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Mercado se defende após ataque dos EUA


O rali do mercado financeiro sofre um duro golpe hoje, diante da escalada da tensão geopolítica no Oriente Médio, que se torna um motivo para provocar uma forte realização de lucros nas bolsas, após iniciar 2020 com novos recordes. A morte do principal general do Irã após um ataque dos Estados Unidos em Bagdá, ordenado pelo presidente norte-americano Donald Trump, eleva o temor de retaliação por parte de Teerã e retrai os investidores, que adotam uma postura defensiva e buscam proteção em ativos seguros, evitando ficarem expostos ao risco antes do fim de semana.


As bolsas asiáticas reverteram os ganhos apurados durante a sessão e fecharam em baixa, ao passo que os índices futuros das bolsas de Nova York têm queda acelerada nesta manhã, ao redor de 1%, assim como as principais bolsas europeias, digerindo os desdobramento da morte de Qassem Soleimani, que era um dos homens mais poderosos do Irã. O chefe da milícia apoiada pelos iranianos, Abu Mahdi al-Muhandis, também foi morto, além de ao menos outras cinco pessoas.


Em reação, o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, disse que a morte de Soleimani amplia a motivação da resistência da jihad contra os EUA e Israel. Segundo ele, “uma vitória definitiva aguarda os combatentes da guerra santa”. Já o presidente iraniano, Hassan Rouhani, previu uma vingança, uma vez que o general era um dos cotados para sucedê-lo no cargo. Especialistas afirmam que dificilmente não haverá uma resposta militar por parte de Teerã, que decretou luto nacional de três dias.


Do outro lado, o Pentágono confirmou o bombardeio e disse que o ataque aconteceu “sob ordens do presidente” Trump, que busca a reeleição neste ano. O órgão culpou Soleimani por mortes de cidadãos dos EUA no Oriente Médio, afirmando que o objetivo de Washington era deter planos de futuros ataques iranianos. “Os militares dos EUA tomaram medidas defensivas decisivas para proteger diplomatas e representantes dos EUA no exterior, matando Qassem Soleimani”, afirmou em nota.


Diante disso, o mercado financeiro adota o modo risk-off, o que provoca uma fuga por segurança, em meio ao receio dos investidores de que a situação entre EUA e Irã irá piorar. O ouro avança mais de 1%, ao passo que o aumento da demanda reduz o rendimento (yield) dos títulos norte-americanos (Treasuries) de 10 anos. Já o petróleo é cotado nos maiores níveis desde meados de 2019, com o barril dos tipos WTI e Brent subindo mais de 3%, cada, cotados acima de US$ 60.


Ata do Fed em destaque


A agenda econômica deve ficar em segundo plano hoje, diante do noticiário geopolítico mais tenso. Ainda assim, merece atenção a ata da reunião de dezembro do Federal Reserve (17h). No encontro do mês passado, o Fed interrompeu o “ciclo preventivo” de cortes nos juros, após três quedas seguidas de 0,25 ponto porcentual na taxa básica, e indicou que não deve alterar a política monetária em 2020.


Ou seja, o plano de voo do Banco Central dos Estados Unidos não prevê nenhum estímulo monetário adicional, mas tampouco projeta uma mudança de rota, com novas subidas na taxa de juros, elevando o custo do empréstimo. Desse modo, o documento a ser divulgado hoje será importante para saber o que pode alterar essa postura suave (“dovish”) do Fed.


Afinal, o investidor sabe que não se deve lutar contra os BCs, quando as autoridades monetárias estão jorrando dinheiro no mercado por meio da expansão de seus balanços, recomprando ativos mais seguros. Com os bancos centrais na outra ponta do negócio, os players aproveitam para tomar risco, em busca de maiores retornos.


Além da ata do Fed, a agenda econômica norte-americana traz os índices ISM sobre a atividade nos setores industrial e de serviços nos Estados Unidos em dezembro, por volta das 12h. Também saem novos dados sobre o setor imobiliário no país, além dos estoques semanais de petróleo bruto e derivados (13h).


Já no Brasil, Ásia e Europa, o calendário do dia está esvaziado.


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