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Mercado recebe emprego antes de feriado


A véspera do fim de semana prolongado no Brasil (Dia da Independência) e nos Estados Unidos (Labour Day), por causa de feriados na próxima segunda-feira, traz como destaque a divulgação do relatório sobre o mercado de trabalho norte-americano em agosto. O chamado payroll ganha relevância porque será o primeiro a ser divulgado após o fim do auxílio emergencial de US$ 600 semanais aos desempregados.


O benefício expirou em 31 de julho e não foi renovado em meio ao impasse entre republicanos e democratas no Congresso. Ainda assim, a remoção desse apoio fiscal não deve impedir que a taxa de desemprego nos EUA caia abaixo de 10% pela primeira vez desde o início da crise provocada pela pandemia de coronavírus, refletindo a abertura de 1,2 milhão de vagas, conforme previsão.


Os dados oficiais serão conhecidos às 9h30 e são o grande destaque desta sexta-feira, já que a agenda econômica está esvaziada aqui e lá fora. Com isso, após uma reação inicial ao payroll, o mercado financeiro deve perder fôlego ao longo do dia e apresentar movimentações laterais, sem uma direção definida, ou mesmo engatar uma nova realização de lucros, dado o elevado apetite por risco desde o anúncio do Federal Reserve.


Como a autoridade monetária informou que não irá elevar a taxa de juros nos EUA tão logo, ao menos até que haja algum sinal de retomada do emprego e mesmo que a inflação cresça mais que o esperado, será importante observar a reação dos investidores ao payroll, em meio à preferência pela liquidez nos ativos financeiros, em detrimento aos sinais da economia. A tendência é de que esse descompasso fique ainda mais evidente.


Afinal, a mais recente mudança na estratégia de política monetária nos EUA é, no mínimo, imprudente e com potencial de prejudicar a recuperação econômica, ao não conseguir resolver os problemas cruciais causados pela disseminação da covid-19 no mundo. E quanto mais encorajados os investidores se sentirem em tomar risco em meio à injeção de liquidez sem precedentes, maior é a dúvida sobre a sustentabilidade do movimento.


Foi só um susto


Wall Street assustou o mundo ontem, em meio à forte onda vendedora (sell off) nas ações do setor de tecnologia, o que levantou dúvidas sobre o estouro de uma nova bolha “ponto com”. O índice Nasdaq caiu quase 5%, fechando abaixo dos 12 mil pontos, enquanto o S&P 500 teve a pior sessão desde junho, cedendo 3,5%.


Nesta manhã, porém, os índices futuros das bolsas de Nova York estão em alta, apagando as perdas registradas ontem à noite e sinalizando que a súbita queda das techs não significa que uma correção mais ampla está a caminho. Fica, então, a sensação de que grandes ralis costumam ter um fim feio - e foi o que aconteceu com o setor de tecnologia.


De qualquer forma, a alta recorde em Wall Street ridiculariza os esforços de bancos centrais e governos em superar a pior recessão econômica desde os anos 1930. Chega a ser irônica a “exuberância irracional” do mercado financeiro, enquanto economias têm dificuldades para se reerguer, com o desempenho dos ativos muito à frente da atividade real.


E esse descompasso cria um risco significativo de mais correções, a depender do impacto econômico da pandemia em um ambiente global já frágil. Mas essa tentativa de recuperação ensaiada pelas bolsas de Nova York anima as principais bolsas europeias, que abriram no terreno positivo, após uma sessão de perdas moderadas na Ásia. Enquanto isso, o dólar mede forças em relação aos rivais e o petróleo avança.


Tudo isso a despeito da perda de tração nas encomendas às fábricas alemãs, que subiram pelo terceiro mês seguido em julho, em +2,8%, menos que a previsão de alta de 5% e após um salto de 28,8% em junho. Em base anual, houve uma queda de 7,3%. Os novos pedidos à manufatura na Alemanha estão 8,2% abaixo do nível de fevereiro.


Trata-se de mais um indicador que sinaliza que após a recuperação rápida e acelerada da economia global entre maio e junho, vindo de uma queda abrupta entre março e abril, a atividade vem desacelerando desde a virada do semestre, em meio à fraca demanda (interna e externa), diante do desemprego elevado. Por isso, o payroll ganha relevância.


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