem pela base militar bilionária e prometeu impor sanções ao Iraque.


Em meio ao clima de tensão, explosões atingiram a base militar e área de embaixadas no Iraque no fim de semana, com os mísseis tendo como alvo tropas dos EUA no país. Portanto, o temor de retaliação persiste, o que mantém os investidores retraídos hoje, o que também deve abalar os negócios locais. A maior preocupação não envolve apenas a reação de Teerã, mas também uma resposta de Pequim e Moscou.


É bom lembrar que o ataque dos EUA em Bagdá ocorreu após uma tentativa de invasão da embaixada norte-americana na capital iraquiana, ao mesmo tempo em que Irã, Rússia e China faziam exercícios militares conjuntos na região. Além disso, foi Trump quem ordenou a ação, com vistas ao processo de impeachment e à reeleição.


Existem argumentos dos dois lados sobre o impacto da ordem de Trump, do ponto de vista interno. Mas sabe-se que confrontos bélicos tendem a aflorar o sentimento nacionalista na “América”, o que pode ser um grande trunfo para o republicano no pleito. Já os democratas devem tentar provar que houve abuso de poder e obstrução do Congresso, assim como no caso que investiga o envolvimento da Ucrânia na eleição presidencial deste ano.


Tensão nos mercados


Por ora, a situação no Oriente Médio é apenas monitorada pelo mercado financeiro, sem pânico. Mas prevalece certa cautela, diante dos riscos e incertezas ao cenário global. Ainda assim, os ativos mostram resiliência e resistem a uma maior realização de lucros, apesar da grande “gordura” acumulada após o rali estelar em 2019, principalmente em Wall Street e na Bolsa brasileira.


Nesta manhã, percebe-se um menor apetite por risco e, consequentemente, uma maior busca por proteção em ativos seguros. Os índices futuros das bolsas de Nova York recuam, após uma sessão de perdas na Ásia, pesando na abertura do pregão europeu, o que também deve contaminar o Ibovespa. Na outra ponta, ouro, títulos norte-americanos (Treasuries) e o petróleo avançam.


Enquanto o metal precioso saltou para o nível mais alto em mais de seis anos, o barril do petróleo tipo Brent, que é uma referência global, superou a marca de US$ 70. Já as ações da petrolífera da Arábia Saudita Saudi Aramco caíram quase 2%, atingindo o menor valor desde o mega IPO. Entre as moedas, o dólar está de lado em relação aos rivais.


Aliás, a alta do petróleo é um dos principais pontos de atenção do mercado financeiro, já que pode impactar nos preços de combustíveis e respingar na inflação - inclusive no Brasil - demandando ações mais duras (“hawkish”) por parte dos bancos centrais. Ao mesmo tempo, a escalada da tensão no Oriente Médio pode afetar o crescimento econômico, esfriando a recuperação da atividade global, que vinha animando os investidores.


Agenda ganha força


Aliás, a agenda econômica ganha relevância nesta semana, trazendo novos dados de atividade, desta vez, no setor de serviços, nos Estados Unidos e na zona do euro. Os números serão importantes para medir a saúde da economia global ao final de 2019, após o índice ISM da indústria norte-americana cair ao nível mais baixo desde junho de 2009.


Mas o destaque mesmo fica com as divulgações programadas para sexta-feira, quando saem dados oficiais sobre o mercado de trabalho nos EUA (payroll) e a inflação ao consumidor brasileiro (IPCA). Os números são importantes para calibrar as expectativas sobre os próximos passos do Federal Reserve e do Comitê de Política Monetária (Copom).


Confira a seguir os principais destaques desta semana, dia a dia:

*Horários de Brasília


Segunda-feira: A semana começa com a divulgação do relatório de mercado Focus (8h25), que pode trazer novas revisões nas estimativas para as principais variáveis macroeconômicas. No exterior, a agenda econômica traz dados de atividade no setor de serviços na zona do euro e nos EUA em dezembro, ao longo da manhã.


Terça-feira: A agenda econômica está mais fraca, trazendo apenas, no Brasil, os dados da Anfavea sobre a indústria automotiva no mês passado e no acumulado de 2019, enquanto nos EUA saem as encomendas às fábricas e a balança comercial, ambos em novembro. além do índice ISM de serviços em dezembro. Já na zona do euro, saem o índice de preços ao consumidor (CPI) e as vendas no varejo.


Quarta-feira: O calendário doméstico traz uma nova estimativa para a safra brasileira de grãos em 2019 e em 2020, além do índice de preços ao produtor (IPP) em novembro e o resultado de dezembro do IGP-DI. Já nos EUA, destaque para o relatório ADP sobre o número de postos de trabalho criados no setor privado no mês passado. No fim do dia, sai o CPI chinês.


Quinta-feira: O desempenho da indústria brasileira em novembro é o destaque da agenda nacional, enquanto no exterior, o foco se volta para a zona do euro, que divulgado a taxa de desemprego. Além disso, o Banco Central Europeu (BCE) publica a ata da reunião de dezembro.


Sexta-feira: A semana chega ao fim com dados sobre a inflação oficial ao consumidor brasileiro (IPCA) em dezembro e no acumulado de 2019 e sobre o mercado de trabalho nos EUA (payroll) no mês passado, com números sobre a geração de vagas, rendimentos e taxa de desemprego. Ainda na agenda doméstica do dia, saem a primeira prévia de janeiro do IGP-M e dados sobre o custos da construção civil.


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